Transporte ferroviário na Albânia

O sistema ferroviário da Albânia tem uma extensão de 423 km em bitola internacional (1,435m) sendo administrada pela estatal Hekurudha Shqiptarë (literalmente: Caminho de ferro da Albânia) conhecida pela sigla HSH. Sua única ligação internacional é com Montenegro, embora essa conexão ferroviária entre os dois países seja somente utilizada no transporte de cargas.[1]

Locomotiva classe T-669 da HSH no percurso Tirana-Durrës.

História editar

Pré 1947 editar

A história ferroviária da Albânia é recente, apesar de antes da década de 1940 existirem trechos de linhas de bitola estreita que foram destruídos durante a Primeira e a Segunda Guerra Mundial. Na Década de 1910 havia cerca de 300 km de ferrovias na Albânia que possuíam as bitolas de 0,60 e 0,75 m. Esses sistema ferroviário foi utilizado até o fim da década de 1920. Essas linhas eram em sua maior parte de empresas mineradoras.[2]

A retomada do transporte ferroviário editar

 
A Ponte Bushtrica localizada ao sul da cidade de Librazhd, no leste da Albânia, é a mais alta (47 metros) e extensa ponte do país (construída em 1973.
 
Estação ferroviária de Lezhë. Embora esteja em condições precárias, essa linha ainda é utilizada pela Hekurudha Shqiptarë.

Em 7 de novembro de 1947 foi inaugurado pelo regime comunista de Enver Hoxha o primeiro trecho ligando as cidades de Durrës e Peqin. Durante os anos 50 em razão da influência soviética sobre o país, a Albânia começar a receber material rodante da União Soviética e do leste europeu. Em 1957 chegam as primeiras locomotivas a diesel do país (a maioria adquirida da empresa checa ČKD), e durante a década de 1960 o processo de implantação da tração diesel chegou ao seu auge.

Entre o fim da década de 1960 e o início da década de 1970 é construída a primeira ferrovia sobre as montanhas do país ligando Elbasan à Prrenjas.

Apesar desses avanços, o regime albanês de de Hoxha fica completamente isolado em relação ao mundo quando rompe relações com a União Soviética e com o bloco comunista, o que prejudica a obtenção de peças e equipamentos para manutenção da rede ferroviária.

Foi somente após a morte de Hoxha que a Albânia constituiu a sua primeira ligação ferroviária internacional, feita com o então estado de Montenegro da Iugoslávia em 1986.

Durante a década de 1990 ocorre a queda do regime comunista além de uma grave crise económica atingir o país em 1997 o que origina uma revolta popular onde trens e estações são depredados e incendiados. Nesse mesmo ano a ligação ferroviária internacional entre Albânia e Iugoslávia (atual Montenegro) tem seus trilhos retirados (essa ligação seria reconstruída em 2002).[3]

Desde 2000 a Hekurudha Shqiptarë deixou de ser uma empresa estatal, tornando-se uma sociedade anônima pertencente ao estado albanês. Recentemente o monopólio da HSH foi quebrado sendo permitida a exploração do transporte de cargas por outras empresas.[3]

Atualmente a rede ferroviária albanesa depende de um investimento considerável. O material rodante está se tornando obsoleto e o governo albanês até agora recorre a soluções de emergência (como a aquisição de material rodante de segunda mão da Alemanha, República Checa e Rússia, por exemplo). Embora o limite de velocidade da rede ferroviária albanesa seja de 80 km/h, a edição de 2007 do guia de horários europeu Thomas Cook European Rail Timetable informa que uma viagem entres Shkodër até Tirana (98 km) leva cerca de 3h30m.

O código UIC da Albânia é 41.

 

Cobertura da rede editar

Rede ferroviária - Hekurudha Shqiptarë
     
desde Podgorica (somente até Fracht)
     
Han i Hotit – fronteira com Montenegro
     
(somente até Fracht)
     
Shkodër
     
     
Lezhë
     
     
Milot
     
     
Rubik (somente até Fracht)
     
Vora
     
     
Tirana
     
Durrës
     
Ferry boat até Durrës
     
Kavajë
     
     
Rrogozhina
     
     
Elbasan
     
     
Librazhd
     
     
Gur i kuq
     
Lushnja
     
     
Fier
     
     
Ballsh (somente até Fracht)
     
     
Vlora

O sistema de transporte de passageiros da HSM é constituído pelas seguintes linhas:

-ShkodërMilotVorëDurrësRrogozhinëFierVlorë

-Vorë–Tirana

-Rrogozhinë–ElbasanPogradec

Os trilhos da linha Milot-Rubik-Rrëshen foram parcialmente removidos durante a separação de Montenegro. O sistema de transporte ferroviário foi amplamente promovido pelo regime de Hoxha, durante o qual o uso de transporte privado era proibido.

Após a queda do regime, o uso de automóveis e ônibus cresceu consideravelmente, embora algumas rodovias do país estejam em mau estado. Recentemente uma rodovia foi construída entre Tirana e Durrës, diminuindo a importância da ferrovia.

Trechos abertos ao tráfego editar

Trecho Data de Abertura
Durrës - Peqin 7 de novembro de 1947
Shkozet - Tirana 23 de fevereiro de 1949
Peqin - Kraste; Paperr - Cerrik 22 de dezembro de 1950
Vorë - Lac 7 de maio de 1963
Rrogozhine - Fier 13 de outubro de 1968
Kraste - Librazhd 20 de março de 1972
Librazhd - Prenjas 10 de março de 1974
Fier - Ballsh 9 de março de 1975
Prenjas - Pogradec julho de 1979
Lac - Lezhë abril de 1981
Lezhë - Shkodër 11 de novembro de 1981 (trens de passageiros desde 25 de janeiro de 1982)
Shkodër - Hani i Hotit 11 de janeiro de 1985 (tráfego regular a partir de 6 de agosto de 1986)
Fier - Narte janeiro de 1985 (trens de passageiros desde 14 de outubro de 1985)
Narte - Vlorë 14 de outubro de 1985
Milot - Rreshen 1989 (trens de passageiros desde 7 de janeiro de 1985)
Shkodër - Bajzë reaberto em fevereiro de 1996 sendo destruído em 1997 durante a revolta popular de 1997
Bajzë - Han-i-Hotit reabertura cancelada em 15 de novembro de 1996
Bajzë - Han i Hotit reaberto para cargas em 6 de março de 1997 sendo destruído durante a revolta popular de 1997
Bajzë - Hani i Hotit reaberto para cargas em abril de 2002, após ser fechado em 1997
Shkodër - Bajze reaberto em 6 de março de 2003

Referências

  1. Hekurudha Shqiptarë (2009). «Length of tracks - end of year». União Internacional de Caminhos de Ferro. Consultado em 11 de setembro de 2020 
  2. «Pre-1930 760mm-gauge Network». HSH Albanian Railways. Consultado em 11 de setembro de 2020 
  3. a b «Correspondent's diary, Day three: Albania's long-suffering railways». The Economist. 19 de julho de 2010. Consultado em 11 de setembro de 2020 

Ligações externas editar