Tratado de Gante

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O Tratado de Gante, firmado em 24 de Dezembro de 1814 em Gante, na actual Bélgica, foi o tratado de paz que pôs fim à Guerra de 1812 entre os Estados Unidos da América e o Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda. O tratado repôs, em grande medida, o status quo ante bellum entre os dois países. Devido à lentidão das comunicações na época, a nova do tratado de paz só chegou à América duas semanas mais tarde, bem depois da Batalha de Nova Orleães.[carece de fontes?]

Placa comemorativa no edifício da Veldstraat, em Gante, em que o tratado foi negociado

Antecedentes editar

A delegação britânica compunha-se de William Adams, James Lord Gambier e Henry Goulburn, diplomatas de segunda ordem. As reuniões foram muitas vezes adiadas por uma semana ou mais, dado que os diplomatas britânicos não estavam mandatados para efectuar negociações directas e tinham que esperar por ordens de Londres, ao passo que a delegação americana, composta de John Quincy Adams, James A. Bayard, Sr., Henry Clay, Albert Gallatin e Jonathan Russell como assistente, dispunha de plenos poderes para negociar.[carece de fontes?]

Os Estados Unidos tinham fracassado nas suas tentativas de invasão do Baixo Canadá e do Alto Canadá, enquanto o Reino Unido não tinham obtido êxitos significativos, tirando o incêndio de Washington e ataques de retaliação em solo americano. Os partidários da guerra no Congresso queriam conquistar o Canadá e a Florida.[1]

O acordo editar

O tratado obrigava à libertação de todos os prisioneiros de guerra e à devolução de todos os territórios e embarcações tomados, o que equivalia a restituir aos Estados Unidos cerca de 10 000 000 acres de território perto do Superior e do Michigan, no Maine e nas margens do Oceano Pacífico.[2] O tratado não alterou substancialmente a situação anterior à guerra, mas incluía uma série de promessas. O Reino Unido comprometia-se a devolver os escravos capturados, mas em vez disso pagou, anos mais tarde, £ 250 000 aos Estados Unidos.[3] A proposta britânica de criar uma zona tampão índia no Ohio e no Michigan foi abandonada quando a coligação das tribos índias se desagregou. Os Estados Unidos ignoraram as garantias que tinham dado no artigo IX quanto ao tratamento dos índios pelos americanos.[4]

Rescaldo editar

Os combates cessaram imediatamente após a chegada aos Estados Unidos da notícia da assinatura do tratado, isto é, já depois da vitória americana na Batalha de Nova Orleães e da vitória britânica na Batalha de Fort Bowyer, mas antes da investida britânica contra Mobile, Alabama.[carece de fontes?]

O Senado dos EUA ratificou o tratado por unanimidade em 16 de Fevereiro de 1815, e o presidente James Madison trocou os documentos de ratificação com um diplomata britânico em Washington em 17 de Fevereiro; o tratado foi promulgado em 18 de Fevereiro. Onze dias depois, em 1 de Março, Napoleão escapou da Ilha de Elba, reacendendo o conflito na Europa e obrigando os britânicos a concentrar-se na nova ameaça.[carece de fontes?]

Referências

  1. American Military History, Army Historical Series, Ch. 6, p. 123, afirma que "enquanto o partido pró-guerra do Oeste defendia o conflito na esperança de conquistar o Canadá, a população da Geórgia, do Tennessee e do Território do Mississippi nutria ambições semelhantes quanto à Florida, um território espanhol".[1]
  2. W.G. Dean; et al. (1998). Concise Historical Atlas of Canada. [S.l.: s.n.] 
  3. Lindsay, Arnett G. "Diplomatic Relations Between the United States and Great Britain Bearing on the Return of Negro Slaves, 1783-1828." Journal of Negro History. 5:4 (October 1920); Knight, Charles. The Crown History of England. Oxford, England: Oxford University, 1870.
  4. «Avalon Project - British-American Diplomcay : Treaty of Ghent; 1814». avalon.law.yale.edu. Consultado em 6 de fevereiro de 2017 

Fontes editar

  • American Military History: Army Historical Séries. Chapter 6: The War of 1812. Center of Military History, U.S. Army, Washington, DC, 1989. Official US Army history, available online.
  • Bemis, Samuel Flagg. John Quincy Adams and the Foundations of American Foreign Policy (1950).
  • A. L. Burt. The United States, Great Britain and British North America from the Revolution to the Establishment of Peace after the War of 1812, 1940 (Online Edition.
  • Engelman, Fred L. The Peace of Christmas Eve (1962), popular account; online excerpt from American Heritage Magazine (Dec 1960) v 12#1.
  • Donald R. Hickey. The War of 1812: A Forgotten Conflict (1990) pp. 281–98.
  • Perkins, Bradford. Castelereagh and Adams: England and the United States, 1812-1823, 1964.
  • Robert Vincent Remini. Henry Clay: Statesman for the Union (1991) pp. 94–122.

Ligações externas editar

 
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