Tuvalu

país insular na Oceania

Tuvalu (pronúncia em português[tuvaˈlu]; pronúncia em inglês[tuːˈvɑːluː, ˈtuːvəluː]) é um Estado da Polinésia formado por um grupo de nove ilhas e atóis, antigamente chamado Ilhas Ellice. Tem fronteiras marítimas com o Quiribáti, a norte e a nordeste; com o território neozelandês de Toquelau, a leste; com Samoa, a sudeste; com o território francês de Wallis e Futuna a sul; e com Fiji, também a sul. Fica estrategicamente localizado no sul da Oceania. A oeste o vizinho mais próximo são as Ilhas Salomão, mas a distância entre os dois grupos de ilhas é considerável (cerca de 900 quilômetros).


Tuvalu
Bandeira do Tuvalu
Brasão de Armas de Tuvalu
Brasão de Armas de Tuvalu
Bandeira Brasão de armas
Lema: "Tuvalu mo te Atua" (Tuvalu para o todo poderoso)
Hino nacional: Tuvalu mo te Atua
Gentílico: tuvaluano(a)[1]

Localização do Tuvalu
Localização do Tuvalu

Localização do Tuvalu
Capital Funafuti
Cidade mais populosa Funafuti
Língua oficial Tuvaluano e inglês
Religião oficial Cristianismo
Governo Monarquia constitucional
• Monarca Carlos III
• Governador-geral Tofiga Vaevalu Falani
• Primeiro-ministro Feleti Teo[2]
Independência do Reino Unido 
• Data 1 de outubro de 1978 
• Constituição 1978 
Área  
  • Total 26 km² (191.º)
 • Água (%) Insignificante
População  
  • Estimativa para 2020 11 342[3] hab. (195.º)
 • Urbana 54% hab. 
 • Densidade 450 hab./km² (14.º)
PIB (base PPC) Estimativa de 2007
 • Total US$ 86,45 milhões 
 • Per capita US$ 1 600 (161.º)
IDH (2013) 0,590 (178.º) – médio[4]
Moeda Dólar tuvaluano e dólar australiano (TUV)
Fuso horário UTC +12
 • Verão (DST) vários
Cód. ISO TUV
Cód. Internet .tv
Cód. telef. +688
Website governamental www.gov.tv

O atol de Funafuti, principal centro do arquipélago, é formado por mais de 30 ilhas. 92% da população é tuvaluana, já 8% é formada por outros grupos polinésios, principalmente os que vêm de Quiribáti.

Tuvalu divide-se administrativamente em nove ilhas.

O nome "Tuvalu" significa "grupo de oito", na língua tuvaluana, e simboliza suas oito ilhas que originalmente eram habitadas.

História editar

 Ver artigo principal: História de Tuvalu

Os primeiros habitantes chegam provavelmente no século XIV, provenientes de Samoa. Os atóis de coral que compõem Tuvalu eram inicialmente uma colônia espanhola, denominada Ilhas de Laguna. Com o nome de Ilhas Ellice, tornam-se protetorado britânico em 1892. A possessão é unida a outro arquipélago, em 1915, ao formar a Colônia das Ilhas Gilbert e Ellice (atual Quiribáti). Em 1978 tornam-se independentes, com o nome de Tuvalu. A nação adota uma nova bandeira em 1995 e elimina dela o símbolo da Comunidade Britânica. A medida provoca insatisfação popular contra o primeiro-ministro Kamuta Latasi. Em 1996, um voto de desconfiança no Parlamento derruba Latasi, e Bikenibeu Paeniu é eleito para o cargo, restaurando a bandeira anterior. Paeniu renuncia em 1999 e é substituído por Ionatana Ionatana.

Em 2000, é iniciada a concessão, pelo país, do direito de uso de seu domínio na internet, .tv, a uma empresa norte-americana. O acordo que prevê o pagamento de 50 milhões de dólares em royalties durante dez anos, deve fazer o Produto Interno Bruto (PIB) do país crescer mais de 50% no período. Ionatana morre em dezembro de 2000.

Em 2003, o primeiro-ministro Saufatu Sopoanga é acusado pela oposição de protelar a convocação do Parlamento, a fim de evitar uma votação de uma moção de desconfiança contra seu governo, suspeito de má utilização do dinheiro público. No ano seguinte, é aprovada a moção de desconfiança que põe fim no governo de Soaponga. O chefe de governo passa a ser Maatia Toafa. Em 2005, Filoimeia Telito assume o cargo de governador-geral. Após as eleições gerais de 2006, Apisai Ielemia é escolhido novo primeiro-ministro.

Em setembro de 2007, Tavau Teii, o vice-primeiro-ministro, declara que os grandes poluidores mundiais devem indenizar Tuvalu, em virtude dos impactos das mudanças climáticas no arquipélago. Teii sugere, em encontro da ONU sobre o aquecimento global, que o auxílio a países vulneráveis da região venha de impostos sobre viagens aéreas e fretes de cargas marítimas.

A Segunda Guerra Mundial em Tuvalu editar

A Segunda Guerra Mundial atingiu o Oceano Pacífico em dezembro de 1941 quando os japoneses atacaram a base militar de Pearl Harbor no Havaí. Com potente armamento militar, o objetivo do Império Japonês era conquistar todo o sudeste asiático e invadiram também as Ilhas Salomão. Quiribáti também foi conquistado pelos japoneses, que não encontraram resistência no local. Todos os movimentos dos japoneses eram observados pelos coastwatchers, ou observadores costeiros, que enviavam relatórios aos americanos permitindo aos mesmos a confecção de estratégias militares.

De Quiribáti os japoneses partiram para o sul em Tuvalu, mas as perdas na Batalha de Midway atrasaram os seus planos, o que permitiu aos americanos tomar a ilha pelo norte, uma ação tão bem guardada que os japoneses só foram saber da ocupação em março de 1943, quase 5 meses depois do início das ocupações. Num período de quase seis meses (27 de março a 17 de novembro de 1943) os japoneses atacaram o arquipélago nove vezes, sendo que na primeira mataram um civil e seis americanos, não causando assim danos consideráveis.

Alguns americanos não morreram em batalhas mas por infortúnios, como testes com aviões e por uma tempestade que fez desaparecer um esquadrão inteiro com quatro aviões em janeiro de 1944.

Em meados de 1944 a guerra mudou de localização mais para o norte e os soldados começaram a desocupar a ilha, que chegou a hospedar 6 mil militares, que partiram levando todos os equipamentos que trouxeram consigo.

Após a desocupação da ilha a população sofreu com a falta de produtos básicos, como tabaco, querosene, pano e farinha devido a dificuldade no acesso às ilhas.

A Segunda Guerra Mundial foi um breve e dramático episódio na história de Tuvalu, impactando diretamente no quotidiano das pessoas. Pôs fim ao regime colonial e foi fundamental para que fosse declarada a independência de Tuvalu.

Ameaça de desaparecimento editar

Devido ao aquecimento global, o pequeno território do país corre o risco de ser submerso pelas águas oceânicas. Tal risco tem sido muito divulgado pelos ambientalistas como um exemplo das consequências das emissões descontroladas de gases poluentes na atmosfera terrestre causadores do efeito estufa. Grande parte das ilhas não passam dos 7 metros de altura.

Geografia editar

 Ver artigo principal: Geografia de Tuvalu
 
A vista costeira da cidade de Funafuti.

Tuvalu é um grupo de nove atóis coralinos que se estendem ao longo de 560 km, de noroeste a sudeste, situadas na Polinésia, numa área marítima de 1 060 000 km². Ligeiramente ao sul do equador, o arquipélago está situado a cerca de 4 mil km a nordeste da Austrália, a sul das Ilhas Gilbert, localizado aproximadamente a 8º S, 178º E.

Atóis formados por mais de uma ilha:

Atóis formados por uma única ilha:

O clima de Tuvalu é tropical, com solos muito afetados pela erosão. O relevo é totalmente plano. As praias tuvaluanas são cobertas de areias finas e palmeiras.

Demografia editar

A pequena população de Tuvalu é quase exclusivamente de origem polinésia, falantes da língua tuvaluana (que é uma das línguas oficiais e unicamente falada por esta população); o inglês também é a língua oficial de Tuvalu.

Religião editar

Atualmente, 97% da população professam o Cristianismo, que é compartilhado pelas denominações do protestantismo e do catolicismo romano. Enquanto os outros 3% professam outras religiões.

Política editar

 Ver artigo principal: Política de Tuvalu
 

O Rei Carlos III do Reino Unido é o atual Monarca de Tuvalu.

Tuvalu é uma monarquia constitucional, com sendo o chefe de estado o monarca do Reino Unido, presentemente Carlos III. O monarca é representado por um Governador-Geral, que é nomeado por sugestão do primeiro-ministro.

O parlamento, denominado "Fale I Fono", tem 15 membros eleitos para mandatos de quatro anos. Os deputados elegem um primeiro-ministro. Embora não haja partidos políticos e as campanhas eleitorais sejam feitas com base em relações pessoais ou familiares, os tuvaluanos levam tudo a sério.

Subdivisões editar

 Ver artigo principal: Distritos de Tuvalu

A pequena população tuvaluana está distribuída por 9 ilhas, (5 são atóis). A menor ilha, Niulakita, ficou inabitada até ser recolonizada por povos da ilha de Niutao, em 1949.

Economia editar

 Ver artigo principal: Economia de Tuvalu
 
Principais produtos de exportação de Tuvalu em 2019 (em inglês).

Os principais produtos exportados por Tuvalu são copra, pândano e têxteis. A pesca e o cultivo de palmeiras são atividades tradicionais.

Tuvalu é conhecido por suas atividades econômicas curiosas. Em 1998, Tuvalu começou a receber receitas resultantes da venda dos seus direitos ao código internacional de telefone "900" e, em 2000, da venda do seu domínio de internet .tv por quatro milhões de dólares ao ano.

Tuvalu também recebe receitas com a venda de sua bandeira para barcos internacionais e com as emissões de selos para colecionadores.

O turismo é muito precário, pois existe apenas um hotel no país, localizado em Funafuti. Destacam-se também os serviços financeiros

Há alguns anos descobriu-se uma montanha marítima rica em corais rosas e outros diversos tipos de minerais, mas a exploração por enquanto ainda não começou. Há grandes perspectivas quanto ao começo dessa exploração, pois arrecadaria mais receitas para este minúsculo país da Oceania. O dólar de Tuvalu tem paridade com o dólar australiano.

Comunicações editar

Não há estações de TV em Tuvalu. As principais notícias chegam através de um jornal quinzenal, ou através de estações de rádio do governo. Tuvalu também tem receitas na emissão de moedas em metais como ouro e prata, para colecionadores, cunhadas na Austrália sob autorização do governo de Tuvalu.

Transportes editar

Quase não existem veículos no país, onde os principais meios de transporte são as motos e as bicicletas por via terrestre, e os barcos por via marítima.

Existe somente um aeroporto na capital do país para pequenos aviões que é o Funafuti International Airport.

Cultura editar

 
Roupas casuais dos antigos nativos polinésios habitantes de Tuvalu

Não há museus no país, mas as próprias ilhas são o melhor museu, pois arte e cultura ancestral e a sua impressionante beleza e natureza podem ser apreciadas.

A arquitetura tradicional utiliza telhado de palha e elementos naturais. No artesanato local sobressaem os cestos e os enfeites para o cabelo feitos a base de flores, assim como bijuteria manufaturada. Tuvalu também possuí três parques, que tem a ideia e preservar zonas florestadas no pequeno país. Os plásticos e as latas de Tuvalu são colocados num sítio determinado, para serem retirados e não sujarem as ilhas. Também estão a procurar obter assistência do Fundo Mundial para o Ambiente (FMA) para os ajudarem a tentar resolver o problema da erosão em Tuvalu.

Foi divulgado que Tuvalu é o país que menos polui, apesar de ser o primeiro que vai sofrer com os danos causados pelo aquecimento global, causado principalmente pela emissão de gases como o dióxido de carbono - emitido principalmente na queima de combustíveis fósseis e florestas -, o metano - emitido principalmente pela decomposição de dejetos orgânicos que aumenta com a superpopulação e a pecuária, a rizicultura, o apodrecimento de florestas causados por inundações - e o óxido nitroso - emitido principalmente pelo uso de certos fertilizantes químicos e pesticidas na agricultura.

Esporte editar

Um tradicional esporte jogado em Tuvalu é o kilikiti, semelhante ao críquete. É jogado com 2 bolas de 12 centímetros de diâmetro.

Esportes mais comuns, como futebol, ciclismo e rugby também são praticados no país, como atividades recreativas. Tuvalu tem uma equipe nacional de futebol e compete oficialmente, apesar de não ser um membro da FIFA. No entanto, não existem registros de uma equipe de rugby, que continua subdesenvolvido no país.

Tuvalu entrou nos Jogos Olímpicos de Verão pela primeira vez em 2008, na China. O arquipélago enviou três atletas em dois eventos.

Ver também editar

 
Wikcionário
O Wikcionário tem o verbete Tuvalu.

Referências

  1. «tuvaluano». Vocabulário Ortográfico Português. Instituto de Linguística Teórica e Computacional &ndashPortal da Língua Portuguesa. Consultado em 22 de março de 2012 
  2. https://www.npr.org/2024/02/26/1233847303/tuvalu-names-feleti-teo-as-its-new-prime-minister
  3. «Population, total». The World Bank. Consultado em 19 de maio de 2021 
  4. Quality of Life, Balance of Powers, and Nuclear Weapons (2015) Avakov, Aleksandr Vladimirovich. Algora Publishing.

Bibliografia editar

Biodiversidade
Cultura, costumes e tradições
  • Barkås, Sandra Iren, Alofa – Expressions of Love: Change and Continuity in Tuvalu (2013)
  • Brady, Ivan, (1972) Kinship Reciprocity in the Ellice Islands, Journal of the Polynesian Society 81:3, 290–316
  • Brady, Ivan, (1974) Land Tenure in the Ellice Islands, in Henry P. Lundsaarde (ed). Land Tenure in Oceania, Honolulu, University Press of Hawaii. ISBN 0824803213 ISBN 9780824803216
  • Chambers, Keith & Anne Chambers, (January 2001) Unity of Heart: Culture and Change in a Polynesian Atoll Society, Waveland Pr Inc. ISBN 1577661664 ISBN 978-1577661665
  • Corlew, Laura Kati (maio de 2012). The Cultural Impacts of Climate Change (PDF) (PhD). University of Hawaii. Consultado em 15 de setembro de 2016 
  • Kennedy, Donald Gilbert, Field Notes on the Culture of Vaitupu, Ellice Islands (1931): Thomas Avery & Sons, New Plymouth, N.Z.
  • Kennedy, Donald Gilbert, Land tenure in the Ellice Islands, Journal of the Polynesian Society., Vol. 64, no. 4 (Dec. 1953):348–358.
  • Koch, Gerd, (1961) Die Materielle Kulture der Ellice-Inseln, Berlin: Museum fur Volkerkunde; a tradução para o inglês de Guy Slatter foi publicada como The Material Culture of Tuvalu, University of the South Pacific in Suva (1981) ASIN B0000EE805.
História
  • Hedley, Charles (1896). «General Account of the Atoll of Funafuti» (PDF). Australian Museum Memoir. 3 (2): 1–72. doi:10.3853/j.0067-1967.3.1896.487 
  • Tuvalu: A History (1983) Isala, Tito and Larcy, Hugh (eds.), Institute of Pacific Studies, University of the South Pacific and Government of Tuvalu.
  • Bedford, R., Macdonald, B., & Munro, D., (1980) Population Estimates for Kiribati and Tuvalu, 1850–1900: Review and Speculation, Journal of the Polynesian Society, 89, 199–246.
  • Bollard, AE., (1981) The financial adventures of J. C. Godeffroy and Son in the Pacific, Journal of Pacific History, 16: 3–19.
  • Firth, S., (1973) German Firms in the Western Pacific Islands, 1857–1914, Journal of Pacific History, 8: 10–28.
  • Geddes, W. H., Chambers, A., Sewell, B., Lawrence, R., & Watters, R. (1982) Islands on the Line, team report. Atoll economy: Social change in Kiribati and Tuvalu, No. 1, Canberra: Australian National University, Development Studies Centre.
  • Goodall, N. (1954) A history of the London Missionary Society 1895–1945, London: Oxford University Press.
  • Macdonald, Barrie, (1971) Local Government in the Gilbert and Ellice Islands 1892–1969 – part 1, Journal of Administration Overseas, 10, 280–293.
  • Macdonald, Barrie, (1972) Local Government in the Gilbert and Ellice Islands 1892–1969 – part 2, Journal of Administration Overseas, 11, 11–27.
  • Macdonald, Barrie, (2001) Cinderellas of the Empire: Towards a History of Kiribati and Tuvalu, Institute of Pacific Studies, University of the South Pacific, Suva, Fiji. ISBN 982-02-0335-X (Australian National University Press, first published 1982).
  • Munro, D, Firth, S., (1986) Towards Colonial Protectorates: The Case of the Gilbert and Ellice Islands, Australian Journal of Politics and History, 32: 63–71.
  • Maude, H. E., (1949) The Co-operative Movement in the Gilbert and Ellice Islands (Technical Paper No. 1), South Pacific Commission, Sydney.
  • Suamalie N.T. Iosefa, Doug Munro, Niko Besnier, (1991) Tala O Niuoku, Te: The German Plantation on Nukulaelae Atoll 1865–1890, Published by the Institute of Pacific Studies. ISBN 9820200733.
  • Pulekai A. Sogivalu, (1992) A Brief History of Niutao, Published by the Institute of Pacific Studies. ISBN 982020058X.
Linguagem
Música e dança
  • Christensen, Dieter, (1964) Old Musical Styles in the Ellice Islands, Western Polynesia, Ethnomusicology, 8:1, 34–40.
  • Christensen, Dieter & Gerd Koch, (1964) Die Musik der Ellice-Inseln, Berlin: Museum fur Volkerkunde.
  • Koch, Gerd, (2000) Songs of Tuvalu (translated by Guy Slatter), Institute of Pacific Studies, University of the South Pacific. ISBN 9820203147 ISBN 978-9820203143

Ligações externas editar

  • «Tuvalu-News». , canal de notícias locais de Tuvalu mantido pela Tuvalu Media Corporation, empresa patrocinada pela ONG japonesa Tuvalu-Overview. (em inglês) 
  • «Tuvalu Islands». , website independente mantido por Brian Cannon. Contém muitas informações a respeito de Tuvalu. (em inglês)