Uádi Halfa

cidade no extremo norte do Sudão
Uádi Halfa
Geografia
País
Estado
Altitude
187 m
Coordenadas
Mapa

Pronunciação

Uádi Halfa (Wadi Halfa) é uma cidade e um dos quatro distritos do Estado do Norte, no Sudão. Localizada no extremo norte do país, encontra-se na margem leste do rio Nilo, a 10 km donde estava a segunda catarata, ao sul da fronteira egípcia.[1] Está nas proximidades do Saliente de Uádi Halfa.[2]

História editar

Evidências arqueológicas indicam que há assentamentos na área desde os tempos antigos,[3] sendo que o primeiro registro data do período do Império Médio do Egito. Há também registros de uma colônia egípcia no local chamada Buém (que existiu na margem oposta do rio),[1] tendo sido muito importante no período romano.[1]

A cidade moderna de Uádi Halfa começou a ser erguida ao lado das ruínas de Buém no século XIX, quando se tornou um porto no Nilo para navios a vapor de Assuão para Cartum.[4][5] Durante a conquista turco-egípcia de 1820, Uádi Halfa foi usada como ponto de parada para as tropas que se dirigiam para o sul.[6]

As comunicações se desenvolveram na segunda metade do século XIX, com a instalação da linha telegráfica Cabo-Cairo, concluída em 1866. Logo após, várias tentativas malfadadas de construir uma ferrovia para a cidade sudanesa de Querma, mais ao sul, foram feitas em 1873 e 1877. A linha férrea, hoje parte da inconclusa Ferrovia Cabo–Cairo, foi concluída 1887 e abandonada em 1905. Foi retomada na década de 1910.[4]

Em 1956, a cidade registrava uma população de 11.000. Em 8 de novembro de 1959, a assinatura do Acordo de Água do Nilo, entre Sudão e República Árabe Unida, trouxe muito debate sobre o destino da área, dado que havia a previsão de ser inundada após a criação da Barragem de Assuão. Isto afetaria diretamente cerca de 52.000 pessoas, que teriam que ser reassentadas durante um período de quatro anos a partir de 1960.[7] Os mais afetados foram os núbios que se manifestaram contra serem reassentados. O governo foi rápido em suprimir a agitação, colocando Uádi Halfa sob lei marcial e encerrando as comunicações com o resto do país.[7]

A cidade velha, a antiga Buém, foi completamente destruída após a construção da Represa Alta de Assuão, devido a inundações em 1964. A maior parte da cidade foi realocada para as proximidades da localidade de Kassala e, em 1965, a população de Nova Halfa era de apenas 3.200 pessoas. Durante toda década de 1970, foi o foco das atividades arqueológicas para salvar os monumentos egípcios da inundação do lago Nasser (o reservatório formado acima da barragem de Assuão).[1]

Economia editar

É um centro agrícola e comercial que serve o Egito e o Sudão. Historicamente relacionada a região da antiga Núbia, a cidade e seus arredores são ricos sítios arqueológicos, sendo foco de atividades turísticas.[1]

Infraestrutura editar

A cidade é o terminal das linhas ferroviárias da Ferrovia Cabo–Cairo, e o Porto de Uádi Halfa serve como parada final dos navios a vapor que sobem o Nilo até Cartum.[1] É cortada ainda pela Estrada Pan-Africana, que a liga às cidades egípcias de Abul-Simbel e a Assuão, ao norte, e às cidades sudanesas de Dongola e Cartum, ao sul.[8]

Referências

  1. a b c d e f Britannica, T. Editors of Encyclopaedia. Wādī Ḥalfāʾ. Encyclopædia Britannica, October 11, 2018.
  2. Sánchez, Víctor M.; Stoffels, Ruth Abril. Derecho internacional público. Barcelona: Huygens Editorial. 3ª edição. 25 julho 2012. pg. 142.
  3. Omer, Ibrahim (dezembro de 2008). «Prehistory of the Sudan». Ancient Sudan - Kush. Consultado em 19 de novembro de 2016. Arquivado do original em 11 de dezembro de 2008 
  4. a b Kramer, Robert S.; Lobban Jr., Richard A.; Fluehr-Lobban, Carolyn (22 de março de 2013). Historical Dictionary of the Sudan. [S.l.]: Scarecrow Press. p. 454. ISBN 978-0-8108-7940-9 
  5. Daly, Martin W.; Hogan, Jane R. (2005). Images of Empire: Photographic Sources for the British in the Sudan. [S.l.]: BRILL. p. 95. ISBN 978-90-04-14627-3 
  6. «1820-1885 - The Turkiyah Pacification». www.globalsecurity.org. Consultado em 21 de outubro de 2019 
  7. a b Middle East Record Volume 1, 1960. [S.l.]: The Moshe Dayan Center. 1960. p. 416 
  8. Aswan (Egito): como chegar, onde ficar, passeios e dicas imperdíveis. Mala de Aventuras. 29 de março de 2020.