USS Maine (ACR-1)
O USS Maine fazia parte do programa de construção destinado a incrementar a importância dos Estados Unidos no mar. Construído inicialmente como cruzador couraçado, foi reclassificada no momento em que entrou ao serviço, em 1895, como encouraçado de segunda classe.
USS Maine | |
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Estados Unidos | |
Operador | Marinha dos Estados Unidos |
Fabricante | Estaleiro Naval de Nova Iorque |
Homônimo | Maine |
Batimento de quilha | 17 de outubro de 1888 |
Lançamento | 18 de novembro de 1889 |
Comissionamento | 17 de setembro de 1895 |
Número de registro | ACR-1 |
Destino | Afundou por explosão interna em 15 de fevereiro de 1898 |
Características gerais | |
Tipo de navio | Cruzador blindado |
Deslocamento | 6 789 t |
Maquinário | 2 motores de tripla-expansão 8 caldeiras |
Comprimento | 98,9 m |
Boca | 17,4 m |
Calado | 6,9 m |
Propulsão | 2 hélices |
- | 9 290 cv (6 830 kW) |
Velocidade | 16,5 nós (30,6 km/h) |
Autonomia | 3 600 milhas náuticas a 10 nós (6 700 km a 19 km/h) |
Armamento | 4 canhões de 254 mm 6 canhões de 152 mm 7 canhões de 57 mm 8 canhões de 37 mm 4 metralhadoras Gatling 4 tubos de torpedo de 450 mm |
Blindagem | Cinturão: 305 mm Convés: 51 a 76 mm Anteparas: 152 mm Torres de artilharia: 203 mm Torre de comando: 254 mm |
Tripulação | 374 |
Na década de 1880, o Império do Brasil introduziu os Encouraçados Riachuelo e Aquidabã que representaram uma significativa vantagem no poderio militar da frota brasileira nas Américas e no Hemisfério Ocidental. Sobre o Riachuelo, Hilary A. Albert, chefe do "House Naval Affairs Committee", alertando o congresso americano em 1883 comentou: “Se todos esses nossos velhos navios fossem colocados em um arranjo de batalha no meio do oceano e confrontados com o Riachuelo é duvidoso que uma única embarcação portando a bandeira americana voltasse ao porto".[1] O USS Maine foi lançado em 18 de novembro de 1889, três dias após o fim do Império Brasileiro derrubado pelo golpe de 15 de novembro de 1889 e que teve influência e apoio político-militar dos EUA na União Pan-Americana de 1890 [2] e no Caso do Rio de Janeiro. Adquirindo a superioridade no continente americano, a partir de 1890 desencadeou-se nos Estados Unidos uma violenta campanha jornalística que lamentava a inferioridade da marinha nacional em relação à de outros países do continente europeu; assim, a Comissão de Assuntos Navais do Congresso ordenou a construção de um número limitado de novas unidades, entre as quais figuravam dois couraçados de alto mar, destinados a serem navios de guerra de primeira classe, capazes de enfrentar qualquer adversário à escala mundial, mas com performances mais modestas. Na verdade, a marinha dos Estados Unidos não pretendia desafiar qualquer potência europeia, desejando apenas poder operar com segurança na sua limitada esfera de influência. No entanto, as primeiras ações efetivas ocorreram contra a Espanha após essa "supostamente" ter sabotado o USS Maine. Após o fim da Guerra Hispano-Americana e aquisição de Porto Rico e Filipinas como territórios e Cuba como protetorado, os EUA consolidou sua hegemonia nos mares da América Central e do Pacífico.
Os dois couraçados, Maine e Texas, foram projectados independentemente um do outro, seguindo critérios diferentes: o Texas devia ser o mais blindado e o que teria o armamento mais pesado, enquanto ao Maine estava reservada uma maior autonomia. No entanto, os dois navios (e especialmente o Maine) apresentavam grandes semelhanças com as unidades mais potentes da época no Hemisfério ocidental, como o Encouraçado Riachuelo, brasileiro, construído em Londres e terminado em 1883.
Convidaram-se projectistas norte-americanos e estrangeiros a apresentar os seus planos. Para o Maine, escolheu-se o projecto do Bureau of Construction and Repair, e o concurso do Texas foi ganho por um inglês. A construção das duas unidades (e mais a do cruzador blindado Baltimore) foi autorizada pelo Congresso a 3 de Agosto de 1886.
A quilha do Maine (originalmente classificado como cruzador couraçado) foi assentada a 17 de outubro de 1888 no Arsenal de Nova Iorque. O navio foi lançado à água a 18 de novembro de 1889, entrando em serviço a 17 de setembro de 1895. Tinha uma cidadela couraçada central que compreendia as máquinas e o armamento principal, além dos paióis de munições e a respectiva maquinaria. As torres dos canhões, cada uma com duas peças de 254 mm (de 28,5 t de peso), eram accionadas hidraulicamente e ficavam na coberta principal.
Originalmente o couraçado devia ser do tipo composto mas, no momento da sua construção, usou-se aço niquelado, de 305 mm de espessura, endurecido superficialmente pelo processo Harvey. O novo material, que alcançou um grande êxito aquando da sua apresentação em 1891, foi classificado alguns anos depois como cromo-aço, produzido pela Krupp.
A disposição das torres na diagonal foi inventada por Benedetto Brin. Depois da Batalha de Lissa, em 1866, que voltara a propor o esporão como arma ofensiva, tornou-se necessário que os navios de guerra pudessem concentrar o tiro pela proa, pelo que Brin projectou um certo número de unidades (entre as quais o Duilio/Dandolo e o Italia/Lepanto) nas quais todo o armamento principal podia apontar pela proa ou pela popa, bem como pelos costados, dado que as torres dos canhões estavam montadas muito por fora da linha de coxia do navio ¬– na diagonal ¬, de modo a cada uma delas poder abrir fogo muito para lá da superestrutura central. Quando o Maine e o Texas ficaram prontos, este conceito já estava ultrapassado, mas estes navios conferiram prestígio à Marinha norte-americana no Hemisfério ocidental.
O Maine deveria levar a bordo duas lanchas-torpedeiras de segunda classe de 15 t, mas como a única a ser construída não alcançou a velocidade prevista de 18 nós, o projecto foi arquivado.
A unidade, de 98,9 m de comprimento por 17,4 m de boca, tinha um calado de 6,9 m com o deslocamento standard (6 789 t). As dimensões eram limitadas pela escassa capacidade dos portos e diques de carenagem norte-americanos da época.
A capacidade dos depósitos de combustível (900t) era muito reduzida para uma embarcação que, segundo o primeiro projecto, deveria ser um cruzador; assim, pensou-se em equipá-la com um aparelho vélico completo de três mastros, mas a ideia foi abandonada antes do lançamento à água.
Os dois propulsores do Maine foram as primeiras máquinas verticais de três cilindros de tripla expansão da Marinha norte-americana.
O armamento do Maine compreendia quatro canhões de 254 mm em torres, seis de 152 mm em plataformas salientes, sete peças de 6 libras, oito de 1 libra, quatro metralhadoras do tipo Gatling e quatro tubos lança-torpedos. A unidade custou 4 677 789 dólares.
Explosão do Maine
editarO inesperado afundamento do Maine foi um dos fatos que levou à eclosão da guerra hispano-norte-americana de 1898. O navio zarpou rumo ao porto de Havana, a 28 de Janeiro, para proteger os interesses dos Estados Unidos em Cuba durante as lutas de independência da Espanha. A 15 de Fevereiro, durante um período de tensão entre os dois países, o couraçado explodiu no porto de Havana. O governo dos EUA alegou que se tratava de uma manobra de sabotagem da Espanha. Contudo, posteriormente descobriu-se que a causa da explosão tinha sido a combustão espontânea do carvão armazenado nos paióis junto ao santabárbara de proa. No princípio de 1912 conseguiu-se repor a flutuar os restos do navio, que foi rebocado para o mar alto e afundado.
A tripulação do Maine era formada por 354 homens, 266 dos quais (2 oficiais e 264 marinheiros) encontraram a morte quando o navio explodiu às 21h 40 min do dia 15 de Fevereiro de 1898. A unidade foi recuperada no começo de 1912, rebocada para o mar alto e afundada nos estreitos da Flórida. No dia da Comemoração de 1915, o seu mastro maior foi colocado, à guisa de monumento, no Cemitério Nacional de Arlington, na Virginia.
Referências
editar- ↑ «Remember the Maine, A First-of-its-Kind Warship». The Sextant (em inglês). Consultado em 30 de outubro de 2018
- ↑ «14 de abril de 1890: é criada a União Pan-Americana na Conferência Internacional Americana celebrada em Washington : Biu Vicente». www.biuvicente.com. Consultado em 30 de outubro de 2018
Fontes
editar- "Navios & Veleiros", Planeta diAgostini, Lisboa 1992