Psicoterapia editar

A Terapia cognitivo comportamental em formato individual ou em grupo tem se apresentado como o tratamento de primeira linha para o TAS.[1] Vários estudos de metanálise indicaram a eficácia da terapia cognitivo-comportamental no tratamento do transtorno em comparação com outras técnicas.[2] [3]Um estudo apontou que 12 a 16 sessões semanais são suficientes para a redução da ansiedade.[4] Uma revisão apontou que a TCC de forma isolada ou associada ao uso de fármacos tem se mostrado eficaz no tratamento da fobia social e também a outras formas de terapias alternativas.[5]As principais técnicas da TCC usadas no tratamento da fobia social são:

  • Reestruturação cognitiva: neste modelo, os pacientes são ensinados a identificarem pensamentos distorcidos no momento em que estes ocorrem, questionar a validade destes pensamentos e substitui-los por pensamentos mais saudáveis e condizentes com a realidade.[6][7]
  • Treinamento de habilidades sociais: esta técnica busca corrigir o déficit de habilidades sociais que é um padrão comumente visto em pacientes com fobia social, o uso de técnicas de treinamento de habilidades sociais tem sido recomendado para todos os pacientes com fobia social, independentemente de apresentarem déficits de habilidades sociais, visto que este recurso tem se mostrado bastante eficaz em reduzir a ansiedade no confronto interpessoal.[8]
  • Técnicas de relaxamento: as técnicas de relaxamento tem como finalidade o controle dos sintomas fisiológicos característicos da ansiedade. O Relaxamento Progressivo de Jacobson é a principal técnica de relaxamento utilizada. Pesquisadores[9] sugerem que as técnicas de relaxamento são apropriadas a pacientes com fobia social que apresentam intensos sintomas fisiológicos de ansiedade durante uma situação social ou de desempenho. Os estudos mostram que as técnicas de relaxamento facilitam a exposição do paciente à situação temida, porém não são eficazes isoladamente no tratamento da fobia social.[9][10]
  • Exposição: exposição se refere á imersão nas situações geradoras de ansiedade por meio da imaginação ou do enfrentamento ao vivo. Inicialmente paciente e terapeuta constroem uma hierarquia de situações temidas começando nas situações menos geradoras de ansiedade e avançando para as situações mais temidas pelo paciente.[11] Nos início do tratamento, o terapeuta pode acompanhar o paciente até que este possa enfrentar sozinho estas situações. Após a exposição frequente e quando a situação não provocar mais altos níveis de ansiedade e incômodo, passa-se a próxima situação temida. O processo continua até que o paciente possa enfrentar todos os itens da hierarquia com significativa redução da ansiedade e do desconforto.[12]

Farmacoterapia editar

Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS) editar

A paroxetina constitui o fármaco de primeira linha no tratamento da fobia social devido a grande quantidade de estudos e a sua eficácia comprovada.[13][14] Estudos confirmaram a superioridade da paroxetina em relação ao placebo.[15][16]

Um estudo reduzido apresentou efeitos positivos com o uso do citalopram após oito semanas de tratamento.[17] Um estudo apresentou resultado positivo com o uso da fluvoxamina em pacientes com fobia social generalizada. Apesar do índice de resposta ser considerado modesto (42,9%), ainda assim foi superior ao placebo.[18]

A sertralina apresentou resultados positivos em estudos reduzidos. A fluoxetina também mostrou ser aparentemente eficaz.[19]

Os IMAOs são medicamentos com ações noradrenérgicas, serotoninérgicas e dopaminérgicas, conjuntamente com efeitos colaterais.[20][21] Isto explicaria a eficácia, bem como a baixa tolerância. Apesar de sua eficácia em relação ao placebo, os IMAOs não são recomendados como tratamentos de primeira escolha para a fobia social devido a fortes efeitos colaterais.

O alprazolam foi o primeiro benzodiazepínico relatado na literatura no tratamento da fobia social, tendo apresentado resultado positivo.[22] Benzodiazepínicos como clonazepam, bromazepam e alprazolam podem ser eficazes no tratamento da fobia social.[20] Entretanto, não são medicamentos de primeira escolha porque podem causar abuso, dependência e problemas cognitivos. Os efeitos colaterais mais frequentes são sonolência, problemas cognitivos e diminuição da libido. Os benzodiazepínicos também podem favorecer o aparecimento ou agravar síndrome depressiva em pacientes com fobia social.

Referências

  1. D'El Rey, Gustavo J. Fonseca; Pacini, Carla Alessandra (Agosto de 2006). «Terapia cognitivo-comportamental da fobia social: modelos e técnicas». Psicologia em Estudo. 11 (2): 269–275. ISSN 1413-7372. doi:10.1590/s1413-73722006000200005 
  2. Feske, Ulrike; Chambless, Dianne L. (1995). «Cognitive behavioral versus exposure only treatment for social phobia: A meta-analysis». Behavior Therapy. 26 (4): 695–720. ISSN 0005-7894. doi:10.1016/s0005-7894(05)80040-1 
  3. Gould, Robert A.; Buckminster, Susan; Pollack, Mark H.; Otto, Michael W.; Massachusetts, Liang Yap (Dezembro de 1997). «Cognitive-Behavioral and Pharmacological Treatment for Social Phobia: A Meta-Analysis». Clinical Psychology: Science and Practice. 4 (4): 291–306. ISSN 0969-5893. doi:10.1111/j.1468-2850.1997.tb00123.x 
  4. Heimberg, Richard G. (Janeiro de 2002). «Cognitive-behavioral therapy for social anxiety disorder: current status and future directions». Biological Psychiatry. 51 (1): 101–108. ISSN 0006-3223. doi:10.1016/s0006-3223(01)01183-0 
  5. Mululo, Sara Costa Cabral; Menezes, Gabriela Bezerra de; Fontenelle, Leonardo; Versiani, Marcio (dezembro de 2009). «Eficácia do tratamento cognitivo e/ou comportamental para o transtorno de ansiedade social». Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul (3): 177–186. ISSN 0101-8108. doi:10.1590/s0101-81082009000300007. Consultado em 15 de junho de 2021 
  6. Mackay, Dougal (julho de 1997). «Social Phobia: Diagnosis, Assessment and Treatment Edited by Richard G. Heimberg, Michael R. Liebowitz, Debra A. Hope and Franklin R. Schneier. New York: Guilford Press. 1995. 435 pp. £34.50 (hb)». British Journal of Psychiatry (1): 99–99. ISSN 0007-1250. doi:10.1192/s0007125000147543. Consultado em 15 de junho de 2021 
  7. Taylor, Steven; Woody, Sheila; Koch, William J.; Mclean, Peter; Paterson, Randy J.; Anderson, Kent W. (outubro de 1997). «Cognitive Restructuring in the Treatment of Social Phobia». Behavior Modification (4): 487–511. ISSN 0145-4455. doi:10.1177/01454455970214006. Consultado em 15 de junho de 2021 
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  12. Heimberg, Richard G.; Dodge, Cynthia S.; Hope, Debra A.; Kennedy, Charles R.; Zollo, Linda J.; Becker, Robert E. (fevereiro de 1990). «Cognitive behavioral group treatment for social phobia: Comparison with a credible placebo control». Cognitive Therapy and Research (1): 1–23. ISSN 0147-5916. doi:10.1007/bf01173521. Consultado em 15 de junho de 2021 
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