Como ler uma infocaixa de taxonomiaLontra longicaudis[1]

Estado de conservação
Quase ameaçada
Quase ameaçada (IUCN 3.1) [2]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Carnivora
Família: Mustelidae
Subfamília: Lutrinae
Género: Lontra
Espécie: L. longicaudis
Nome binomial
Lontra longicaudis
(Olfers, 1818)
Distribuição geográfica

A lontra-neotropical (Lontra longicaudis), também conhecida como lontra-de-rio-sul-americana, lobinho-de-rio, lontrinha (português) ou nutria, é uma espécie de mamífero aquático da família Mustelidae. Pode se encontrado na América Central e América do Sul, do noroeste do México até o Uruguai.[2] Além disso, a Lontra longicaudis possui ampla distribuição no Brasil, ocorrendo em quase todas as regiões onde os corpos d’água são propícios, como rios, riachos, lagoas e em áreas costeiras com disponibilidade de água doce. Habita em rios, lagos e lagoas em vários ecossistemas, como pantanais, florestas tropicais e cerrados. A lontra-neotropical prefere viver em águas claras, são carnívoros em geral, alimenta-se principalmente de crustáceos e de peixes.

Esta espécie possui corpo alongado (até 1,20m), pêlos curtos e densos, coloração marrom escura e mais clara na garganta. Os membros locomotores com membranas interdigitais e cauda achatada na extremidade confere a lontra uma ampla adaptabilidade a vida semi-aquática.

Taxonomia editar

A taxonomia do gênero Lontra é bastante debatida, pois alguns pesquisadores observaram alterações morfológicas entre as espécies do Novo e Velho Mundo e sugeriram a divisão em dois gêneros, readquirindo o gênero Lontra Grey 1843, para as espécies do Novo Mundo, anteriormente pertenciam o gênero Lutra. Assim, a nomenclatura aplicada às lontras neotropicais passou a ser Lontra longicaudis. Dois cientistas utilizaram o citocromo b mitocondrial para inferir as relações filogenéticas da subfamília Lutrinae, e observaram que as espécies dos gêneros Lontra e Lutra formavam dois grupos monofiléticos. O Grupo de Especialistas em Lontras da IUCN (IUCN/SSC Otter Specialist Group) acatou oficialmente as sugestões.[3]

Habitat e Ecologia editar

A lontra pode ser encontrada em regiões onde exista rios, lagos, manguezais, córregos, ou seja, próximos a corpos d’água. A espécies escolhe ambientes de águas claras, com um grande fluxo de água. Podem viver em regiões de florestas úmidas e decíduas, com condições de vegetação ribeirinha satisfatórias e locais com bastantes tocas e áreas de descanso.

Esta lontra possui tanto hábitos noturnos quanto diurnos. Têm por costume defecar em ambientes conspícuos e proeminentes da sua área de vida.[4] Normalmente, a lontra-neotropical captura seu alimento na água, ingerindo-o em terra, em abrigos característicos, ou sobre rochas e troncos. Após alguns estudos s autores concluíram que as presença de sementes nas fezes analisadas pode ocorrer devido à alta disponibilidade do recurso no ambiente.[5] Como refúgio a lontra utiliza quase sempre buracos nas margens dos rios, também como escavar buracos rasos.

Essa espécie possui algumas atividade no meio terrestre, como sinalização odorífera ( auxilia na comunicação das espécies), descanso, proteção dos filhotes e reprodução. A gestação dura de 56 a 86 dias, nascendo de 1 a 5 filhotes, que ficam sob os cuidados da mãe durante o primeiro ano de vida . Os filhotes nascem cegos e iniciam suas atividades aquáticas com aproximadamente 74 dias.

Ameaças e usos editar

Nos anos de 1950 a 1970 houve uma acentuada caça às lontras neotropicais devido a comercialização de suas peles, ocasionando a sua extinção local ao longo de seu meio de distribuição. A desintegração de habitat e poluição da água são ameaças potenciais. Ademais, segundo pesquisadores, por ser um animal de topo de cadeia trófica, a lontra pode apresentar sintomas negativos aos impactos tardiamente, como por exemplo, a acumulação de metais pesados. A bioacumulação de mercúrio e outros metais pesados na cadeia alimentar da espécie, em virtude da poluição no ambiente aquático, também é uma ameaça à lontra neotropical. Em estudos realizados, observou-se a presença de mercúrio em fezes e em amostras de tecidos e pelos.

Na Amazônia, retira-se filhotes de lontra para serem comercializados como animais domésticos, isso é uma ameaça potencial, assim como a transmissão de doenças para outros animais domésticos com cão e gatos.[6]

Ações de conservação editar

Para a conservação de todas espécies de lontras, foram sugeridos pontos de grande relevância como o estudo da distribuição atual das espécies, estudo da biologia e ecologia referente a espécie, monitorar as populações existente em áreas protegidas e determinar novas áreas protegidas.

Além desses pontos, recomenda a recuperação e a preservação de matas ciliares e habitats ribeirinhos e meios aquáticos usados pelas lontras e o aprofundamento em pesquisas que auxiliam nos estudos sobre os impactos ambientais e comportamento das lontras.[7]

Referências

  1. Wozencraft, W.C. (2005). Wilson, D.E.; Reeder, D.M. (eds.), ed. Mammal Species of the World 3 ed. Baltimore: Johns Hopkins University Press. pp. 532–628. ISBN 978-0-8018-8221-0. OCLC 62265494 
  2. a b Waldemarin, H.F.; Alvarez, R. (2008). Lontra longicaudis (em inglês). IUCN 2014. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. 2014. Página visitada em 17 de novembro de 2014..
  3. Gonçalves, Fernando; Bovendorp, Ricardo S.; Beca, Gabrielle; Bello, Carolina; Costa-Pereira, Raul; Muylaert, Renata L.; Rodarte, Raisa R.; Villar, Nacho; Souza, Rafael (fevereiro de 2018). «ATLANTIC MAMMAL TRAITS: a data set of morphological traits of mammals in the Atlantic Forest of South America». Ecology (em inglês). 99 (5): 498–498. ISSN 0012-9658. doi:10.1002/ecy.2106 
  4. Kasper, Carlos Benhur; Feldens, Maria Júlia; Salvi, Juliana; Grillo, Hamilton César Zanardi. «Preliminary study by the ecology of Lontra longicaudis (Olfers) (Carnivora, Mustelidae) in Taquari Valley, South Brazil». Revista Brasileira de Zoologia. 21 (1): 65–72. ISSN 0101-8175. doi:10.1590/S0101-81752004000100012 
  5. Rodrigues, Lívia de Almeida; Leuchtenberger, Caroline; Kasper, Carlos Benhur; Junior, Oldemar Carvalho; Silva, Vania Carolina Fonseca da (17 de outubro de 2013). «Avaliação do risco de extinção da lontra neotropical Lontra longicaudis (Olfers, 1818) no Brasil». Biodiversidade Brasileira. 0 (1): 216–227. ISSN 2236-2886 
  6. «Rheingantz M.L., Oliveira-Santos, L.G., Waldemarin, H.F. and Pellegrini Caramaschi, E. (2012). Are Otters Generalists or do they prefer Larger, Slower Prey? Feeding Flexibility of the Neotropical Otter Lontra longicaudis in the Atlantic Forest . IUCN Otter Spec. Group Bull. 29 (2): 80 - 94». www.otterspecialistgroup.org. Consultado em 4 de julho de 2018 
  7. Daneshmend, T K; Scott, G L; Bradfield, J W (23 de junho de 1979). «Angiosarcoma of liver associated with phenelzine.». BMJ. 1 (6179): 1679–1679. ISSN 0959-8138. doi:10.1136/bmj.1.6179.1679 
 
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