Usuário(a):Rpez/1ª Lei da termodinâmica

A primeira lei da termodinâmica é a lei de conservação da energia. Nela observamos a equivalência entre trabalho e calor. Esta lei enuncia que a energia total transferida para um sistema é igual à variação da sua energia interna.

Conceitos Iniciais editar

  • Termodinâmica: É a ciência que estuda as transformações de energia. Ela relaciona o estudo da energia térmica, geralmente tratada como energia interna de sistemas. Seu conceito central é a temperatura.
  • Processo Termodinâmico: Procedimento pelo qual um sistema varia de um estado inicial para um estado final.
  • Estado de Equilíbrio: Quando as variáveis Pressão (p), Volume (V) e Temperatura (T) não variam. Os processos de equilíbrio são realizados bem lentamente.
  • Equação de Estado: Descreve a relação entre a pressão, volume e temperatura, através da expressão:
p.V = n.R.T

onde, n é o número de moldes; e, R é a constante dos gases, R = 8,31 J/mol.K

  • Energia Interna (Eint): A energia interna de um sistema é a soma das energias cinética e potencial de todas as partículas que formam este sistema. Por esta razão, é considerada uma propriedade do sistema, e assim, só depende do estado inicial e estado final do processo.
  • Calor: Representado pelo símbolo Q, refere-se à energia em trânsito entre um sistema e sua vizinhança, em virtude da alteração da temperatura. Neste processo, a energia transferida sob forma de calor contribui para a agitação caótica dos átomos das vizinhanças.Cabe salientar que o calor não é uma função de estado do sistema. No SI, sua unidade é o Joule [J].

Dizemos que:

Q>0, quando o sistema recebe calor
Q<0, quando o sistema perde calor


  • Trabalho: Representado pelo símbolo W, o termo trabalho, na termodinâmica, representa um fenômeno transitório, um certo fluxo de energia entre o sistema e seu meio. A quantidade de trabalho transferida do sistema é igual ao trabalho transferido ao meio. Assim como o calor, o trabalho não é uma função de estado do sistema, pois dependem da trajetória ou caminho (deslocamento do estado inicial para o estado final). No SI, sua unidade é o Joule [J].

Dizemos que:

W>0, quando o sistema se expande e perde energia para o meio externo
W<0, quando o sistema se contrai e recebe energia do meio externo



Primeira Lei da Termodinâmica editar

A Primeira Lei da Termodinâmica é a conhecida como a lei de conservação da energia. Nela, observamos a equivalência entre trabalho (W) e o calor (Q). Esta lei enuncia que a energia total transferida para um sistema é igual à variação da sua energia interna, ou seja, em todo processo natural, a energia do universo se conserva.

Após inúmeros experimentos, constatou-se que a variação Q - W é a mesma para todos os processos. Isto quer dizer que depende apenas dos estados inicial e final sem se importar com o caminho realizado pela chegar a tais condições de estado final. Entretanto, deve-se ter um cuidado especial, pois as quantidades de energia dependem do processo que leve um sistema a outro. Lembre-se: O sistema somente armazena ou transfere energia. Ele não a produz ou consome!

Numericamente, expressamos:

  = Eint,f - Eint,i =  

e para uma variação diferencial:

dEint = dQ - dW

A fórmula acima descreve a 1ª Lei da termodinâmica, e a partir dela observamos que, a energia interna (Eint) de um sistema aumenta quando é acrescentada energia sob a forma de calor Q e diminui se for cedida energia para o meio sob a forma de trabalho W.


  • Para o cálculo do trabalho (W):
dW = F . dx

onde, F = pressão . área A

dW = (p . A)dx
dW = p .(Adx)
dW = p . dV

onde, p é a pressão e dV, é a derivada parcial do volume

Calculando a integral, temos:

W =  


  • Para o cálculo do calor (Q):
Q = m . c. (Tf - Ti)

onde, c é a calor específico, m é a massa e T, é a temperatura

Q = m . L (durante a mudança de estado)


Podemos transferir energia para dentro ou para fora do sistema, tanto sob forma de calor quanto por trabalho. Suponhamos que o sistema esteja em um estado inicial i e realiza trabalho, expandindo-se. Este trabalho mecânico diminui a energia interna do sistema, então

  = -W

Podemos também variar o estado do sistema colocando-o em contato térmico com outro sistema cuja temperatura esteja diferente. Assim, uma quantidade de calor se desloca do sistema de maior valor Q para o menor fazendo com que haja um aumento da energia interna deste sistema menor, assim

  = Q


Casos Especiais editar

1. Processos Adiabáticos: Processo que ocorre muito rapidamente em que não há troca de calor com o meio externo, Q = 0. A variação da energia interna depende somente do trabalho. ex.: Desodorante Aerosol e champagne.

2. Processos a Volume Constante: Também conhecido como processo isométrico, onde não há trabalho envolvido, W = 0. A variação da energia interna depende da diferença de temperatura.

3. Processos Cíclicos: A energia interna não varia porque obtém volume, pressão e temperatura iguais no estado inicial e final. O trabalho será negativo e corresponde à área dentro da figura. Por convenção: W+ → quando desloca-se no sentido horário e W- → quando desloca-se no sentido anti-horário.

4. Expansões Livres: A temperatura não varia. Ocorre uma ocupação de um espaço antes no vácuo, então trabalho e calor iguais a zero.


Adiabático Q = 0 ,   = - W
V constante W = 0 ,   = Q
Cíclicos   = 0 , Q = W
Expansões Livres Q = W = 0 ,   = 0


História editar

Em meados do século XIX, um dos assuntos mais intrigantes aos cientistas da época era a transformação de calor em movimento através das máquinas térmicas. Neste período, ocorria a Revolução Industrial na Inglaterra e as máquinas térmicas a vapor foram as grandes responsáveis por parte do seu sucesso. O princípio dessas máquinas era bastante simples: aquecendo um gás ele se expandia. Em 1763, o escocês James Watt percebeu que havia um grande desperdício de vapor, que custava dinheiro e diminuia os lucros das indústrias. Entretanto, acredita-se que a primeira máquina térmica seja datada de 50 d.C e desenvolvida por Héron de Alexandria. Héron, descobriu que o ar se expandia quando aquecido, e assim, poderia utilizá-lo para produzir força mecânica. O grande Leonardo da Vinci também usou o vapor d'água para produzir movimentos.

Preocupado em aperfeiçoar as máquinas térmicas, o cientista francês Sadi Carnot (1796-1832), desenvolveu, em 1824, a teoria que explicava o rendimento de uma máquina, ou seja, quanto de calor a máquina transformava em trabalho. Ele então desenvolveu um modelo teórico para as máquinas térmicas e descobriu qual deveria ser a maneira mais eficiente de transformar calor em movimento. À esse modelo teórico, deu-se o nome de Máquina de Carnot.

O estabelecimento do princípio da conservação de energia também ocorreu no século XIX, em estudos da termodinâmica. Nessa época, já se sabia que o calor poderia ser gerado pelo atrito (energia mecânica), eletricidade e reações químicas. Por volta de 1840, o físico inglês James Prescott Joule (1818-1889) em seus estudos, procurou quantificar a energia mecânica necessária que equivalesse à uma caloria. Em sua homenagem, atribuiu-se o seu nome à unidade de energia, Joule [J]. 1J = 4,181cal.

Em 1848,o engenheiro, físico e matemático Willian Thomson, também conhecido como Lorde Kelvin, publicou um artigo fundamentado na teoria de Carnot. Nele, buscou a equivalência entre a escala dos gases ideais e a escala termodinâmica, desenvolvendo uma escala cujas referências eram os pontos fixos: zero absoluto (0) e a temperatura do gelo fundente (273,16). Essa escala é utilizada até hoje e, em sua homenagem, sua unidade no SI é Kelvin [K].

Baseados nos trabalhos de Joule e um outro cientista, denominado Mayer, Rudolf Clausius e Lorde Kelvin, em 1850, desenvolveram a Primeira e a Segunda Lei da Termodinâmica. Isso, mudaria completamente a compreensão do calor como forma de energia e ampliou o campo de atuação da termodinâmica.


Referências editar

  1. Clausius, R. (1850) «Über die bewegende Kraft der Wärme» Annalen der Physik und Chemie. Vol. 79. pp. 368-397, 500-524.
  2. Thomson, W. (Lord Kelvin) (1851) «On the Dynamical Theory of Heat, with Numerical Results Deduced from Mr Joule’s Equivalent of a Thermal Unit, and M. Regnault’s Observations on Steam» Transactions of the Royal Sociey of Edinburgh. Vol. 20. pp. 261-268, 289-298.
  3. Halliday, David; Walker, Jearl; Resnick, Robert. Fundamentos de Física: Gravitação, Ondas e Termodinâmica. Vol. 2. ed. LTC. 7ªed., 2003.
  4. Atkins, J. de Paula. “Físico-Química”, LTC Editora. 7ªed, 2003.
  5. Passos, Júlio César. Os experimentos de Joule e a primeira lei da termodinâmica. Revista Brasileira de Ensino de Física. vol.31 no.3. São Paulo. edição jul./set, 2009.
  6. Ferreira, G.F. Leal. Uma definição natural de energia cinética e potencial em termodinâmica. Revista Brasileira de Ensino de Física. v.29 n.1. São Paulo, 2007.


Ligações externas editar