Usuário:André Augusto C. da Silva/Testes

Biografia editar

Início de vida editar

Filho da pintora e pianista Maria Amélia Buarque de Hollanda e do historiador Sérgio Buarque de Holanda[1][2], Chico nasceu em 19 de junho de 1944 na cidade do Rio de Janeiro, mudando-se dois anos depois, com sua família, para São Paulo. Tendo nascido em uma família de intelectuais, conviveu com diversos artistas que frequentavam sua casa. Estes incluem, entre outros, João Gilberto, Vinicius de Moraes, Baden Powell, Antônio Carlos Jobim, Alaíde Costa e Oscar Castro-Neves.[2]

 
João Gilberto (na imagem) foi uma das primeiras influências musicais de Chico Buarque.

Em 1952, passou a viver em Roma, capital da Itália, onde o pai começou a lecionar. Retornando ao Brasil dois anos depois, iniciou seus estudos no Colégio Santa Cruz, em São Paulo. Recebendo os primeiros ensinamentos de violão da irmã, Heloísa, Chico aprendeu a tocar de ouvido na adolescência, influenciado por João Gilberto e procurando imitá-lo. Durante seu curso científico, envolveu-se com organizações e com o movimento estudantil do colégio, escreveu crônicas denominadas Verbâmidas, que eram publicadas no jornal da escola e compôs suas primeiras músicas, "Canção dos Olhos" e "Anjinho".[2]

Nesse período, apresentou-se em um palco pela primeira vez, cantando "Marcha para um Dia de Sol", de sua autoria. Em 1961, foi preso juntamente com um amigo por furtar um carro, sendo logo proibido pelos pais de sair à noite antes de completar 18 anos. Ingressou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU) em 1963, permanecendo até o terceiro ano. Em 1964, participou de um show gravado para a TV Record e compôs, para a peça Balanço de Orfeu, "Tem Mais Samba"[2], canção que Chico considera o marco zero de sua carreira.[3]

Era dos festivais editar

Em 1965, teve sua canção "Sonho de um Carnaval" defendida por Geraldo Vandré no I Festival Nacional de Música Popular Brasileira, na TV Excelsior. Logo, passou a se apresentar semanalmente em shows do Teatro Paramount e no programa O Fino da Bossa, da TV Record. Foi convidado, então, para musicar a peça Morte e Vida Severina (de João Cabral de Melo Neto), encenada no Teatro da Universidade Católica (TUCA).[2] Em maio, chega às lojas seu primeiro disco; um compacto simples contendo as canções "Pedro Pedreiro" e "Sonho de um Carnaval", registradas no estúdio B da gravadora RGE.[4]

No ano seguinte, dividiu o primeiro lugar do II Festival da MPB (TV Record) com a canção "Disparada", de Geraldo Vandré e Théo de Barros. A canção apresentada por Chico foi "A Banda", defendida pelo próprio e por Nara Leão.[2][5] O sucesso culminou no lançamento de seu primeiro álbum, no mesmo ano; Chico Buarque de Hollanda contém êxitos como "A Rita", "Amanhã, Ninguém Sabe", "Você Não Ouviu" e "Olê, Olá". Ainda em 1966, conheceu a atriz Marieta Severo, casando-se com ela pouco tempo depois.[2] Os dois viriam a se separar em 1999.[6]

 
Chico (direita) com Antônio Carlos Jobim no Festival Internacional da Canção, em 1968.

Em 1967, recebeu o título de "Cidadão Paulistano" da Câmara Municipal de São Paulo, obteve o terceiro lugar no III Festival da MPB com a canção "Roda Viva" (apresentada ao lado do quarteto MPB4), a mesma posição no II Festival Internacional da Canção (FIC) com "Carolina" (defendida por Cynara & Cybele) e atuou no filme Garota de Ipanema, de Leon Hirszman. No ano seguinte, conquistou o primeiro lugar no III FIC com a canção "Sabiá", a mesma posição no IV Festival da MPB com "Benvinda", e o segundo lugar na I Bienal do Samba com "Bom Tempo".[2]

Crítica à ditadura editar

Sua primeira composição censurada foi "Tamandaré", em 1966. A mesma abordava a desvalorização do cruzeiro, moeda em circulação no Brasil à época. No final de 1967, um grupo de extrema-direita invadiu o teatro onde sua peça teatral Roda Viva era ensaiada, destruindo o cenário e espancando os atores. Dois anos depois, viu-se obrigado a autoexilar-se, com sua mulher, Marieta, na Itália. Lá, nasceu a primeira filha do casal, Sílvia Buarque. Em 15 meses, trabalhou em casas noturnas, abriu, com o músico Toquinho, shows para a cantora americana Josephine Baker e fez uma série de programas para a televisão italiana.[2]

Ainda, gravou um disco em parceria com o maestro Ennio Morricone, Per un Pugno di Samba. Apesar de trazer sucessos de anos anteriores, o álbum fracassou comercialmente. Chico voltou ao Brasil em 1970, assinando contrato com a gravadora Philips e apresentando-se em um programa especial da Rede Globo. Seu compacto simples, "Apesar de Você", vendeu cem mil cópias antes de ser censurado.[2] A sede da gravadora foi invadida por oficiais do regime, que destruíram as cópias restantes do disco. A canção pode ser regravada e relançada somente oito anos depois, em 1978.[7]

Em 1971, lançou o álbum Construção, que contém composições como "Cotidiano", "Samba de Orly", "Minha História" e "Deus lhe Pague", além da faixa-título, eleita pela revista Rolling Stone Brasil como a maior canção brasileira de todos os tempos.[8][9] No mesmo ano, participou do filme Quando o Carnaval Chegar, de Cacá Diegues, ao lado de Nara Leão e Maria Bethânia, lançando ainda, no ano seguinte, um LP contendo a trilha sonora do filme. Ainda em 1972, Chico traduziu o musical Homem de La Mancha, com Ruy Guerra e compôs a trilha sonora do filme Vai Trabalhar, Vagabundo!, também de Ruy.[2]

Em maio de 1973, participou do festival Phono 73, no Palácio das Convenções do Anhembi, em São Paulo. No evento, resolveu apresentar sua nova composição, "Cálice", com Gilberto Gil. Ao cantá-la, teve o microfone desligado, devido à fonética similar do refrão "cálice" a palavra "cale-se", alusão à censura.[2][10][11] No mesmo ano, compôs músicas para o filme de Cacá Diegues, Joanna Francesa e escreveu a peça teatral Calabar: o Elogio da Traição com Ruy Guerra. Após meses de ensaios, a montagem da mesma foi proibida.[2]

 
Parecer da censura sobre a letra da canção "Mulheres de Atenas", composta em parceria com Augusto Boal.

Em 1974, escreveu a fábula Fazenda Modelo e a peça Gota d'Água, em parceria com Paulo Pontes, com Bibi Ferreira no papel principal. Lançou o disco Sinal Fechado, interpretando canções de outros compositores, como Caetano Veloso, Noel Rosa, Gilberto Gil, Tom Jobim e Paulinho da Viola e criou o pseudônimo Julinho da Adelaide, assinando as canções "Milagre Brasileiro", "Acorda Amor" e "Jorge Maravilha".[2][12] Em 1976, compôs "O Que Será?" (que tornou-se sucesso radiofônico e aumentou a fama de Chico no exterior) e ainda músicas para a peça Mulheres de Atenas, de Augusto Boal e para o filme A Noiva da Cidade, de Alex Viany.[2]

Em 1977, produziu e dirigiu o musical Os Saltimbancos, com Sérgio de Carvalho. O álbum com a trilha sonora tem participações de Miúcha e Nara Leão, além de Aquiles e Magro, do MPB4. Outra peça, a Ópera do Malandro, entraria em cartaz no mesmo ano no Rio de Janeiro. O álbum duplo com a trilha sonora seria lançado em 1979. Nessa época, musicou o filme República dos Assassinos, de Miguel Faria Jr. e a peça O Rei de Ramos, de Dias Gomes.[2]

Referências

  1. «Saiba mais sobre Maria Amélia Buarque de Holanda». Folha de S.Paulo. 6 de maio de 2010. Consultado em 9 de maio de 2020 
  2. a b c d e f g h i j k l m n o p «Chico Buarque». Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. Consultado em 9 de maio de 2020 
  3. Vieira, Renato (2014). «Chico Buarque - Parcerias». Estadão. Consultado em 10 de maio de 2020 
  4. Ferreira, Mauro (28 de setembro de 2018). «Chico Buarque tem reeditado em vinil compacto de 1965 que firmou a base da obra do compositor». G1. Consultado em 10 de maio de 2020 
  5. «Festival da Música Popular Brasileira (TV Record)». Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. Consultado em 15 de maio de 2020 
  6. «Marieta Severo sobre Chico Buarque: "casamento da minha vida"». Terra. 1 de julho de 2013. Consultado em 10 de maio de 2020 
  7. Werneck, Humberto (1989). «Apesar de você - Nota». Site oficial de Chico Buarque. Consultado em 10 de maio de 2020 
  8. Cavalcanti, Paulo (9 de novembro de 2009). «Nº 1 - Construção». Rolling Stone. Consultado em 15 de maio de 2020 
  9. «100 Maiores Músicas Brasileiras». Rolling Stone. 9 de dezembro de 2009. Consultado em 15 de maio de 2020 
  10. Vianna, Luiz Fernando (15 de novembro de 2005). «Música: "Phono 73" registra momento histórico da MPB». Folha de S.Paulo. Consultado em 15 de maio de 2020 
  11. Homem 2009, p. 120.
  12. Homem 2009, pp. 123–135.

Bibliografia editar

  • Homem, Wagner (2009). Histórias de Canções: Chico Buarque. São Paulo: Leya. ISBN 978-85-62936-02-9