Quarta teoria política é uma teoria política formulada pelo cientista político russo Aleksandr Dugin, a partir de seu livro A Quarta Teoria Política ISBN 978-5-367-01089-3 (língua russa: Четвертая политическая теория, Chetvertaya Politicheskaya Teoriya), publicado em 2009, e que visa a superação das ideologias políticas da modernidade — numeradas cronologicamente — sendo a primeira teoria o liberalismo, a segunda, o socialismo/comunismo, e a terceira, o fascismo/nacional-socialismo.[1] (TESTE)

Dugin advoga que o Dasein de Martin Heidegger como sujeito histórico, ao longo da multipolaridade e do identitarismo no campo geopolítico, pode fornecer uma solução para os problemas criados pela hegemonia liberal e que a 2ª e 3ª teorias políticas falharam em resolver.[2] (, como as crises globais econômica de 2007-2008 e ambientais do aquecimento global e da extinção em massa do Holoceno, e o ataque do imperialismo estadunidense às soberanias (simbolizado pelos bombardeamentos de Hiroshima e Nagasaki).)

A revista Foreign Affairs publicou artigo em que afirma ser Dugin e sua 4TP/QTP o motivo intelectual que suscitou a ação do presidente russo Vladimir Putin ao executar a anexação da Crimeia à Federação Russa em 2014.[3] Outras publicações convergem para esta percepção.[4] (TESTE)

Esta teoria tem o estímulo do movimento eurasiano assim como de outros no exterior da Rússia; a organização etnopluralista e anticapitalista estadunidense New Resistance[5], e a francesa Égalité et Réconciliation, cujo fundador Alain Soral escreveu o prefácio das edições francesa e inglesa do livro A Quarta Teoria Política.

Crítica às ideologias modernas

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Para Dugin, as três ideologias modernas manifestam-se nas seguintes formas, dentre outras:
  1. Liberalismo
    1. Direita
    2. Esquerda
  2. Socialismo/Comunismo
    1. Marxismo
    2. Social-democracia
  3. Fascismo/Nacional-socialismo
    1. Terceira posição
    2. Nacional-sindicalismo
    3. Justicialismo

A quarta teoria desenvolve-se através de uma reexaminação das três primeiras teorias políticas, e também das ideologias relacionadas do nacional-bolchevismo e do eurasianismo, por consequência do processo de globalização que a Rússia passou no governo liberal (e com alto índice de rejeição popular) de Boris Yeltsin na década de 1990, e que, de acordo com o autor, levou à deterioração da identidade do povo. Dugin afirma que um retorno ao comunismo soviético não é possível, pois o fim do regime demonstra que foi incapaz de objetar ao liberalismo ocidental, e que o autoritarismo tem um custo moral. Quanto à globalização, assegura que se trata da preparação do mundo para o modelo de etnocentrismo anglo-saxão, manifestação pura de ideologia racista.

Os promotores do aceleramento da globalização (como o Council on Foreign Relations) creem ser possível abolir a ordem existente de estados-nações soberanos em prol de uma grande sociedade única, aberta e homogênea, numa visão que Dugin considera fantástica e utópica, e onde a condição de bellum omnium contra omnes de Thomas Hobbes aparenta ser mais provável de ocorrer em um mundo sem Estados.

Quanto ao Brasil, o autor afirma estar na categoria de nações (ao lado de Índia e Turquia, por exemplo) que procuram adaptar suas sociedades aos padrões ocidentais, assim como manter relações amistosas com os Estados Unidos da América (e seus aliados), mas ao mesmo tempo evitando a perda total e direta da soberania.

Primeira teoria

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Tem como sujeito histórico o indivíduo, livre de todas as maneiras de identidade coletiva (étnica, nacional, religiosa, de casta, etc) e de qualquer associação. É concebido como uma unidade racional e dotada de vontade, mas geralmente inconsciente de sua identidade como indivíduo; como o coletivo impede a constatação desta individualidade, o liberalismo estimula a dissolução de todas as identidades sociais e dependências que definem o indivíduo a partir do externo. O desmantelamento destas entidades holistas leva à fragmentação e atomização da sociedade, principalmente através do âmbito tecnológico (Internet, telefones celulares, redes sociais, etc), onde o protagonista é estritamente o indivíduo, divorciado do contexto orgânico.

Dugin significa assim o liberalismo, a partir do radical latino liber; a liberação do indivíduo de tudo que seja externo a si próprio, para que sua vontade não seja restrita. Asserta que John Stuart Mill, teórico liberal, tratava a liberdade como "liberdade de", consoante com a acepção supracitada. Entretanto, Mill não disserta sobre o propósito desta liberdade, apenas que, estabelecer um objetivo para a liberdade a restringiria, assim como ao indivíduo. Esta deliberação, "liberdade para", fica a cargo do sujeito histórico liberal. Ao invés disto, Dugin propõe que toda identidade humana é aceitável e justificada, exceto a do individual, pois a pessoa é tudo menos isto. Também prevê que as instituições liberais abdicarão da tolerância para defender o indivíduo, e que a coerção será executada sob a bandeira dos direitos humanos.

Mas a quarta teoria não nega a liberdade, sendo uma teoria absolutamente livre (e divergindo da interpretação de segunda teoria, em que a liberdade coincide com as necessidades econômicas — uma correlação que anula a liberdade em seu núcleo), diferindo do liberalismo que prega a liberdade para o indivíduo, com a liberdade humana (do Dasein, da cultura, da sociedade e para toda forma de subjetividade que não a do indivíduo). Neste sentido, a 4TP é uma teoria de liberação, que ultrapassa a jurisdição do indivíduo em direção ao mundo externo, este iniciando-se onde se encerra a identidade individual.

A liberdade sempre porta o caos, mas é aberta à oportunidade. Sita na restrita estrutura da individualidade, a liberdade se torna microscópica, e, por fim, fictícia; o indivíduo dispõe de liberdade porque os usos que ele tem para ela são extremamente limitados, circunscritos ao que ele controla diretamente, numa liberdade contida pelo pequeno escopo do indivíduo. Para o autor, uma contradição liberal, que vê no âmago desta ideologia autoritarismo e intolerância às diferenças, e em especial, oposição à realização de uma vontade superior. A primeira teoria está preparada para tolerar indivíduos medíocres, que possuem a liberdade de realizar tudo, mas que a despeito de seus desejos, são incapazes de realizar tudo. Então se abre a oportunidade de vislumbrar a liberdade verdadeira, apenas para que a pessoa — despida de individualismo — possa ser obliterada pelos elementos do caos e da vida.

Para ordenar esta abordagem e neutralizar a ameaça, Dugin a corporifica em formas individuais; não se trata de individualidade, mas de individuação. Do cessamento de rotações ao sujeito histórico liberal, inexpressivo, em favor da execução de deveres e da domesticação das oportunidades da vontade. E para condutor desta vontade elege o Dasein, que é livre para implementar a oportunidade da autenticidade, da realização do Sein (ser) — após ter depositado este círculo hermenêutico no domínio da completa liberdade. Todavia, o Dasein liberado pode não escolher o caminho do ser, e escolher o Dasein pode corromper a quarta teoria, transformando-a em auto paródia; é um risco, mas ser também é um risco. Portanto, apenas através do melhoramento da liberdade, ainda que arriscado e ameaçador, se tem a vital e completa abertura para a oportunidade de escolher o ser autêntico.

Segunda teoria

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Seu sujeito histórico é a classe social, envolta na luta de classes que é o núcleo desta visão da história na qual a política é a expressão do fenômeno. O proletariado é um sujeito histórico-dialético, convocado para libertar-se da dominação da burguesia e, por conseguinte, construirá a sociedade em novas fundações. A unidade é concebida aqui como parte de uma classe, e adquire existência social apenas pelo processo de aumento da consciência de classe.

Dugin considera relevantes a identificação das contradições capitalistas, a crítica ao sistema burguês e a exposição do que subjaz ao desenvolvimento e a liberação democráticos, nomeadamente políticas burguesas de exploração e escravidão. Mas descarta o reducionismo materialista e o determinismo econômico típicos da segunda teoria, que na prática foram expressados através da destruição da herança espiritual e religiosa das sociedades onde o marxismo dominou. O processo de criação de um diferencial social por intermédio da ditadura do proletariado, de consolidação da estratificação classista, também é rejeitado pela quarta teoria. Ressalta a incongruência da predição de Marx sobre o tipo de sociedades que são mais propensas às revoluções socialistas, estando o germânico certo de que ocorreriam nos países industrializados da Europa ocidental, que dispunham de uma grande proporção de proletariado urbano atuando na manufatura; cria que tais revoluções seriam impossíveis em países agrários ou nações com modo de produção asiático. Entretanto, as manifestações históricas sucederam nos locais menosprezados por Marx, de maioria rural e tradicional, com nada similar em países materialmente desenvolvidos da Europa e da América. E mesmo onde prevaleceu, a segunda teoria não permitiu uma reflexão de seu dogma lógico (como reconsiderar o papel dos fatores pré-industriais, por exemplo), sendo para Dugin a razão do colapso da ideologia, que viu seu proletariado dissolver na classe média e na pequena burguesia, e desaparecer dentro da sociedade de consumo, contrariando as expectativas.

Sendo assim, o autor aceita o marxismo como mito e como sociologia (que expõe as discrepâncias no pathos liberal). Mitologicamente, o interpreta como uma estória do estado original de paraíso ("comunismo primitivo"), que foi gradualmente degenerando (a divisão do trabalho inicial e a estratificação da sociedade primitiva) até o confronto final entre trabalho e capital; este último personifica a democracia burguesa e liberal como o mal global, responsável pela exploração e alienação, e o primeiro, por sua vez, porta a memória ancestral do bem comum (que foi adquirido com o uso da mais-valia por uma minoria, dando origem a todos os problemas da vida moderna). O proletariado trabalhador levantaria-se contra seus amos a fim de construir uma nova sociedade comunista, o retorno do paraíso à Terra, com a diferença de que este comunismo seria artificial e científico, em que o diferencial — acumulado após muitos anos de alienação, desde o comunismo original e natural — servirá à comuna, tornando o sonho realidade. Este mito coincide com a estrutura da consciência escatológica, ocupante de significativa posição nas mitologias de diversas tribos e povos, assim como em religiões altamente diferenciadas.

Terceira teoria

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A manifestação italiana de Benito Mussolini mantinha o Estado como sujeito histórico, enquanto o do nazismo alemão era a raça. Dugin assevera que a base do fascismo é o hegelianismo sob um viés direitista, já que o próprio Hegel considerava o Estado da Prússia o pico do desenvolvimento histórico no qual o espírito subjetivo foi aperfeiçoado. Giovanni Gentile, proponente do hegelianismo, aplicou este conceito à Itália fascista. O nacional-socialismo por sua vez especificava a raça ariana, que de acordo com racistas, executa o embate permanente contra as raças subumanas; daí o exemplo histórico da solução final.

Este mesmo racismo deve ser descartado, conforme o autor, pois levou ao colapso do nacional-socialismo nos sentidos histórico, geopolítico, teorético e filosófico; foi o racismo, e não outro aspecto do nazismo, que colapsou a Alemanha e o restante das potências do eixo, além da destruição da totalidade do projeto ideológico da terceira teoria.

Estrutura

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A aliança das duas primeiras teorias durante a segunda Guerra Mundial levou ao fim da terceira teoria, enquanto a dissolução da União Soviética pós-Guerra Fria marcou a vitória do liberalismo, que tornou o indivíduo a normatividade de toda a humanidade. Esta ausência de oposição permitiu o desenvolvimento da pós-modernidade liberal, o "fim da história" de Francis Fukuyama (descrito em seu livro The End of History and the Last Man), quando a economia (especificamente capitalista de mercado) substituiria a política, as nações seriam amalgamadas em um globalismo unipolar e haveria a imposição de uma moral universal, a dos direitos humanos, e de uma cultura individualista da crença no desenvolvimento tecnológico diferenciado ilimitado. Na época pós-moderna, o liberalismo se move da esfera do sujeito para a do objeto, potencialmente levando à completa substituição da realidade por virtualidade, — a efetivação do cenário descrito em La société du spectacle — causa responsável pelo liberalismo já não ser totalmente percebido como ideologia, e sim como status quo.

Para o autor, a topografia política pós-moderna, de direita e esquerda, não é satisfatória para a quarta teoria, onde este dualismo foi transportado para complacência (o centro) contra o dissenso (a periferia); o filósofo Alexander Sekatsky já havia apontado a importância da marginalidade nesta formação. Ademais, a síntese moderna nacional-bolchevique de segunda e terceira teorias não cabe ao corrente pós-modernismo, impulsionando a criação de uma quarta teoria; a nova teoria restaura a tradição (compreendida aqui como religião, hierarquia e família), subjugada pela modernidade e suas três teorias, como estipulam os aforismos "Deus está morto" e "desencantamento do mundo".

Dugin afirma que a perseguição à tradição se findou, sendo os indivíduos pós-modernos, no máximo, indiferentes à religião, e que o pós-modernismo levará à criação de um ecumenismo sincrético pseudo-religioso. Ele vê o crescimento do fundamentalismo islâmico e do dispensacionalismo cristão — e das denominações do mormonismo e do metodismo — como exemplos de que a retornou à aceitação após o levante do ateísmo e do materialismo. Também correlaciona o pós-modernismo com a escatologia, sendo a presente época a realização do apocalipse cristão, do aparecimento do Dajjal islâmico, do Kali Yuga hinduísta, etc.

Em complemento a este espiritualismo, Dugin evoca a ontologia heideggeriana. Ao aplicar o método fenomenológico, obtém o Dasein como sujeito histórico da 4TP, e um modelo holista baseado neste conceito. Se o sujeito histórico é o Dasein, então a quarta teoria pode constituir uma estrutura ontológica fundamental, a ser desenvolvida nas bases da antropologia existencial. Para corresponder com a realidade, sua hermenêutica deve opor contradições que não podem ser resolvidas, portanto desenvolverá características científicas e racionais, mas que são suplantadas pelas intuições revolucionárias. Além do Dasein, Dugin utiliza-se do conceito de Gestell (essência da tecnologia e a crescente dominação da técnica) para explicar o advento do pós-modernismo, quando o ser é, de modo niilista, e por intermédio de modelos alienantes, destituído do ponto focal do pensamento. Heidegger também cunhou o termo Ereignis, referindo-se ao evento que trará o retorno do ser, exatamente quando a humanidade se esquecer de sua existência.

Heidegger não toma Gestell como acidente. O conceito expressa por si só aquilo que — no outro lado do ser — é nada, como sua medida interna. No Dasein autêntico, o ser e o nada devem estar presentes juntos. Mas se alguém enfatiza o ser como universal (koinon), ou seja, apenas como aquilo que é (physis), descarta então a inexistência que é o que o recorda de si mesmo, levando a filosofia para o niilismo através de Gestell. Para Dugin, não basta simplesmente superar a inexistência e o niilismo da modernidade, mas desenredar a história da filosofia e decifrar a mensagem contida em Gestell, que sinaliza os paradoxos que formam as estruturas profundas do ser. Daí sua ênfase na tradição religiosa e na filosofia de Heidegger como antítese ao pós-liberalismo, já que segundo ele, o pós-modernismo leva ao afastamento das raízes teológicas e existenciais da humanidade.

Como uma de suas feições essenciais, a quarta teoria rejeita o racismo em si e todas as formas de hierarquização normativa das sociedades, quer seja baseada em área étnica, religiosa, social, tecnológica, econômica ou cultural, pois toda avaliação deste tipo é sempre subjetiva, e toda tentativa de ascender esta avaliação para o estado de teoria, é racismo. Este antirracismo confronta o ódio classista da segunda teoria e o progressismo da primeira teoria — com suas formas inerentes de racismo econômico, tecnológico e cultural.

Por outro lado, há apreço pelo ethnos e sua tradição cultural, manifesto no Movimento Revolucionário Conservador germânico, por exemplo. Ethnos na 4TP é compreendido como um fenômeno orgânico, uma entidade comunitária que abarca o idioma, o credo religioso, o cotidiano e o compartilhamento de recursos e objetivos, singularmente estabelecendo o relacionamento do povo com o mundo exterior; a matriz do mundo da vida de Edmund Husserl. Evidentemente a etnicidade não foi focalizada pelo fascismo — a ortodoxia de seu racismo dogmático bloqueou este desenvolvimento orgânico da sociologia — , enquanto o liberalismo age como um etnocídio tecnológico e sistêmico. Já a ideologia marxista superaria o ethnos com sua sociedade classista, e o princípio de internacionalismo proletário se tornaria absoluto. Dugin ressalta que etnicidades são diferentes, mas cada uma tem em si o universal, não se ajustando em um paradigma em específico; cada uma aberta, mas sempre distinta.

O separatismo e a miscigenação a serem executados com base em critérios gerados pelas próprias etnicidades, e que serviriam igualmente para julgarem umas às outras. Sendo política derivação dos valores normativos da cidade-estado (polis), o autor a relativiza através do Dorfstaat de Richard Thurnwald, da "aldeia-estado", onde a política é vista da perspectiva do ethnos, naturalmente vivendo em equilíbrio com seu ambiente. Esta ótica não é refletiva da cidade (que projeta sua estrutura para o interior), e sim da aldeia ou da província, de regiões periféricas na política clássica, mas que são centrais na quarta teoria. Thurnwald juntamente é requisitado em seu conceito de "sociedade humana", que para Dugin, seria equiparada, no progressismo, a um sistema mecânico que opera independentemente de humanidade, de acordo com leis que são monotônicas e uniformes para todos.

Crítica ao processo monotônico

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Dugin percebe nas ideologias modernas o que denomina de "otimismo histórico", oriundo das ciências sociais e naturais praticadas nos séculos XVIII e XIX, quando surgiu o axioma da sinonímia entre progresso, desenvolvimento e crescimento. Recorda do sociologista liberal Herbert Spencer, que cria no desenvolvimento social como continuidade da evolução da espécie humana, e que projetou a teoria biológica de Charles Darwin para a sociedade, o chamado "darwinismo social"; a sociedade liberal de Spencer é baseada na luta pela existência e na consequente sobrevivência do mais apto indivíduo.

Entretanto, Spencer argumenta que esta evolução social se dá em duas fases, a primitiva, através da força bruta, e a contemporânea, pós-revolução burguesa, por intermédio de meios econômicos, em que a luta pela existência é incessante. A altercação traslada para a esfera do mercado, e os indivíduos sobreviventes enriquecem. Esta transição da ordem do poder para a do dinheiro, de acordo com Spencer, não significa a humanização do processo, apenas que se tornou mais eficiente. A acumulação linear com eficiência levaria ao surgimento de indivíduos e nações super-ricos. Então o progresso liberal consiste-se no crescimento contínuo do poder econômico, premissa maior da etapa materialista da evolução social.

Portanto, para o autor, o ideal liberal de progresso carrega uma forma de agressão animalista que é tida como a principal trajetória do desenvolvimento social; com maior liberdade econômica, há mais poder para ofertas públicas de aquisição, fusões e aquisições. Num sistema do tipo, métodos de produção mais avançados, modernos, não necessariamente são mais humanizados, e sim permitem mais oportunidades para que os aptos efetivamente realizem seu poder, enquanto os inaptos são derrotados ou resistem no caso de possuírem alguma força. A globalização é a nova fronteira desta agressão liberal no interior da sociedade. Desta maneira, a acepção moderna de crescimento econômico condiz com a interpretação de Alan Greenspan e Ben Bernanke; a validação dos aptos às custas dos inaptos. A mesma origem do objetivismo de Ayn Rand, donde, resumidamente, afirma que se um indivíduo é rico, ele é bom. Ela alcançou os limites da ideia de Max Weber acerca da origem do capitalismo no protestantismo (descrita em A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo), asseverando que o rico é sempre e necessariamente virtuoso, enquanto que o pobre vive no pecado. Ademais, propôs que os ricos se unissem contra o movimento trabalhista, os camponeses, justiceiros sociais e qualquer um que se relacionasse com a pobreza.

Karl Marx argumentava que mudanças nas estruturas sociais, suscitando melhoramento e desenvolvimento das realidades socioeconômicas, inevitavelmente resultariam na revolução proletária comunista que redistribuiria a riqueza acumulada como resultado do surgimento da tecnologia alienatória; a expropriação dos expropriadores. Repete-se o ideal de progresso unidirecional, e enquanto o fado da segunda teoria não se cumpre, o capitalismo acontece, pois para Marx o decorrer histórico é avanço, crescimento e aperfeiçoamento, visto como uma relação do menor para o maior e do simples para o complexo.

Neste contexto, O Manifesto Comunista de Marx e Friedrich Engels dedicou-se juntamente a criticar filosofias políticas antiburguesas que diferiam do marxismo, especialmente aquelas feudais, reacionárias e nacionalistas. Nota-se a contradição, pois em comparação com estes projetos conservadores, o comunismo suportava a burguesia para que sucedesse impreterivelmente, já que isto prosseguiria a narrativa do progresso histórico e da lógica modernizadora. Demais contradições entre o comunismo e o liberalismo adquirem um caráter particularmente agudo à medida que o triunfo do capitalismo subsiste. Neste momento que o marxismo entraria na história como a vanguarda do proletariado, impelindo o progresso histórico em direção ao socialismo e ao comunismo. Percebemos novamente a influência do darwinismo social, incluindo a plena aceitação de ideias evolucionárias e do credo no poder miraculoso do progresso científico e do aperfeiçoamento tecnológico.

Para Dugin, o fascismo é também um movimento evolucionário. Recorda aqui de Friedrich Nietzsche com sua "besta loira" — constante em Genealogia da Moral, uma Polêmica — , e sua vontade de poder, que seria o motor da história. Classifica Nietzsche como evolucionista, que acreditava na lógica do desenvolvimento da espécie para a substituição do humano pelo Super-Homem, similarmente a como o ser humano suplantou os símios. Já a interpretação nazista é racial, onde a raça branca seria mais desenvolvida que as outras, e com base nisto, teria a justificativa para governar o planeta. Este panorama progressista de desenvolvimento e melhoramento leva à presunção de supremacia, assumindo que as nações de cor branca possuem instrumentos sofisticados de produção industrial enquanto demais grupos étnicos, não. Por fim, a conexão entre racismo e evolução que igualmente manifesta-se no livre mercado e na ditadura do proletariado.

De um modo ou de outro, as três ideologias políticas modernas tendem ao crescimento, desenvolvimento, progresso, evolução e ao constante e cumulativo aperfeiçoamento da sociedade, pois surgiram do mesmo ideário. Todas visualizam o processo histórico linearmente, diferindo nas interpretações e na atribuição de significados, mas convergindo quanto à irreversibilidade do caráter progressivo da história, de modernização.

O cientista Gregory Bateson estudou o processo monotônico em três níveis (biológico, mecânico e do fenômeno social), concluindo que os resultados levam, respectivamente, à destruição da espécie, à avaria do artifício e à deterioração da sociedade. Dugin afirma que os processos monotônicos são ausentes da natureza, e que qualquer processo que acumule apenas um fator ou que enfatize apenas um traço em particular irremediavelmente conduz à morte, como consequência da seleção natural sobre o ser incompatível com a vida.

Já durante o estágio inicial da industrialização, evitar o processo monotônico foi o principal problema teorético, matemático, físico e de engenharia. A solução do governador centrífugo impede a alimentação indefinida de combustível nos motores a vapor, possibilitando a difusão em larga escala desta tecnologia. Os inventos mecânicos têm seu funcionamento incompatível com o processo monotônico, devendo-se prevenir o arranjo de crescimento em um sistema fechado. Bateson, ao analisar a sociologia, expôs que não existem processos monotônicos em sociedades reais. O crescimento populacional, por exemplo, também leva à guerra que por conseguinte reduz a população. Com a demonstração de Bateson, e sem o viés evolucionário, se faz a ideia de que processos monotônicos existem apenas nas mentes dos indivíduos como modelos ideológicos, não sendo verificados na realidade.

O autor também referencia o sociólogo Marcel Mauss, que havia demonstrado a destruição ritual, ou sacrifício, dos bens excedentes nas sociedades tradicionais; o superávit era considerado excessivo, para além das necessidades individuais. Dugin assevera que uma safra produtiva demais era considerada desastrosa em uma sociedade tradicional, pois a Weltanschauung era baseada na fé do aumento em uma área seguido do decréscimo em outra terra. Sendo assim, o excesso deveria ser disposto urgentemente, seja por meio de um festival comunitário em que toda a comida extra era consumida, por caridade ou ofertando-o aos deuses, dentre as opções frequentes. Daí origina o potlatch dos indígenas norte-americanos, quando ocorria a deliberada doação ou destruição de todo o excedente da propriedade pessoal. Mauss provou que as fundações do gregarismo humano portam a concepção do processo monotônico como algo destrutivo, e que a coesão social ocorre pela rejeição do processo monotônico, ao moldar o crescimento em um ciclo.

Contrastam os sociologistas Émile Durkheim, Pitirim Sorokin e Georges Gurvitch com Auguste Comte e Spencer, no que os primeiros arguiram pela inexistência do progresso social. Para eles, progresso não é um fenômeno social objetivo, e sim, um mito artificial, formulado cientificamente. Enquanto Lucien Lévy-Bruhl tentou provar que povos ditos selvagens pensavam pré-logicamente, e que humanos modernos, por sua vez, usariam lógica, Claude Lévi-Strauss demonstrou em Pensamento selvagem que a maneira do pensamento é idêntica, diferindo a construção da taxonomia. Franz Boas concorda com Strauss no sentido de que não se pode, de uma perspectiva antropológica, perceber o humano moderno como um ser evoluído de tribos consideradas arcaicas e primitivas. São grupos meramente diferentes, tendo como exemplo a comparação dos jovens ancestrais — que não conheciam os mitos devido a uma restrição no acesso — com os adultos modernos, que escolhem não acreditar nos mitos. Os adultos ancestrais incorporavam o histórico e o espírito dos antecessores falecidos às suas vidas, enquanto suas crianças eram caracterizadas pelo pragmatismo, ceticismo e o desejo de atribuir tudo a causas materiais. A inversão presente na modernidade decorre de uma configuração de sociedade diferente, nem pior tampouco melhor.

Nomes como Nikolai Daniliévski, Oswald Spengler, Carl Schmitt, Ernst Jünger, Arnold Toynbee e Lev Gumilyov indicaram que todos os processos na história da filosofia e na história da cultura são fenômenos cíclicos, condizentes com a teoria do ciclo social. Todos reconheceram o desenvolvimento, mas também o declínio. O crescimento unidirecional de caráter modernista, dito progresso, não existe realmente. De acordo com Piotr Sztompka, a percepção de progresso foi alterada nas humanidades, de critério científico no século XIX, para a rejeição do paradigma de progresso como anticientífica, no século XX. A ciência do último utiliza ciclicidade como critério científico, e para Sztompka, movemo-nos do paradigma da evolução modernizadora para o da crise e da catástrofe. Significa que todos os processos devem ser concebidos como relativos, reversíveis e cíclicos.

O autor ressalta que o paradigma do progresso é intolerante, impondo a irreversibilidade do tempo como um processo ortogenético, desprovido de respeito básico às diferentes etnias, devendo ser fundamentalmente rejeitado pela quarta teoria. Sugere que se apoie a repetição, a preservação de valores, e as alterações que visem a vida, como em nossas vidas pessoais, a serem orientadas para o equilíbrio, a adaptação e a harmonia. Retornando a Nietzsche (via O Nascimento da Tragédia no Espírito da Música), se há crescimento na vida — o movimento apolíneo em direção ao logos — , há também o balanço com o mundo dionisíaco, para se complementarem. Transportando a analogia, metade do ciclo constitui crescimento, e a outra metade, declínio; só existe memento mori em vida. Heidegger escreveu que reconhecer a parte oculta da esfera do ser não cria conflito com a vida, ao invés, glorifica-a.

A quarta teoria utiliza uma concepção de tempo reversível, socialmente dependente; desta maneira, a "nova Idade Média" de Nikolai Berdiaev se torna possível. É um ponto de vista pluralista para a ciência política, pois ao ignorar quaisquer conexões com a escala temporal, elementos de diferentes formas políticas podem ser aproveitados pela 4TP. O Dasein, como sujeito histórico, que institucionaliza o tempo — o tempo como função. A 4TP não demanda o retorno à convivência tradicional, apenas que cada sociedade possa definir como trata politicamente o tempo, estando livre para gestar conceituações cíclicas, ou regressivas, deste fenômeno social.

Crítica à pós-modernidade

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Introduz Dugin a questão da pós-modernidade proceder especialmente nos Estados Unidos da América, um lugar que se tornou vazio após a conquista da terra dos indígenas nativos pelos colonizadores europeus, que fora de seu continente, podiam criar condições de laboratório para a otimização da sociedade de base moderna, sem a carga da tradição da terra natal. Michael Hardt e Antonio Negri apontam em Império que num primeiro momento, a constituição dos Estados Unidos da América considerava os afro-americanos pessoas de classe inferior, enquanto aos indígenas restava a classificação como não-pessoas. Numa maneira específica, o sistema estadunidense era o local ideal para a realização do máximo de liberdade dos brancos, ao custo da determinada exclusão dos demais.

Na projeção estadunidense de mundo unipolar, onde prevalece o pilar da liberdade, ocorre o movimento para um novo estágio, pós-moderno, onde o indivíduo inicia a libertação de si mesmo, à medida que ele se sobrecarrega, interfere em si e entedia-se. Como escrito por Gilles Deleuze e Félix Guattari em O Antiédipo - Capitalismo e Esquizofrenia, o indivíduo se desintegra na "esquizo-massa". O indivíduo é um espectador no pós-modernismo, sem compreensão dos acontecimentos, percebendo-os apenas como uma torrente de imagens que distraem. Dugin percebe um conflito entre o teatro moderno, desapressado, e a estação de televisão, cooptada pelo pós-modernismo, onde seguem-se micro-processos em um ritmo frenético.

Incidentalmente, se pode negar a pós-modernidade com a mesma tese liberal da liberdade humana, podendo o indivíduo negar o que for, respeitando a própria vontade. Trata-se do paradoxo da liberdade, já que nela reside sempre algum elemento que a constrange; no mínimo, ter que pensar que a liberdade é o valor máximo, como consequência do autoritarismo liberal. E este momento, sob a égide da absoluta liberdade, inicia a remoção da liberdade de negar a liberdade em si. O modelo liberal ocidental reconhece o direito à liberdade de rejeição, e renega àqueles optantes deste direito; contudo, a vida humana é possível no lado exterior do liberalismo.

Há então a alusão ao conservadorismo, com o qual um pode recusar as contorções pós-modernas ao longo do vetor do progresso, pois levam ao labirinto da desintegração da realidade individual e ao sujeito rizomático, ou pós-sujeito. O conservadorismo constrói sua posição em oposição à lógica de desdobramento do processo histórico, através de uma topografia que rejeita o tempo histórico. Se pode adotar a instância tradicionalista, aspirando à manutenção do estado de coisas como nas sociedades tradicionais, e à preservação daquele estilo de vida, podendo ser um tradicionalismo lógico se criticar não apenas vários aspectos modernos (e pós-modernos), mas também ao se opor ao tempo, ao vetor fundamental do desenvolvimento histórico.

O tradicionalismo não discrimina fragmentos de um sistema maior, e sim, repudia tudo no mundo contemporâneo; a ideia de progresso, a ideia de desenvolvimento tecnológico, a filosofia do sujeito e do objeto de René Descartes, a analogia do relojoeiro, a ciência positivista — assim como a educação e a pedagogia fundadas nela. O episteme não é bom, é falso e autoritário de acordo com o tradicionalista. Este pode ir além, escrutinando na sociedade tradicional as tendências que permitiram o aparecimento da modernidade, como por exemplo, a ideia de tempo linear. O autor considera o tradicionalismo o método mais completo de relação conservadora com a história, a sociedade e o mundo, e que este fundamento pôde ser formulado em um modelo filosófico, político e ideológico após o estabelecimento do modernismo, já que durante os séculos XVIII e XIX — à época de René Guénon, Julius Evola, Titus Burckhardt, Leopold Ziegler, dentre outros — ainda haviam forças políticas (monarcas) e sociais (papas) que divergiam ativamente. Juntamente descarta as associações feitas do tradicionalismo com o fascismo, visto que este último é moderno em essência, portando sim elementos da sociedade tradicional, mas sem objetar o tempo.

Evola e Guénon podem ter efetuado prognósticos incorretos, em particular, o da vitória da "quarta casta", que seria o triunfo do proletariado, representado pela União Soviética, sobre a "terceira casta" (o lado capitalista). Opunham-se ao comunismo sem compreender completamente a presença nele de fragmentos tradicionais. Todavia, sua posição da sociedade tradicional como ideal supertemporal, que transcende o tempo e que foca no eterno ao invés do efêmero, pode servir de modelo para um novo paradigma.

Os indivíduos racionais contemporâneos podem perceber grupos como o dos velhos crentes tanto antiquados e obsoletos, quando em verdade são apenas diferentes. Operam em uma topografia diferente, e negam que o tempo seja sinônimo de progresso; para os velhos crentes, tempo é regresso, e inclusive creem que os modernos servem como sacrifício ao demônio. Este diferente sistema de hipóteses tem a complexidade e os parâmetros de suas estruturas absolutamente comparáveis com o regime de existência — consciência, pensamento e modelos sociais — de outras nações e povos.

Entretanto, Dugin atenta para que o conservadorismo não esteja imerso no status quo, situação que ele denomina de conservadorismo liberal, já que não rejeita o advento do pós-modernismo, apenas o posterga, quando em comparação com o progressismo. Afirma também que os conservadores liberais se apetecem do indivíduo livre, mas que consideram o pós-indivíduo livre, um excesso. Retorna à menção a Fukuyama, quando este, após proclamar o "fim da história", altera seu prognóstico, excluindo o componente revolucionário do processo, pois em revoluções se pode surgir algo indesejável com possibilidade de desorganizar ou até mesmo interromper o plano previsto; daí parte o temor do conservadorismo liberal com o comunismo, pois há a crença de que a segunda teoria não foi completamente obliterada, ainda que após 1991 qualquer referência ao comunismo tenha sido cooptada pela pós-modernidade e transmudada em simulacro.

E então Fukuyama começou a escrever que é necessário que se fortaleça temporariamente os governos nacionais — o que Dugin toma como uma protelação previsível no conservadorismo liberal, pois representa a discordância com manifestações vanguardistas da modernidade. Os conservadores liberais contemporâneos tomam como exemplo a posição de Edmund Burke, que defendia a liberdade, os direitos, a emancipação do homem, progresso e igualdade, mas através de métodos evolutivos, e não pela revolução (estando inserida no contexto da Francesa, e pretendendo evitar o terror jacobino).

Ademais, os conservadores liberais temem que o desmantelamento da modernidade, em andamento para a abertura da pós-modernidade, possa liberar o pré-moderno. Ainda assim, não protestam contra as tendências que constituem a essência da modernidade e a disposição da pós-modernidade. O autor cita o liberal Jürgen Habermas, para quem o iluminismo deve ser preservado (especialmente no que tange aos ideais do sujeito livre e da liberação moral), a fim de que a tradição não retorne, sendo interpretado como receoso frente aos conservadores tradicionalistas. Não obstante, Osama bin Laden é percebido como um sinal ominoso de que a pré-modernidade ainda pode sublevar-se.

Há o terceiro tipo de conservadorismo, denominado aqui de revolução conservadora e em verdade consistindo-se de uma amálgama da família de ideologias e filosofias políticas conservadoras, que em comum têm o tratamento do problema da correlação entre o conservadorismo e a modernidade, pois abordam-no dialeticamente. Se originou principalmente no pensamento de escritores alemães como Arthur Moeller van den Bruck, Werner Sombart, Othmar Spann, Friedrich Hielscher e Ernst Niekisch, classificados como dissidentes do nacional-socialismo. Para o conservador revolucionário, há um processo objetivo de degradação do mundo, capitaneado pelas forças da liberdade e do mercado, que lideram a humanidade ao longo do caminho da degeneração — esta uma posição comum com o conservador fundamentalista. Divergem na análise pois o conservador revolucionário deseja conhecer o cerne da decadência, havendo a crença de que a deidade em si porta a intenção escatológica.

Nesta visão o moderno adquire um caráter paradoxal; o presente repudiado é a manifestação corrente do passado, precioso para os tradicionalistas, e que preparou a atualidade. Sob este aspecto, a modernidade não torna-se melhor, enquanto a tradição perde sua positividade inequívoca. O conservador revolucionário não deseja apenas reduzir a velocidade do tempo, como os conservadores liberais, ou retornar ao passado, como os conservadores tradicionalistas, e sim extrair da estrutura do mundo a raiz do mal, e abolir o tempo como qualidade destrutiva da realidade; este processo culminando com a execução da intenção secreta, paralela e não-evidente da deidade, segundo o autor. Juntamente asserta que os conservadores revolucionários almejam pôr fim ao espetáculo como descrito por Guy Debord, isto é, remover o caráter de jogo da pós-modernidade.

Dugin aconselha que o conservador revolucionário permita que o pós-modernismo tenha seu turno, que eroda paradigmas definidos, tais como os do ego, superego e logos, que funda-se com o rizomático, as "esquizo-massas" e a consciência fragmentada. Entretanto, sem permitir que algo carregue consigo a substância do mundo, pois é esta conservação que permitirá a abertura de segredos de onde emergirão arquétipos ancestrais, eternos e ontológicos que encerrarão o jogo iniciado na modernidade. Por fim, a última tendência conservadora, influenciada pela esquerda liberal, o conservadorismo social. Dugin elege como representante típico Georges Sorel e sua obra Réflexions sur la violence. Descreve Sorel como o esquerdista que realiza que tanto sua posição como a inversa, direitista, combatem o mesmo adversário, a burguesia. Relaciona o conservadorismo social com o nacional-bolchevismo e o nacional-socialismo inicial de Gregor Strasser. O partido Rússia Unida, fundado em 2001, adotou o conservadorismo social como ideologia.

Referências

  1. Dugin, Alexander (2012). The Fourth Political Theory. Traduzido por Mark Sleboda; Michael Millerman. [S.l.]: Arktos Media. p. 213 
  2. The New American: A Review of Dugin's "The Fourth Political Theory"
  3. Foreign Affairs: Putin's Brain
  4. Saunders, Doug (22 de março de 2014). «Has Putin bought into these dangerous ideas?». The Globe and Mail. Consultado em 201?  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  5. Manifesto da New Resistance (NR) (em inglês)

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