Valentiniano III

Imperador romano de 425 a 455
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Valentiniano III (em latim: Flavius Placidus Valentinianus Augustus; Ravena, 02 de julho de 419 - Roma, 16 de março de 455) foi imperador romano do Ocidente de 425 a 455. Permaneceu na dependência de seu primo, o imperador Teodósio II (r. 408–450). Em seu reinado, perdeu a Britânia e deixou os vândalos instalaram-se no império, tal como os hunos.

Valentiniano III
Valentiniano III
Cabeça de Valentiniano III colocada em um busto moderno (Louvre)
Imperador Romano do Ocidente
Reinado 23 de outubro de 42416 de março de 455
Consorte Licínia Eudóxia
Antecessor(a) João
Sucessor(a) Petrônio Máximo
Regente Gala Placídia (424 a 437)
Nascimento 2 de julho de 419
  Ravena
Morte 16 de março de 455
  Campo de Marte, Roma
Dinastia teodosiana
Pai Constâncio III
Mãe Gala Placídia
Religião catolicismo

Ascensão

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Soldo de Gala Placídia

Nasceu em Ravena em 2 de julho de 419. Era filho de Gala Placídia, irmã do imperador Honório (r. 395–423), e Constâncio III (r. 421) e tinha uma irmã chamada Justa Grata Honória. Em 421/423, foi proclamado nobilíssimo por Honório. Gala e Honório discutem e Gala leva Valentiniano para viver em Constantinopla.[1] Em 15 de agosto de 423, Honório faleceu. Como nenhum imperador foi proclamado, João (r. 423–425) toma o poder em Roma em 23 de novembro, talvez com apoio do mestre dos soldados Castino.[2] De início, a corte oriental nada fez quanto a João e Sócrates diz que Teodósio II (r. 408–450) retardou o anúncio público da morte do tio. Com a morte dele, Teodósio reinou como monarca solo e o Código de Teodósio deixa claro que legislou por todo o império como único Augusto por meses e pode-se pensar que esperava que continuasse assim.[3] Já foi proposto, com base em suposto consulado de Castino em 424, que Teodósio originalmente chega a um acordo no qual Castino governaria como vicegerente em seu nome no Ocidente, mas tanto a evidência do consulado é dúbia como a proposta parece incerta; se foi cônsul, talvez sua nomeação ocorreu ainda sob Honório ou por influência de João.[4]

À época, João havia emitido moedas em seu nome e no nome de Teodósio em Ravena e enviou uma embaixada a Constantinopla na esperança de ganhar reconhecimento oficial e legitimação de seu regime. Sua embaixada, porém, não obteve sucesso, com Teodósio se recusando a reconhecê-lo e exilando seus emissários a vários pontos no Propôntida. Então, ciente de que se não tomasse alguma ação concreta quanto ao Ocidente ele seria perdido e se pensando incapaz de governar o país inteiro de sua capital, Teodósio decide apoiar seu primo Valentiniano, de 6 anos, como imperador. No começo de 424, eleva sua tia Gala Placídia (r. 424–437) como augusta e seu filho Valentiniano como nobilíssimo (ou seja, césar[5]), emite soldos em nome dela e postumamente aceita seu falecido marido Constâncio III como augusto.[6] Em algum ponto no mesmo ano, Valentiniano noivou sua prima Licínia Eudóxia e Teodósio enviou os generais Ardabúrio, seu filho Áspar e Candidiano à Itália para derrubar João.[7][b]

Eles viajaram com Gala, Valentiniano e Licínia e ao passarem por Salonica, em 23 de outubro, Valentiniano foi formalmente investido com posição e insígnias como césar pelo mestre dos ofícios Helião. Valentiniano também foi designado cônsul do ano seguinte com Teodósio, e a casa da moeda de Constantinopla emitiu várias moedas celebrando sua nomeação nas quais Valentiniano aparece de pé sem diadema e com vestes planas e Teodósio aparece paramentado e sentado; nas moedas há a inscrição "Saúde da República" (Salus Reipublicae). A campanha se arrasta até 425, João foi preso e levado a Aquileia, no norte da Itália, onde Valentiniano e Gala o esperavam. A tomada da cidade pelo exército imperial foi marcada pela emissão de moedas mostrando Teodósio como augusto com um nimbo e Valentiniano sem. João foi paradeado nas costas de um burro no hipódromo de Aquileia diante de Gala e Valentiniano, mutilado e executado em junho ou julho. Em 23 de outubro, Valentiniano foi coroado augusto por Helião em Roma. Teodósio começou aparentemente sua jornada rumo a Roma para elevá-lo, mas adoeceu em Salonica e retornou à capital. Contudo, celebrações foram feitas em Constantinopla.[8]

[a] ^ Desde 367, com a ascensão de Graciano (r. 367–383), torna-se prática comum no Império Romano nomear imperadores infantes. A historiadora Meaghan A. McEvoy vê que a nomeação de Valentiniano por Teodósio e sua corte reflete a prática já há muito institucionalizada, mesmo essa sendo a mais difícil e custosa de se obter dada as circunstâncias do período.[9]

Referências

  1. Martindale 1980, p. 1138.
  2. Martindale 1980, p. 595.
  3. McEvoy 2013, p. 228.
  4. McEvoy 2013, p. 228-229.
  5. McEvoy 2013, p. 223.
  6. McEvoy 2013, p. 229.
  7. Martindale 1980, p. 166, 595.
  8. McEvoy 2013, p. 231-232.
  9. McEvoy 2013, p. 226.

Bibliografia

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  • Martindale, J. R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1980). «Theodosius 6». The prosopography of the later Roman Empire - Volume 2. A. D. 395 - 527. Cambridge e Nova Iorque: Cambridge University Press 
  • McEvoy, Meaghan A. (2013). Child Emperor Rule in the Late Roman West, ad 367–455. Oxônia: Oxford University Press 
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