Vancomicina

composto químico
Vancomicina
Alerta sobre risco à saúde
Identificadores
Número CAS 1404-90-6
PubChem 14969
DrugBank DB00512
ChemSpider 14253
Código ATC A07AA09
Propriedades
Fórmula química C66H75Cl2N9O24
Massa molar 1449.12 g mol-1
Farmacologia
Biodisponibilidade Negligible (oral) , 100% IV
Via(s) de administração IV, oral
Metabolismo Excreted unchanged
Meia-vida biológica 4–11 hours (adults)
6-10 days (adults, impaired renal function)
Excreção Renal
Classificação legal Prescription Only (S4) (AU)


POM (UK)


Riscos na gravidez
e lactação
B2(AU) B (EUA)
Página de dados suplementares
Estrutura e propriedades n, εr, etc.
Dados termodinâmicos Phase behaviour
Solid, liquid, gas
Dados espectrais UV, IV, RMN, EM
Exceto onde denotado, os dados referem-se a
materiais sob condições normais de temperatura e pressão

Referências e avisos gerais sobre esta caixa.
Alerta sobre risco à saúde.

A Vancomicina é um antibiótico glicopéptidico usado no tratamento das infecções bacterianas. É um péptido tricíclico glicosilado não produzido em ribossoma, mas sim por enzimas específicas. Não é absorvida no intestino e é administrada via intravenosa, exceto no tratamento de infecções do próprio intestino.

Indicações editar

Não apresenta atuação sobre bactérias Gram-negativas, micobactérias e fungos. Ativo sobre Gram-positivos. Porém algumas cepas de Staphylococcus epidermidis, Staphylococcus haemolyticus e Staphylococcus aureus sejam resistente a teicoplanina, entretanto sensíveis a vancomicina.

Microrganismos sensíveis: CIM < 4 mg/l. Resistência: CIM > 32 mg/l Infecção anal e vaginal.

Mecanismo de acção editar

Inibe a síntese da parede celular da bactéria. Ela bloqueia a incorporação no peptidoglicano das subunidades N-ácido acetilmuramico e N-acetilglucosamina, ao se ligar reversivelmente a estas moléculas. Com parede celular deficiente as bactérias não resistem às pressões osmóticas e morrem.

Até recentemente, a vancomicina era dos poucos antibióticos sem casos descritos de resistência. No entanto, em 2002 uma mulher foi internada em Detroit com infecção por Staphylococcus resistente à vancomicina.[1]

Resistência antibiótica editar

O surgimento de resistência à vancomicina, um dos últimos recursos para tratar Staphylococcus multi-resistentes, redundou em cepas de Staphyloccocus que são resistentes a todos antibióticos em uso actualmente. Hoje, para a Vancomicina surtir efeito, ela deve apresentar MIC < 1,0 e a dose ainda deve ser maior do que a prescrita normalmente.

A resistência à vancomicina é um problema crescente, particularmente em locais como hospitais. Sendo a vancomicina um antibiótico de última geração para várias infecções por bactérias gram-positivas, a crescente resistência pode levar ao indesejado cenário de outrora, quando infecções bacterianas eram em sua maioria, fatais. O primeiro relato de Enterococcus resistentes à vancomicina remonta a 1987. Outros microorganismos patogênicos também desenvolveram resistência na década de 90 e começo do século XXI, inclusive Staphylococcus aureus e Clostridium difficile.[2][3] Ainda há a suspeita que o uso em granjas do antibiótico veterinário Avoparcin, um peptidoglicano similar, tenha contribuído para a emergência de cepas resistentes à vancomicina.[4]

A resistência é devida à alterações da estrutura do N-ácido acetilmuramico e N-acetilglucosamina, que nessa forma têm afinidade 1000 vezes menor para se ligar com a molécula do antibiótico. Em Enterococcus também resistentes, aparentemente há uma enzima que modifica as estruturas desses péptidos.

Efeitos adversos editar

  • Febre;
  • Reações alérgicas com manifestação cutânea(pele);
  • Ototoxicidade e Nefrotoxicidade: tóxicidade para o ouvido e rim (rara);
  • Hemorragias.[5][6]

História editar

Foi isolada da fermentação por bactérias de um membro da familia dos Actinomicetes, ou bactérias semelhantes a fungos, Amycolatopsis orientalis (relacionado às Nocardia), pela farmacêutica Eli lilly and company.[7] A patente expirou em 1980.

Referências

  1. Goldrick, Barbara (novembro de 2002). «First Reported Case of VRSA in the United States: An alarming development in microbial resistance.». AJN The American Journal of Nursing (em inglês). 102 (11). 17 páginas. ISSN 0002-936X 
  2. Smith TL, Pearson ML, Wilcox KR, Cruz C, Lancaster MV, Robinson-Dunn B, et al. Emergence of vancomycin resistance in Staphylococcus aureus. Glycopeptide-Intermediate Staphylococcus aureus Working Group. N Engl J Med 1999;340(7):493-501. PMID 10021469
  3. McDonald LC, Killgore GE, Thompson A, et al. Emergence of an epidemic, toxin gene variant strain of Clostridium difficile responsible for outbreaks in the United States between 2000 and 2004. N Engl J Med 2005;353:2433-2441. PMID 16322603
  4. LEME, Ivani Lúcia et al. Glycopeptides susceptibility among enterococci isolated from a poultry farm in São Paulo, Brazil (1996/1997). Braz. J. Microbiol., São Paulo, v. 31, n. 1, 2000. Acesso em: 04 Mar 2007. [1]
  5. Antibiótico Vancomycin pode causar hemorragia, diz estudo. O Estado de S. Paulo: online. Acesso em: 04 Mar 2007. [2]
  6. Von Drygalski, A. et al. Vancomycin-Induced Immune Thrombocytopenia. NEJM 2006, 356:904-910 [3]
  7. Gould, Kate (2016). «Antibiotics: from prehistory to the present day» (PDF). J Antimicrob Chemother. 71 (3): 572 –575. doi:10.1093/jac/dkv484. Consultado em 1 de agosto de 2022