Verpa bohemica é uma espécie de fungos sapróbicos da família Morchellaceae. Pode ser reconhecida no campo pelo seu chapéu enrugado em forma de dedal de cor amarela ou castanha pálida ligado ao topo do estipe ligeiramente colorido; a sua caraterística distintiva são os seus esporos relativamente grandes, tipicamente medindo 60–80 por 15–18 µm. Apesar de amplamente consumido, o seu consumo não é geralmente aconselhado devido a relatos de intoxicação em indivíduos suscetíveis. O sinónimo Ptychoverpa bohemica é frequentemente usado pelos micólogos europeus.[1]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaVerpa bohemica

Classificação científica
Reino: Fungi
Filo: Ascomycota
Classe: Pezizomycetes
Ordem: Pezizales
Família: Morchellaceae
Género: Verpa
Espécie: V. bohemica
Nome binomial
Verpa bohemica
(Krombh.) J. Schröt.
Sinónimos
  • Morchella bohemica Krombh.
    * Ptychoverpa bohemica (Krombh.) Boud.

Descrição editar

O chapéu do fungo (tecnicamente um apotécio) tem 2 a 4 cm de diâmetro por 2 a 5 cm de comprimento, com forma de sino ou cónica. Apresenta-se dobrado em cristas longitudinais que muitas vezes se fundem (anastomose) numa rede "venosa". O chapéu liga-se ao caule apenas no topo deste - pendurado no topo do estipe, com a orla lobada afastada do pé - e variando em cor do castanho-amarelado ao castanho-avermelhado; a face inferior do chapéu é pálida. O caule tem 6 a 12 cm de comprimento por 1 a 2,5 cm de espessura, é esbranquiçado, e afunila em direção ao topo de modo que o pé é mais grosso na base do que no topo.[2] Embora o caule esteja inicialmente algo preenchido com hifas algodoadas, ele torna-se eventualmente oco ao atingir a maturidade; de forma global, o cogumelo é bastante frágil.[3] A esporada é amarela. A carne é branca; o sabor e o odor desta espécie têm sido descritos como "agradáveis".[4]

Caraterísticas microscópicas editar

Em comparação com outras espécies típicas de cogumelos, os esporos de V. bohemica são enormes, medindo tipicamente 60–80 por 15–18 µm; são elípticos, lisos, por vezes curvos, e de aparência hialina a amarelada;[2] os esporos não contêm gotículas de óleo.[1] Os esporos "enormes", geralmente dois (mais raramente três)[5] por asco, são caraterísticos desta espécie.[6]

Habitat e distribuição editar

Os indivíduos desta espécie crescem isolados ou dispersos no solo em bosques no início da primavera, frequentemente antes do surgimento dos Morchella, mas desenvolvendo-se durante a época de frutificação destes últimos.[1] São frequentemente encontrados ao longo das margens de rios, próximo de choupos e salgueiros, muitas vezes enterrados em detritos vegetais.[7] Um estudo dos quocientes isotópicos de carbono e nitrogénio sugere que Verpa bohemica é sapróbico, isto é, obtém os nutrientes a partir da matéria orgânica em decomposição.[8] V. bohemica tem uma distribuição ampla por toda a América do Norte,[1] e é também encontrado na Europa.[4]

Um estudo sobre a distribuição, tempo de frutificação e habitats de populações de Verpa e Morchella feito no Iowa ao longo de dez anos, mostrou que as espécies de Verpa são as primeiras a frutificar na primavera, pouco depois das folhas das árvores decíduas começarem a formar-se. Morchella angusticeps frutifica a seguir, seguido de Morchella esculenta e por fim Morchella crassipes.[9]

Comestibilidade editar

 
Secção transversal de V. bohemica

A comestibilidade desta espécie é questionável; embora Verpa bohemica seja comido por muitos, existem relatos de que a ingestão de grandes quantidades numa só refeição, ou em dias sucessivos, pode causar intoxicação em indivíduos suscetíveis.[10] Os sintomas incluem transtorno gastrointestinal e falta de coordenação muscular, similares aos efeitos relatados por alguns indivíduos após o consumo de Gyromitra esculenta.[5] Aqueles que realmente queiram consumir esta espécie são frequentemente aconselhados a escaldar os cogumelos em muita água (descartando-a),[11] ou a secar os espécimes antes de os comer.[12]

Espécies semelhantes editar

Verpa conica, uma espécie estreitamente relacionada, apresenta tipicamente o chapéu liso, embora sejam conhecidos espécimes com chapéus enrugados. Outra espécie semelhante é Morchella semilibera, a qual tem um chapéu com aspecto de favo o qual está unido ao caule ao longo de cerca de metade do comprimento deste, com cristas que são mais escuras do que as covas. Adicionalmente, visto em corte transversal, o caule de um espécime de M. semilibera é oco, branco, enquanto o de V. bohemica tem geralmente feixes algodoados no interior.[1] Verpa bohemica pode ser distinguido das espécies semelhantes de forma fiável pelos seus esporos de maior tamanho.

Ver também editar

Referências

  1. a b c d e Kuo M. «Verpa bohemica (MushroomExpert.Com)». Consultado em 25 de março de 2009 (em inglês)
  2. a b Healy RA, Huffman DR., Tiffany LH, Knaphaus G. (2008). Mushrooms and Other Fungi of the Midcontinental United States (Bur Oak Guide). Iowa City: University of Iowa Press. p. 295. ISBN 1-58729-627-6 
  3. Schalkwijk-Barendsen HME. (1991). Mushrooms of Western Canada. Edmonton: Lone Pine Publishing. p. 178. ISBN 0-919433-47-2 
  4. a b Phillips R. «Rogers Mushrooms | Mushroom Pictures & Mushroom Reference». Rogers Plants Ltd. Consultado em 25 de março de 2009 (em inglês)
  5. a b Horgen PA, Ammirati JF, Traquair JA. (1985). Poisonous Mushrooms of the Northern United States and Canada. Minneapolis: University of Minnesota Press. p. 337. ISBN 0-8166-1407-5  Google Books
  6. McKnight, Vera B.; McKnight, Kent H. (1987). A Field Guide to Mushrooms, North America. Boston: Houghton Mifflin. p. 42. ISBN 0-395-91090-0  Google Books
  7. Ammirati JF, McKenny M, Stuntz DE. (1987). The New Savory Wild Mushroom. Seattle: University of Washington Press. p. 214. ISBN 0-295-96480-4 
  8. Hobbie EA, Weber NS, Trappe JM. (2001). «Mycorrhizal vs saprotrophic status of fungi: the isotopic evidence». New Phytologist. 150: 601–610. doi:10.1046/j.1469-8137.2001.00134.x 
  9. Tiffany LJ, Knaphaus G, Huffman DM. (1998). «Distribution and ecology of the morels and false morels of Iowa». Journal of the Iowa Academy of Science. 105 (1): 1–15 
  10. Orr DB, Orr RT. (1979). Mushrooms of Western North America. Berkeley: University of California Press. p. 36. ISBN 0-520-03656-5 
  11. Hall IR. (2003). Edible and Poisonous Mushrooms of the World. Portland, Or: Timber Press. ISBN 0-88192-586-1 
  12. Sept JD. (2006). Common Mushrooms of the Northwest: Alaska, Western Canada & the Northwestern United States. Sechelt, BC, Canada: Calypso Publishing. p. 82. ISBN 0-9739819-0-3 

Ligações externas editar