Viatodos
Viatodos é uma povoação portuguesa do Município de Barcelos que foi sede da extinta Freguesia de Viatodos, freguesia que tinha 4,21 km² de área[1] e 3 840 habitantes (2011)[2], e, por isso, uma Densidade populacional de 437,1 hab/km.
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Freguesia portuguesa extinta | ||||
Casa da Murta | ||||
Símbolos | ||||
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Gentílico | Viatodense | |||
Localização | ||||
Localização de Viatodos em Portugal Continental | ||||
Mapa de Viatodos | ||||
Coordenadas | 41° 26′ 55″ N, 8° 33′ 27″ O | |||
Município primitivo | Barcelos | |||
Município (s) atual (is) | Barcelos | |||
Freguesia (s) atual (is) | Viatodos, Grimancelos, Minhotães e Monte de Fralães | |||
Características geográficas | ||||
Área total | 4,21 km² | |||
População total (2011) | 1 840 hab. | |||
Densidade | 437,1 hab./km² | |||
Outras informações | ||||
Orago | Santa Maria |
A Freguesia de Viatodos foi extinta em 2013, no âmbito de uma reforma administrativa nacional, tendo sido agregada às Freguesias de Grimancelos, Minhotães e Monte de Fralães, formando uma União das Freguesias de Viatodos, Grimancelos, Minhotães e Monte de Fralães da qual é sede.[3]
População
editarPopulação da freguesia de Viatodos (1864 – 2011)[4] | ||||||||||||||
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1864 | 1878 | 1890 | 1900 | 1911 | 1920 | 1930 | 1940 | 1950 | 1960 | 1970 | 1981 | 1991 | 2001 | 2011 |
854 | 940 | 957 | 902 | 983 | 1 037 | 1 135 | 1 279 | 1 447 | 1 496 | 1 505 | 2 006 | 2 060 | 2 027 | 1 840 |
Geografia
editarEsta localidade, que cobre uma vasta e fértil área, beneficiou no passado e continua a beneficiar no presente de nela se cruzarem as estradas que vêm de Famalicão para Barcelos e de Braga para Vila do Conde. Como nas suas vizinhas, a agricultura hoje perdeu importância e os seus moradores ou trabalham nas pequenas unidades industriais e serviços locais ou se empregam em Famalicão ou Braga ou noutras paragens.
Viatodos confronta a nascente com Nine, a sul com Louro, a poente com Minhotães e Grimancelos, e a norte com Monte de Fralães e Silveiros.
Orago e nome
editarO orago é Santa Maria, a mãe de Jesus.
Sobre a etimologia do nome desta povoação, fantasiaram-se versões sem o mínimo de fundamento histórico. De facto, atendendo aos registos mais antigos (Censual do Bispo D. Pedro, Inquirições de D. Afonso III), Viatodos deriva de «Bem-a-todos» (Avelino de Jesus Costa), que então se escrevia «Benatodos». Daqui para a forma Beatodos (que já vem nas Inquirições de D. Afonso II) é um passo. Este é o verdadeiro nome do povoado. A forma Viatodos, nome oficial, resulta duma hipercorrecção.
Religião
editarEm meados do século XVIII, passou a funcionar na localidade a «palestra» eclesiástica, a que acorriam sacerdotes locais e das vizinhanças. Havia também uma irmandade eclesiástica importante.
Entre os párocos desta povoação, há o caso bem curioso do Pe. João de Sousa Afonso e Abreu, nascido em S. Mamede de Sandiães, Ponte do Lima, em 1768, e falecido em Viatodos em 1837.
No período de grande desorientação que precedeu a instalação do Liberalismo, fez alarde das suas opções pelas novas orientações políticas.
Tal se deduz claramente da acta do juramento da Carta Constitucional, ocorrido no Couto de Fralães em 1 de julho de 1826. Embora a reunião tenha decorrido na Casa de Fralães, próximo da igreja paroquial local, ele trouxe os participantes para a sua igreja de Viatodos e aí realizou um solene Te Deum de acção de graças. Ainda mais claramente se deduz desta informação de Teotónio da Fonseca: «o P.e João de Sousa Afonso e Abreu, reitor desta aldeia, foi preso por constitucional em 1829 e solto do Aljube do Porto em 1831».
A vitória liberal de 1834 fez dele sem dúvida um herói, conseguindo então anexar a paróquia vizinha de Monte de Fralães. Em 1837, «os seus inimigos porém, quando um dia ele vinha de uma localidade vizinha, esperaram-no com taleigas cheias de areia e de tal maneira o sovaram com taleigadas que dentro em pouco morreu» (Teotónio da Fonseca).
Embora se desconheça quem o sovou e onde, Monte de Fralães, em 1838, recuperou a sua independência como paróquia e viu o seu pároco expulso retomar o lugar.
Na edição de 1882 de "Portugal Antigo e Moderno" podem-se encontrar dados interessantes sobre Viatodos:
Na noite de 18 para 19 de Abril de 1881, os ladrões sacrílegos arrombaram a porta da igreja matriz desta aldeia e, entrando nela, arrombaram as caixas das esmolas e roubaram o seu conteúdo, assim como bastantes objectos pertencentes ao culto divino; tudo no valor de 200$000 réis (o ordenado anual do reitor era de 160$000 réis).
"A primeira imagem da padroeira era tão antiga e estava em tal estado que o visitador a mandou enterrar e que se fizesse uma nova; mas uma mulher vizinha da igreja não consentiu, levando a imagem para sua casa onde a conservou, com muita devoção. A nova imagem tem um metro d'altura. A igreja matriz é sagrada como se vê das várias cruzes que a cercam nas paredes interiores."
História
editarAo lugar de Febros (aliás, a Britelos) e à Veiga do Olho Marinho, associam as Inquirições de D. Afonso III o nome do trovador João Garcia de Guilhade. No primeiro caso, porque criou aí uma filha, no segundo, porque lá, com outros, cultivava em seu proveito propriedade régia.
À data, parte da localidade já era «Honra de Farlães».
Em 1548, Viatodos actualizou o seu tombo; é um notável e extenso documento que dá uma ideia precisa da realidade da aldeia.
Viatodos fez parte, desde meados do século XIV até 1836, do Concelho de Fralães; muitos edis deste concelho daqui foram naturais.
Devido ao cruzamento das estradas já assinalado, houve aqui uma estalagem - a estalagem da «Jabelinha» -, como se lhe refere um documento, e, por exemplo, açougue, ferreiros, um ferrador, etc.
As casas mais notáveis foram as dos Vasconcelos, em Palmeira, e a do Xisto, dos Felgueiras Benevides.
Desde o Liberalismo até ao fim da Monarquia, teve sede aqui sede um Distrito do Juiz de Paz, que deixou vasta documentação e que incluía muitas freguesias das redondezas.
Viveu em Viatodos, embora de modo intermitente, o poeta Matias Lima, que a ela dedica muitos poemas.
Foi dela natural o sacerdote Barbosa Campos, que deixou também um conjunto de sonetos.
Outro notável foi o farmacêutico Sr. Oliveira, dono da farmácia da Isabelinha (o registo da botica que precedeu esta farmácia foi feito no tabelião do Couto de Fralães). A ele recorreu a mãe da Beata Alexandrina Maria da Costa uma ou talvez duas vezes para tratamento da filha.
Em 1926, as tropas que do Porto vieram para a estação da CP de Nine fazer frente à insurreição de Gomes da Costa chegaram a encher por completo a Recta da Estação, num espectáculo que causou dó, pelo esgotamento das tropas, e justificados receios.
A Escola Preparatória de Viatodos foi criada há mais de trinta anos.
Em Fonte Velha, ocorreu por meados do século XX um importante achado arqueológico, o do esconderijo dos «machados de Viatodos», valioso conjunto de peças de bronze que remontam ao século VIII a. C. e que durante décadas se guardaram no extinto museu portuense de S. João Novo (hoje deverão encontrar-se no museu bracarense dos Biscainhos).
A Feira da Isabelinha, em tempos semanal, hoje anual, foi criação do Concelho de Fralães, como consta do respectivo Livro dos Acórdãos.
Resultados eleitorais
editarEleições autárquicas (Junta de Freguesia)
editarPartido | % | M | % | M | % | M | % | M | % | M | % | M | % | M | % | M | % | M | % | M |
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1976 | 1979 | 1982 | 1985 | 1989 | 1993 | 1997 | 2001 | 2005 | 2009 | |||||||||||
PPD/PSD | 37,2 | 3 | 65,1 | 9 | 47,4 | 6 | 46,8 | 5 | 58,4 | 6 | 37,3 | 4 | 58,9 | 5 | 84,4 | 8 | 82,1 | 8 | ||
PS | 29,9 | 3 | 16,8 | 2 | 26,6 | 4 | 40,9 | 3 | 35,6 | 3 | 35,1 | 3 | 52,7 | 5 | 39,7 | 4 | 14,1 | 1 | 15,8 | 1 |
CDS-PP | 28,9 | 3 | 15,4 | 2 | 13,1 | 1 | 12,6 | 1 | 7,1 | - | ||||||||||
IND | 55,7 | 8 |
Referências
- ↑ Instituto Geográfico Português, Carta Administrativa Oficial de Portugal (CAOP), versão 2012.1
- ↑ «População residente, segundo a dimensão dos lugares, população isolada, embarcada, corpo diplomático e sexo, por idade (ano a ano)». Informação no separador "Q601_Norte". Instituto Nacional de Estatística. Consultado em 6 de Março de 2014. Cópia arquivada em 4 de dezembro de 2013
- ↑ Diário da República, 1.ª Série, n.º 19, Lei n.º 11-A/2013 de 28 de janeiro (Reorganização administrativa do território das freguesias).
- ↑ Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes