Villa Altieri é uma villa localizada num quarteirão delimitado pela Via Emanuele Filiberto, a Via Statilia e a Viale Alessandro Manzoni, onde está a entrada principal (nº 47), no rione Esquilino de Roma[1].

Gravura de Alessandro Specchi (1699).

História e descrição editar

Esta villa foi construída por volta de 1660 como residência de férias para o cardeal Paluzzo Albertoni Altieri por Giovanni Antonio De Rossi, autor também do Palazzo Altieri, na vinha que a família possuía no monte Esquilino[2]. Além dos dois palácios em Roma, os Altieri eram também proprietários de um terceiro em Oriolo Romano, um de seus feudos[3]. De Rossi era um contemporâneo de Gian Lorenzo Bernini que introduziu elementos naturalísticos (rochas) no projeto de palácios, como se vê no Palazzo Montecitorio[3]. A propriedade tinha um formato triangular e era atravessado pela estrada reta que ligava o palácio à praça semicircular de entrada localizada na Via Felice, assim chamada por causa do nome de batismo do papa Sisto V, Felice Perretti, que determinou a sua abertura para ligar a igrejas de Trinità dei Monti e Santa Croce in Gerusalemme. Depois da captura de Roma (1870), a via foi fracionada nas atuais Via Sistina, Via delle Quattro Fontante, Via Agostino Depretis, Via Carlo Alberto, Via Conte Verde e Via di S. Croce in Gerusalemme. É neste último trecho que ficava a entrada para a Villa Altieri[2].

 
O degradado portal de entrada na Viale Alessandro Malzoni.

A estrutura original do edifício era caracterizada por uma grande escada com duas rampas semicirculares, ainda existente, que incluía uma fonte afixada na parede com dois golfinhos e dois tritões que jorravam água. Estas rampas terminavam em uma lógia com uma porta-janela encimada por um grande brasão da família Altieri e ao centro da qual estava uma pequena fonte, roubada em 1990, da qual resta somente a bacia inferior oval e o suporte central canelado. As rampas eram também decoradas com estátuas, hoje perdidas. Atrás da fonte dos golfinhos está ainda hoje o pórtico criado pela projeção do pequeno terraço logo acima, a partir do qual se podia, na época, admirar o jardim em frente no qual ficava uma fonte circular, também perdida[2].

 
Fotografia da propriedade em 1852, incluindo o famoso labirinto, destruído para abrir espaço para construções modernas.

A fachada de trás dava para um terraço de onde se descia para um segundo que, através de escadas laterais, levava a um vasto parque, enfeitado com estátuas, fontes de água e o famoso e sugestivo labirinto circular de sebes em formato de caixa com um pinheiro no centro, mais tarde completamente suplantado pelos edifícios circundantes. Também o pequeno palacete sofreu com inúmeras modificações, dentro e fora, sendo a mais evidente a construção de um ático criando um novo piso que alterou o equilíbrio e as proporções da fachada. O pátio interno teve seu formato alterado, a fonte no centro da escadaria de entrada foi reduzida e quase todas as decorações esculturais foram removidas ou danificadas. Contudo, a perda maior provavelmente foi a destruição das pinturas provenientes do "Sepulcro dos Nasões" (em italiano: Tomba dei Nasoni), descoberto em 1674 e escavado em 1764 na Via Flaminia, perto da Isola Farnese, que eram da época de Marco Aurélio[2]. Estas pinturas rapidamente se deterioraram, mas cópias foram desenhadas e descritas por Gian Pietro Bellori, curador de antiguidades do papa Clemente X e mais conhecido como historiador da arte. Algumas delas, já muito restauradas, foram vendidas ao Museu Britânico[3].

No lado direito da fachada há dois arcos de pedra falsos com duas pequenas bacias: cada lado dos arcos estava decorado com estátuas das quais pouco restou. Hoje o acesso à vila se dá a partir do belo portal de cantaria localizado na Viale Alessandro Manzoni, adornado ainda hoje com uma grande inscrição na arquitrave ("VILLA ALTIERI"). Numerosas foram as mudanças de propriedade desde a época do papa Pio IX (r. 1846-1878), quando a villa pertencia ao monsenhor Francesco Saverio De Merode (1862-1873[1]). Depois, por um curto período, a villa foi utilizada como prisão feminina e em seguida passou para as irmãs de Santa Doroteia (Suore maestre di Santa Dorotea), proprietárias entre 1897 e 1933[1], e depois para o Istituto Figlie di Nostra Signora del Monte Calvario. Finalmente, foi propriedade dos Scarano, dos marqueses de Villefranche até acabar como sede de escolas: atualmente abriga o Istituto Professionale di Stato "Teresa Confalonieri" e o Liceo Scientifico Statale "Isacco Newton"[2].

Ver também editar

Referências

  1. a b c «Villa Altieri» (em italiano). InfoRoma 
  2. a b c d e «Villa Altieri» (em italiano). Roma Segreta 
  3. a b c «Villa Altieri sul Monte Esquilino» (em inglês). Rome Art Lover