Vingt Rosado

político brasileiro

Jerônimo Vingt Rosado Maia (Mossoró, 13 de janeiro de 1918Mossoró, 2 de fevereiro de 1995) foi um político brasileiro. Exerceu o mandato de deputado federal constituinte em 1988,[1] além de vereador e prefeito de Mossoró e deputado federal.

Vingt Rosado
Vingt Rosado
Nascimento 13 de janeiro de 1918
Mossoró
Morte 2 de fevereiro de 1995 (77 anos)
Mossoró
Cidadania Brasil
Ocupação político

Nasceu no dia 13 de janeiro de 1918 em Mossoró, centro econômico e político do interior do estado do Rio Grande do Norte.[2] Filho de Isaura Rosado Maia e Jerônimo Rosado, foi casado com Maria Lurdes Bernardete da Escócia Rosado e teve três filhos, entre os quais uma era adotiva.[3]

Ingressou na política em 1948, quando assumiu o cargo de vereador da cidade em que nasceu. Em 1953, deixou a Câmara Municipal para assumir a prefeitura de Mossoró,[4] função que exerceu até outubro de 1958, ano em que foi eleito deputado estadual pelo Rio Grande do Norte. Tomando posse em fevereiro de 1959, tornou-se o primeiro vice-presidente da Assembleia Legislativa de seu estado.[5]

Em outubro 1962 foi eleito deputado federal, cargo que assumiu em fevereiro e permaneceu até 1991, sendo reeleito sete vezes. Nesse período, foi membro de comissões e deputado federal da constituinte, de 1986 a 1988.[5]

Vida pessoal editar

Jerônimo Vingt Rosado Maia nasceu no dia 13 de janeiro de 1918 em Mossoró, Rio Grande do Norte. Filho de Isaura Rosado Maia e Jerônimo Rosado, teve influência familiar para entrar na política, já que seus irmãos - Jerônimo Dix-Sept Rosado Maia, governador do Rio Grande do Norte no ano de 1951, e Jerônimo Dix-Huit Rosado Maia, deputado federal de 1951 a 1959 e senador de 1959 a 1967, ambos pelo Rio Grande do Norte - fizeram carreira no setor.[5]

Para a sua formação, fez diversos cursos e atuou em diferentes áreas. Entre eles, o de farmácia, de oficial da reserva do Exército, no Corpo de Saúde e também de comércio. Foi proprietário agrícola, pecuarista e industrial, também tendo exercido as funções de  farmacêutico, assim como seu pai, e contador.[3]

A família Rosado no Poder Executivo editar

A família Rosado dominou grande parte do poder executivo até o ano de 1948. Como uma estratégia de revezamento, apostaram na construção de um imaginário local, ou seja, na criação de uma imagem de progresso para a região.[2] Tal imagem foi impulsionada pela criação e participação em diversas instituições intelectuais, que demarcavam o surgimento de uma elite cultural no estado. Consequentemente, nascia a visão dos políticos profissionais, aptos para o governo.[2]

A partir da eleição de Dix-Sept Rosado para prefeito, observa-se a permanência do cargo entre membros da família ou entre seus apoiadores.[2]

A tese de Renato Amado Peixoto (2010) reforça a visão. Peixoto demonstra como na primeira década do século XX e última década do século XIX, o Estado do Rio Grande do Norte organizou seus arranjos políticos por meio de arranjos familiares que produziram, de diversas maneiras, identidades distintas.[6]

A história da família começa com a chegada do Paraibano Jerônimo Rosado, o patriarca, a Mossoró, em 1890, aceitando o convide do amigo, Francisco Pinheiro de Almeida Castro, para inaugurar uma nova farmácia na cidade.[7]

Farmacêutico, formou-se no Rio de Janeiro e teve seus estudos financiados por nomes da política do estado, o que revela sua conexão com personalidades.[2]

O Patriarca Rosado construiu sua carreira até assumir a liderança do Partido Liberal. Apoiou a carreira política de Almeida Castro e era tido como um homem de prestígio social.[7]

A força da família no comércio, nas relações políticas e na indústria - que os deu grande poderio econômico, proveniente das indústrias extrativistas de sal e gipsita - consolidou seu poder político. Sua condição econômica foi essencial para construir sua imagem como um político preparado.[2]

Mas esse desejo de construir estrategicamente uma imagem pública de prestígio não é exclusivo da família Rosado, pode ser observado em grande parte de nomes políticos atuais.[8]

Um instrumento pelo qual, não só o fundador, mas toda a família, ganhou prestígio vocacional, construindo uma nova percepção de Mossoró, que consolidava sua identidade como "O país de Mossoró",[9] foi a editora Coleção Mossoroense, criada por Jerônimo Vingt-un Rosado Maia, em 1949, para levantar pesquisas à cerca da cidade e do estado do Rio Grande do Norte, desvendando suas causas problemáticas, agricultura e pecuária.[10]

Vereador, prefeito e deputado editar

Eleito vereador de Mossoró em 1948, ficou no cargo até 1953, quando deixou a Câmara Municipal ao ganhar o pleito para a prefeitura local. Em 1958, saiu da função para se tornar deputado estadual pelo Rio Grande do Norte. Na legenda da Frente Popular Democrática, coligação composta pela União Democrática Nacional (UDN) e o Partido Republicano (PR), tornou-se o primeiro vice-presidente da Assembleia Legislativa. Conhecido no Estado, elegeu-se deputado federal em 1962 pela legenda Aliança Democrática Trabalhista, coligação composta pelo Partido Social Trabalhista (PST) e UDN, tomando posse em fevereiro do próximo ano.[5]

Com o fim dos partidos políticos devido ao Ato Institucional nº 2 e o consequente bipartidarismo, filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena), que apoiava o regime militar. Por essa legenda foi reeleito deputado federal em 1966, 1970 e 1974. Nesses doze anos, fez parte das comissões de Orçamento, Comunicações, de Energia, de Minas, Coordenador de Estudos do Nordeste, além das de Saúde, de Segurança Nacional e de Transportes. Também foi vice-presidente das comissões de Ciência e Tecnologia e Trabalho e Legislação Social.[5]

Reeleito pela quarta vez em 1978, seguiu na vice-presidência da comissão de Ciência e Tecnologia e foi membro da Comissão do Interior. Quatro anos depois tomou posse como deputado federal pela quinta vez, agora pelo Partido Democrático Social (PDS), já que o bipartidarismo havia terminado. Ainda na Comissão do Interior nessa legislatura, faltou na votação da emenda Dante de Oliveira, que propunha a volta das eleições diretas para Presidente da República, em novembro de 1984. A emenda não foi aprovada e, com isso, votou em Paulo Maluf, candidato do regime militar, para o cargo máximo do executivo em 1985. No entanto, Tancredo Neves, da oposição, foi eleito. Neves, contudo, adoeceu e faleceu antes de assumir a função.[5]

Deputado constituinte editar

Na legenda do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB),[11] foi eleito deputado constituinte em 1986, tomando posse na Assembleia Nacional Constituinte em fevereiro do ano seguinte. Durante o mandato, foi titular da Subcomissão do Menor e do Idoso e das comissões da Família, Educação, Cultura e Esportes, Ciência e Tecnologia e Comunicação, além de substituto das comissões de Direitos Políticos, Direitos Coletivos e Garantias, Comissão da Soberania e dos Direitos e Garantias do Homem e da Mulher.[5]

Nas principais votações da Assembléia Nacional Constituinte, foi contra a jornada de trabalho semanal de 40 horas, o turno sem intervalos de seis horas, a estatização do setor financeiro, a pena de morte, a apropriação da propriedade produtiva pelo Estado, a diminuição do direito à propriedade privada, a limitação para a obrigatoriedade dos pagamentos da dívida externa e legalização do jogo do bicho. Em contrapartida, foi à favor do fim das relações com países que apoiavam a discriminação racial, da proteção aos trabalhadores mediante a despedida sem justa causa, do teto de 12% para os juros, do fim do comércio de sangue, da extensão do mandato de José Sarney para cinco anos e da anistia aos empresários de pequeno porte.[5]

Em outubro 1988, deixou a Assembléia Nacional Constituinte, já que a Constituição havia sido promulgado. Na Câmara dos Deputados deu continuidade as suas atividades até 1991, quando deixou o cargo sem tentar reeleição. Conhecido como o cacique do Oeste Potiguar, por causa da sua liderança na região, Vingt Rosado faleceu em dois de fevereiro de 1995.[5]

Resultados das campanhas de Vingt Rosado para deputado federal[12]
Eleição Partido Votos na eleição Votos em Mossoró
1962 UDN 24.527 9.679
1966 ARENA 29.490 Dados indisponíveis
1970 ARENA 40.009 16.469
1974 ARENA 49.737 14.091
1978 ARENA 44.743 17.360
1982 PDS 43.421 17.482

Referências

  1. «Vingt Rosado - CPDOC». CPDOC. Consultado em 2 de janeiro de 2018 
  2. a b c d e f Nascimento, Lerisson C. (2009). «Notas sobre poder local: a família Rosado e a política em Mossoró/RN». Cadernos de Campo: Revista de Ciências Sociais. 0 (12). ISSN 2359-2419 
  3. a b Brasil, CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do. «JERONIMO VINGT ROSADO MAIA | CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil». CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Consultado em 24 de setembro de 2018 
  4. LIMÃO FALCÃO, Marcílio (2017). No labirinto da memória: fabricação e uso político do passado de Mossoró pelas famílias Escóssia e Rosado. São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo - USP. pp. página 219 
  5. a b c d e f g h i Brasil, CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do. «JERONIMO VINGT ROSADO MAIA | CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil». CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Consultado em 22 de setembro de 2018 
  6. http://revistas2.uepg.br/index.php/rhr/article/view/2365/1859  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  7. a b (PDF) http://portais4.ufes.br/posgrad/teses/tese_8136_TESE%20de%20Paula%20Rejane%20Fernandes%20-%20PPGHIS%20-%20UFES%20-%202014.pdf  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  8. Carvalho, Ricardo. «Como se constrói a imagem de um candidato». CartaCapital 
  9. (PDF) https://repositorio.ufrn.br/jspui/bitstream/123456789/16970/1/SadraqueMAC_DISSERT.pdf  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  10. Fernandes, Paula Rejane (2012). «O intelectual e a coleção: a escrita de si de Jerônimo Vingt-un Rosado Maia por meio da Coleção Mossoroense». Revista Sertões. 2 (1). ISSN 2179-9040 
  11. Lima Falcão, Marcílio (2017). No labirinto da memória: fabricação e uso político do passado de Mossoró pelas famílias Escóssia e Rosado. São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo - USP. pp. página 134 
  12. «Eleições anteriores». www.tse.jus.br. Consultado em 23 de setembro de 2018