Volta do mar

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Volta do mar, volta do Brasil, volta do mar largo, volta do largo, volta da Guiné ou volta da Mina, é uma manobra de navegação utilizada em longas viagens oceânicas, que remonta aos descobrimentos portugueses do século XV. Esta técnica consiste em descrever um largo arco para evitar a zona central de calmaria e aproveitar os ventos e correntes permanentes favoráveis, que giram no sentido dos ponteiros do relógio quando no hemisfério norte, e em sentido contrário no hemisfério sul, devido à circulação atmosférica e ao efeito de Coriolis.[1]

O giro do Atlântico Norte, o conjunto circular de correntes que determina a volta.
Mapa mostrando a localização das principais correntes e ventos oceânicos giratórios

História editar

O nome "volta do mar largo" foi cunhado pelos navegadores portugueses no período dos descobrimentos no Oceano Atlântico Norte, quando eram obrigados, no regresso das costas equatoriais africanas, a afastar-se para o mar largo, evitando o Mar dos Sargaços e ganhando o Atlântico Central, para depois rodarem para les-nordeste vindo cruzar as águas dos Açores. Foi citado pela primeira vez no diário de Álvaro Velho, cronista e marinheiro que participou da expedição marítima comandada por Vasco da Gama, que chegou a Índia em 1498.[2]

A importância geoestratégica dos Açores, de Ascensão e de outras ilhas oceânicas deve-se à necessidade de seguir a "volta do largo". No caso do Atlântico Norte, não era possível a navegação directa para as costas europeias, pelo que qualquer navio vindo do hemisfério sul (incluindo os vindos da Índia, China e outras regiões da Ásia via Cabo da Boa Esperança) ou das Caraíbas, era obrigado a cruzar as alturas dos Açores ou um pouco a norte daquelas ilhas. Foi esse efeito que fez da cidade de Angra a universal escala do mar ponente nas palavras do historiador Gaspar Frutuoso[3].

A "volta do mar" é também invocada nas controvérsias sobre o descobrimento do Brasil, considerando-se que a sua realização terá levado os portugueses a tomar conhecimento da costa sul americana antes da viagem oficial de descobrimento de Pedro Álvares Cabral.[carece de fontes?]

Um dos argumentos que sustentam essa afirmação consiste na pouca distância entre a rota percorrida à Índia e o Brasil e a vontade de D. João II conhecer o regime de ventos do Atlântico Sul[carece de fontes?], para poderem navegar as suas naus a caminho da Índia. Também, o facto de D. João II, depois da assinatura do Tratado de Tordesilhas, não aceitar a proposta dos Reis Católicos para uma frota conjunta marcar o respectivo meridiano e exigir a deslocação dele para ocidente[carece de fontes?] de forma a, mais tarde, coincidentemente, incluir o Brasil, é outro fator que indica o possível conhecimento da existência do país.

A volta do mar do Atlântico inspirou a descoberta da volta do mar no oceano Pacífico por Andrés de Urdaneta que, em 1565, descobriu um caminho de retorno de Cebu nas Filipinas para o México, inaugurando a rota do chamado galeão de Manila, que concorria com as rotas portuguesas para a Índia.[carece de fontes?]

Ver também editar

Referências

  1. Volta da Mina Ciência em Portugal
  2. VELHO, Álvaro. O descobrimento das Índias: o diário da viagem de Vasco da Gama. Introdução, notas e comentários finais de Eduardo Bueno. Tradução: Angela Ritzel. Rio de Janeiro: Objetiva, 1998. Pág. 138.
  3. Frutuoso, G. (1981), Livro Quarto das Saudades da Terra. Ponta Delgada, Instituto Cultural de Ponta Delgada, II. Id. (1978).

Bibliografia editar

  • COUTINHO, Gago "A náutica dos descobrimentos: os descobrimentos marítimos vistos por um navegador" Agência Geral do Ultramar, 1951
  • Bailey Wallys Diffie, Boyd C. Shafer, George Davison Winius, "Foundations of the Portuguese empire, 1415-1580", 1977 ISBN 0816607826
  • J.H. Parry, The Age of Reconnaissance 1963.
  • MARQUES, Alfredo Pinheiro, "Guia de história dos descobrimentos e expansão portuguesa"
  • Gonçalves Viana, José Carlos "a história dos descobrimentos entre os cronistas e a realidade"