Xameçadim Maomé ibne Maomé Juveini

Xameçadim Maomé ibne Maomé Juveini (em persa: شمس الدین بن محمد بن محمد بن محمد جوینی; romaniz.:Xams al-Din Muhammad ibn Muhammad Ali Juvayni) era um estadista persa do século XIII e membro da família Juveini. Foi uma figura influente no começo do Ilcanato, servindo como saíbe do divã (vizir e ministro das finanças) sob quatro ilcãs: Hulagu, Abaca, Tacudar e Argum. Em 1284, foi acusado por Argum de ter envenenado Abaca e foi executado e substituído.

Xameçadim Maomé ibne
Maomé Juveini
Xameçadim Maomé ibne Maomé Juveini
Iluminura de Tacudar e Xameçadim
Morte 1284
Nacionalidade Ilcanato
Ocupação Oficial
Religião islamismo

Vida editar

Família e origens editar

Xameçadim era natural de Juveim, no Coração, e pertencia aos Juveinis, uma família que oficiais e estudiosos que alegava descender de Alfadle ibne Arrabi (m. 823/824), que serviu em altos cargos sob o califa abássida Harune Arraxide (r. 786–809). Sua família serviu o Império Seljúcida e então o Império Corásmio antes de servir ao Império Mongol e seu Estado braço sudoeste, o Ilcanato. Seu pai era Badim Maomé, que trabalhou para o último xá corásmio Jalaladim Mingueburnu (r. 1220–1231) antes de trabalhar para o governo mongol (bascaque) no Coração e Mazandarão, onde foi saíbe do divã de 1235 a 1253/1254. Xameçadim tinha ao menos um irmão mais novo, o historiador Ata Maleque Juveini, que fez a Tarikh-i Jahangushay ("História do Conquistador do Mundo").[1]

Carreira editar

 
Hulagu Cã e sua esposa Docuz Catum segundo iluminura de Raxidadim de Hamadã do começo do século XIV

Em 1263, Hulagu Cã (r. 1256–1265) nomeou Xameçadim como seu saíbe do divã. A razão por trás do aumento da influência pode ter sido devido à sua amizade com Naceradim de Tus, o estudioso e conselheiro de Hulagu, e seu casamento com a filha do governador do Coração, Argum Aca. Sua influência logo aumentou ainda mais, pois governou Tabriz e teve papel de destaque na reconstrução da Pérsia, que havia sofrido muito com a conquista mongol. Construiu uma ponte no Azerbaijão e uma represa perto de Savé, reconstruiu mesquitas no Iraque e apoiou a abertura das passagens do Haje. Também participou em conclusões militares decisivas; deu instruções ao filho e sucessor de Hulagu, Abaca Cã (r. 1265–1282), antes da Batalha de Herate em 1270 contra o Canato Chagatai, e mais tarde, em 1277, foi o chefe de um exército que participou da expedição de Abaca na Anatólia, onde fez o exército de Abaca poupar aldeias e cidades muçulmanas. Também entrou em conflito com tribos caucasianas em seu retorno ao Irã.[1]

Xameçadim também estava intimamente ligado aos Estados vassalos locais dos ilcânidas, como os cutluguecânidas da Carmânia, os cartidas de Herate, os salgúridas de Pérsis e os hazaráspidas do Luristão. Tinha burocratas ilcânidas em cada reino e representante encarregado do rejuvenescimento da área de Iazde. Além disso, também aumentou a influência e a autoridade de sua família, dando-lhes cargos; seu filho mais velho, Badim Maomé, foi nomeado governador do Iraque Ajã, enquanto outro filho dele, Xarafadim Harune Juveini, foi nomeado governador da Anatólia. O irmão de Xameçadim, Ata Maleque Juveini, recebeu o governo do Iraque em 1259 antes já havia recebido o governo do Iraque em 1259.[1]

 
Abaca Cã e sua esposa Dorji Catum segundo iluminura do século XIV
 
Argum Cã e sua esposa Cutlugue Catum segundo iluminura do século XIV

Durante seu mandato como saíbe do divã, acumulou alta quantia de receita, principalmente em propriedades, mas também através de investimentos comercializáveis ​​em Ormuz, que renderam muito a Xameçadim e seu associado Sunjaque, que serviu como covizir sob Abaca. Sua ilustre carreira resultou em muito ressentimento; em 1277, seu ex-aprendiz Majede Almulque de Iazde acusou Ata Maleque e ele de colaborar secretamente com o Sultanato Mameluco do Cairo, o que não teve êxito devido à falta de provas. Porém, três anos depois, fez tentativa mais bem-sucedida; não apenas mais uma vez acusou os irmãos de colaborar com os mamelucos, mas roubou uma grande quantidade de riquezas do tesouro. Enquanto Xameçadim evitou a punição com a ajuda da viúva de Hulagu, seu irmão Ata Maleque foi preso, mas depois libertado no fim de 1281 devido à interferência de príncipes e princesas mongóis, apenas para retornar à prisão alguns meses depois, por ser o alvo de outras acusações. As acusações contra Xameçadim fizeram Abaca elevar Majede como seu vizir, o que reduziu consideravelmente a autoridade de Xameçadim.[1]

Abaca morreu no início de 1282, causando o conflito de sucessão entre seu irmão Tacudar e seu filho Argum. O saíbe apoiou Tacudar que se converteu ao islã com o nome de Amade e foi favorecido pelos filhos mais velhos de Hulagu Cã. Amade foi nomeado sucessor em maio. Em seu breve reinado, absolveu os irmãos Juveini e executou Majede Almulque. Xameçadim então reinstalou seu irmão em Bagdá e, sendo ele o único ministro chefe ilcânida nesse momento, deve estar por trás das tentativas de Amade para por fim à guerra entre os ilcânidas e os mamelucos. Argum, nesse interim, cobiçoso pelo trono, acusou os irmãos Juveini de terem envenenado seu pai, o que pode estar diretamente ligado com a morte de Ata Maleque de derrame em 1283. O falecido foi sucedido por Xarafadim Harune, o que indica que Xameçadim ainda mantinha o favor ilcânida. No verão de 1284, Argum derrubou Amade e Xameçadim considerou fugir à Índia, mas desistiu da ideia para não abandonar sua família e pediu a misericórdia de Argum. Com a ajuda de Buca, vizir de Argum e outrora seu amigo íntimo, foi repreendido e reinstalado como vice de Buca, mas quando os dois se desentenderam, Buca o abandonou e Argum estava livre para reviver a acusação de apropriação financeira indébita, que terminou em seu julgamento e execução perto de Ahar, no Azerbaijão, em 16 de outubro de 1284. Escreveu um testamento momentos antes de sua execução, dividindo seu apanágio entre seus filhos e se retratando como morrendo pela causa do islã.[1]

Referências

  1. a b c d e Biran, Michael (2009). «Jovayni ṣāḥeb(-e) divān». Enciclopédia Irânica Vol. XV, Fasc. 1. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia