Yajnavalkya (em sânscrito: याज्ञवल्क्य, Yājñavalkya) é um lendário rishi (sábio) da época védica da Índia, sendo um dos mais antigos filósofos da Antiga Índia. Segundo certas fontes teria vivido entre o século I d.C. e o século IV,[1] mas para a maior parte dos investigadores teria vivido no primeiro milénio a.C.[2][3] No silabário devanagari (do sânscrito) escreve-se याज्ञवल्क्य, que significa provavelmente "encarregado de falar durante os sacrifícios de fogo", sendo yajna: ‘sacrifício de fogo’ e valka ou vaktri: ‘orador’.[4]

Era filho de Devarata e aluno do rishi Vaisampayana. Aparece como figura importante nos Upanixades. É assinalado como autor do Shatapatha-brahmana (que inclui o Brihadaranyaka Upanishad) e do Shukla Yajurveda. Os seus preceitos constituem um dos mais proeminentes ensinamentos acerca do Brâman (o absoluto Deus no hinduísmo).[5] Ele acolhia a participação de mulheres nos estudos védicos, e os textos hindus contêm seus diálogos com duas filósofas, Gargi Vachaknavi e Maitreyi.[6]

Yajnavalkya a ensinar o rei Janaka.

De acordo com a lenda que ele mesmo contou, um dia seu mestre zangou-se com ele por causa do excessivo orgulho em ser o melhor aluno. O mentor então pediu-lhe que devolvesse todo o conhecimento que tinha adquirido. Assim, Yajnavalkya vomitou frente ao seu mestre. Os companheiros comeram rapidamente o vómito, pois criam que se tratava do conhecimento do jovem. A lenda continua afirmando que os jovens se transformaram em perdizes (taitiri) para comer o vómito, e daí saiu o Taitiría-upanishad.[7]

A partir de então, Yajnavalkya decidiu não ter mais nenhum mestre humano. Por tal motivo, começou a orar e a prestar culto a Surya, o deus do Sol, a fim de obter o conhecimento védico que os seus inimigos não detinham. O deus do Sol teve piedade dele e — tomando a forma de cavalo — entregou-lhe fragmentos do Yajurveda desconhecidos para todos os outros. Yajnavalkya chamou a este conhecimento Shukla-yajur-veda. Também é conhecido como Vajasaneyi samhita, pois Suria emanou o conhecimento através das suas crinas. Em sânscrito, vashi (vaji) significa "cavalo".[7]

Yajnavalkya dividiu este Vajasaneyi samhita em quinze ramas, cada um formado por centenas de iayus mantras (orações para o sacrifício de fogo).[8]

Ver também editar

Referências

  1. Jha, Sureshwar (1998). Yājñavalkya (em inglês). [S.l.]: Sahitya Akademi. 22 páginas. ISBN 9788126004386 
  2. Olivelle, Patrick . Upaniṣads. Oxford University Press, 1998, p=xxxvi.
  3. King, Richard (1999). Indian philosophy: an introduction to Hindu and Buddhist thought. [S.l.]: Edinburgh University Press. p. 52. ISBN 0-87840-756-1 
  4. Segundo Monier Monier-Williams.
  5. Hindu Dharma Parichaya, Bharat Sevashram Sangha, Calcutta, ed. 2000
  6. Patrick Olivelle (1998). Upaniṣads. Oxford University Press. pp. xxxvi–xxxix. ISBN 978-0-19-283576-5.
  7. a b Rajeshwari Ghose. The Tyāgarāja Cult in Tamilnāḍu: A Study in Conflict and Accomodation. [S.l.: s.n.] p. 178. ISBN 812081391X 
  8. Dinkar Joshi (2005). Glimpses of Indian Culture. [S.l.]: Star Publications. 100 páginas. ISBN 9788176501903 

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