Aproximante retroflexa

O aproximante retroflexo é um tipo de fone consonantal empregado em alguns idiomas. O símbolo no Alfabeto Fonético Internacional que representa este fonema é ɻ, e seu equivalente X-SAMPA é r\`. O símbolo do AFI é um r minúsculo de ponta cabeça com um gancho virado pra direita no lado direito inferior da letra.[1]

Aproximante retroflexa
ɻ
IPA 152
Codificação
Entidade (decimal) ɻ
Unicode (hex) U+027B
X-SAMPA r\`
Kirshenbaum r.
Som

Características

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  • Seu modo de articulação é aproximante, que significa que é produzido ao deixar um articulador próximo do outro, mas não ao ponto de produzir uma consoante fricativa.
  • Seu local de articulação é retroflexo, o que significa prototipicamente que ele está articulado subapical (com a ponta da língua enrolada para cima), mas de forma mais geral, significa que é pós-alveolar sem ser palatalizado. Ou seja, além da articulação subapical prototípica, o contato da língua pode ser apical (pontiagudo) ou laminal (plano).[2]
  • O tipo de fonação é sonora, que significa que as cordas vocais vibram durante a articulação.
  • É uma consoante oral, que significa que permite que o ar escape pela boca.[1]
  • É uma consoante central, que significa que é produzido permitindo a corrente de ar fluir ao meio da língua ao invés das laterais.
  • O mecanismo de ar é egressivo, que significa que é articulado empurrando o ar para fora dos pulmões através do aparelho vocal.[2]

Ocorrências

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O retroflexo aproximante acontece em muitas línguas da Índia e Austrália, mas em outros lugares é mais raro, embora ocorra em duas línguas com muitos falantes, o inglês e o mandarim.

Língua Palavra AFI Significado Notas
Chinês Mandarim ròu [ɻoʊ̯˥˩] Carne Pode ser uma fricativa [ʐ] para alguns alto-falantes.
Derung Tvrung [tə˧˩ɻuŋ˥˧] Derung
Holandês Alguns falantes da Holanda[3] eerst [ɪːɻst] Primeiro Língua agrupada e raiz retraída. Ocorre apenas na coda da sílaba.
Inglês Alguns dialetos americanos red [ɻʷɛd] Vermelho Labializado
Alguns dialetos do inglês irlandês.
Um pouco de inglês do West Country
Enindhilyagwa angwura [aŋwuɻa] Fogo
Feroês[4] hoyrdi [hɔiɻʈɛ] Escutado Allophone of /r/.[4] Sometimes voiceless [ɻ̊].[4]
Grego Região de Creta (variações Sfakia e Mylopotamos) [5] γάλα la [ˈɣaɻa] Leite Alofone intervocálico de /l/ antes de /a o u/. Recessivo.
Kannada Alguns dialetos ಕೊೞೆ [kɒɻe] Apodrecer
Malayalam തമിഴ് [t̪əˈmɨɻ] Tâmil
Mapudungun[6] rayen [ɻɜˈjën] Flor Possível realização de /ʐ/; pode ser [ʐ] ou [ɭ] ao invés.[6]
Pachto سوړ [soɻ] Frio Alofone de flepe lateral retroflexo expresso /ɭ̆/.
Português Muitos do Centro-Sul cartas [ˈkaɻtə̥̆s] Cartas Alofone de consoantes róticas (e às vezes /l/) na coda da sílaba. Principalmente[7] encontrada na zona rural de São Paulo, Paraná, sul de Minas Gerais e arredores, sendo a realização mais comum e prestigiosa nas áreas metropolitanas [ɹ] e/ou vogal rótica. Tal como acontece com [ɽ], apareceu como uma mutação de [ɾ].[8][9][10]
Caipira temporal [tẽɪ̯̃pʊˈɾaɻ] Temporal
Piracicabano grato [ˈgɻatʊ̥] Grato
Tâmil[11] தமிழ் [t̪əˈmɨɻ] Tâmil Pode ser mesclado com [l] para muitos alto-falantes modernos.
Deserto ocidental Dialeto pitjantjatjara Uluu [ʊlʊɻʊ] Uluru
Yagan rho [ˈwaɻo] Caverna

Referências

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  1. a b Trudgill (1989):18–19
  2. a b Keane (2004):111
  3. Sebregts, Koen (2014). The Sociophonetics of and Phonology of Dutch r (PDF). [S.l.]: : LOT. ISBN 978-94-6093-161-1 
  4. a b c Árnason (2011), p. 115.
  5. Trudgill (1989), pp. 18–19.
  6. a b Sadowsky et al. (2013), p. 90.
  7. Nas trilhas do -r retroflexo Silvia Figueiredo Brandão. December 2007. Retrieved June 19, 2015.
  8. (em português) Acoustic-phonetic characteristics of the Brazilian Portuguese's retroflex /r/: data from respondents in Pato Branco, Paraná. Irineu da Silva Ferraz. Pages 19–21
  9. (em português) Syllable coda /r/ in the "capital" of the paulista hinterland: sociolinguistic analisis. Cândida Mara Britto LEITE. Page 111 (page 2 in the attached PDF)
  10. (em português) Callou, Dinah. Leite, Yonne. "Iniciação à Fonética e à Fonologia". Jorge Zahar Editora 2001, p. 24
  11. Keane (2004), p. 111.