Federação Brasileira de Football (1933)

 Nota: Não confundir com Federação Brasileira de Football (1915).

A Federação Brasileira de Football foi um órgão dirigente do futebol do Brasil, com sede no Rio de Janeiro, fundado em 1933 pela Associação Paulista de Esportes Atléticos e pela Liga Carioca de Football.[1]

Federação Brasileira de Foot-Ball (FBF)
Tipo Desportiva
Fundação 26 de agosto de 1933
Extinção 14 de abril de 1941
Sede Rio de Janeiro,  Rio de Janeiro

História

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Antecedentes

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Embora os debates sobre amadorismo e profissionalismo do futebol tiveram grande repercussão no Brasil ao longo da década de 1920, a profissionalização da modalidade ganharia impulso apenas a partir da década seguinte.

No Rio de Janeiro, então capital da República, dirigentes de Fluminense, Bangu e América estudaram regulamentações de outros países para fundamentar o estatuto para uma nova liga de profissionais.[2] Assim que foi tornada pública, a proposta de profissionalizar o futebol carioca foi refutada por dirigentes de Botafogo, Flamengo e São Cristóvão, mas ganhou a simpatia do Vasco, que se uniu a América, Bangu e Fluminense para fundar a Liga Carioca de Football em janeiro de 1933.[2][3]

A criação da primeira associação de futebol profissional no país reverberou em São Paulo, onde o tema já havia provocado em 1925 uma cisão na Associação Paulista de Esportes Atléticos, ainda que o resultado não tenha alterado a situação dos atletas locais.[3] O receio de perder jogadores atraídos pela recém-fundada liga profissional carioca levou a APEA a alterar seu estatuto jurídico para possibilitar que seus filiados se profissionalizassem.[3]

Mas a adoção do profissionalismo contrariava a Confederação Brasileira de Desportos, que não estava disposta a abandonar o amadorismo formal.[3][4] Por conta disso, os dirigentes da LCF e da APEA trabalharam em conjunto para fundar uma entidade nacional que respaldasse o futebol profissional no país.[4]

Fundação

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A Federação Brasileira de Football nasceu oficialmente em 26 de agosto de 1933. Seus delegados aprovaram o Rio de Janeiro como sede da nova entidade, bem como a escolha do médico paulista Sérgio Meira como primeiro presidente da federação.[5]

Para se contrapor ao Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais da CBD, a FBF ambicionava a criação de um campeonato nacional exclusivamente para clubes de futebol profissional.[5] Entre maio e dezembro de 1933, a FBF organizou um torneio entre clubes do Rio e São Paulo, torneio este que foi a origem do Rio–São Paulo que seria, ao longo da década de 1950 e início de 1960, uma dos mais tradicionais do futebol brasileiro, o Torneio Rio-São Paulo de 1933 também ficou marcado por ser a primeira competição da era do profissionalismo do futebol brasileiro.[5] Ao final daquele ano, a FBF organizou seu próprio Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais, com a participação de selecionados do Distrito Federal, de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e do Paraná, os três últimos também com suas associações de futebol profissional filiadas à federação.[4][6]

Diante do potencial de afirmação tanto da FBF e quanto do futebol profissional no cenário nacional, a CBD buscou enfraquecer a entidade rival a partir de São Paulo, com o aliciamento de Palestra Itália e Corinthians, os dois clubes mais importantes do estado, para a criação de uma nova Liga Paulista dissidente da APEA e defensora dos princípios amadores.[7][8]

Por conta do racha entre CBD e FBF, a preparação e a participação do selecionado nacional na segunda edição da Copa do Mundo FIFA, na Itália, ficou bastante comprometida. Sem contar com atletas profissionalizados da federação, cuja superioridade técnica era indiscutível, coube a CBD formar um plantel com seus melhores jogadores amadores. O resultado foi a eliminação da Seleção Brasileira logo na primeira fase do Mundial.[9]

Reaproximação com a CBD

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Após o retorno da delegação brasileira participante dos Jogos Olímpicos de 1936, cresceu o movimento pela descentralização da Confederação Brasileira de Desportos e pelo fortalecimento das federações esportivas específicas para cada modalidade.[10] Embora refutasse a proposta, a CBD não tinha forças para conter a ideia.

Aproveitando a paralisação temporária dos campeonatos da Liga Carioca e da Federação Metropolitana de Desportos em 1937, Pedro Magalhães Correa (presidente do América) e Pedro Novaes (presidente do Vasco) propuseram aos dirigentes da entidade amadora do Distrito Federal a criação de uma única associação de futebol que admitisse o profissionalismo.[11] Com o apoio dos principais clubes cariocas de ambas entidades, a proposta foi formalizada a criação da Liga de Football do Rio de Janeiro em 29 de julho de 1937.

A pacificação entre as correntes conflitantes cariocas também previa a reformulação das relações entre as entidades futebolísticas em escala federal. Isto é, a Federação Brasileira de Football seria reconhecida como gestora do futebol nacional e seria filiada à Confederação Brasileira de Desportos.[11]

Extinção

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No entanto, o Estado Novo editou o Decreto-Lei 3.199 de 14 de abril de 1941,[12][13] que não apenas regulamentava legalmente, como consolidava o centralismo da gestão desportiva no país, desta vez sob tutela do Conselho Nacional de Desportos.[13][14]

Em seu artigo 15, o decreto reconhecia a existência de seis entidades submetidas ao conselho: a Confederação Brasileira de Basket-ball, a Confederação Brasileira de Pugilismo, a Confederação Brasileira de Vela e Motor, a Confederação Brasileira de Esgrima, a Confederação Brasileira de Xadrez e, finalmente, a Confederação Brasileira de Desportos, que compreenderia "o foot-ball, o tenis, o atletismo, o remo, a natação, os saltos, o water-polo, o volley-ball o hand-ball, e bem assim quaisquer outros desportos que não entrem a ser dirigidos por outra confederação especializada ou eclética".[15][12][13] Ou seja, como decorrência direta do decreto-lei do Governo Vargas, a Federação Brasileira de Football deixou de existir.[16]

A nova legislação desportiva também estipulava que cada estado tivesse uma única federação para cada modalidade.[15][12][13] Com isso, não seriam mais toleradas cisões entre ligas e associações de futebol estaduais e, por fim, elas foram refundadas de maneira padronizada (por exemplo, Federação Paulista de Futebol, Federação Gaúcha de Futebol, Federação Pernambucana de Futebol, e assim por diante).[16]

Ver também

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Referências

  1. Sarmento 2006, p. 8.
  2. a b Lance 2013.
  3. a b c d Leal 2013.
  4. a b c Sarmento 2006, p. 49.
  5. a b c Sarmento 2006, p. 50.
  6. Sarmento 2006, p. 52.
  7. Sarmento 2006, p. 51.
  8. Priori 2019.
  9. Jornal do Brasil 1934, p. 24.
  10. Sarmento 2006, p. 55.
  11. a b Sarmento 2006, p. 59.
  12. a b c Correio da Manhã 1941, p. 3; 6.
  13. a b c d A Noite 1941, p. 3.
  14. Sarmento 2006, p. 65.
  15. a b Diário Oficial da União 1941.
  16. a b Sarmento 2006, p. 66.

Bibliografia consultada

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