Ilha do Medo (Bahia)

ilha em Itaparica, município do estado brasileiro da Bahia
 Nota: Para o filme de 2010, veja Shutter Island.

A pequena Ilha do Medo é uma das 56 ilhas que compõem o arquipélago da Baía de Todos os Santos, localizada no estado brasileiro da Bahia.

Ilha do Medo

Localização da ilha na Baía de Todos os Santos
Geografia física
País  Brasil
Bahia Bahia
Itaparica
Localização Baía de Todos-os-Santos, Oceano Atlântico
Área 0,012  km²
Geografia humana
População 0

A Ilha do medo e seu entorno fazem parte, desde 1991,[1] da Estação Ecológica Ilha do Medo (Decreto Municipal nº 08 de 27/07/91- Itaparica,BA ), consagrando-se como a primeira estação ecológica da Bahia de Todos os Santos.[2]

Com área total de 12.000 m², a pequena ilha é despovoada e também pertence à APA da Baía de Todos os Santos. Administrativamente faz parte do território do município de Itaparica.[3] Está situada ao norte da ilha de Itaparica.

Histórico editar

Segundo Gabriel Soares de Souza, a "ilheta" rasa e despovoada por ser um terreno arenoso e sem água potável, recebeu este nome ainda na segunda metade do Século XVI, em função do receio de muitos índios tupinambá, em ir até aquele local, deixando-nos ainda o relato que aldeias inimigas faziam ciladas umas as outras, com canoas, resultado em confrontos diários.[4]

Felisbello Freire, nos lega a informação que a ilha foi doada a João Fernandes Correia em 1574. Manuel Querino, acrescenta que o mesmo pediu a ilha em 29 de maio de 1574, para pescar e secar o pescado, alegando que a ilha também servia de abrigo as embarcações que vinham do Rio Paraguaçu.[5][6]

Conforme documentos oficiais as obras de construção um deposito de pólvora e um quartel militar na ilha do medo foram propostas em 22 de dezembro de 1858, e iniciadas em 11 de abril do ano seguinte, e chegaram a receber a visita de Dom Pedro II,[7] em 1861 boa parte da obra já estava concluída.[8]

Lendas editar

A origem do nome envolve-se em mistérios. Uma versão diz que origina-se de ser assombrada pelo fantasma de um padre de Itaparica que, tendo se recusado a celebrar uma missa, após sua morte passou a ficar ali, convidando os visitantes eventuais a permanecerem para assistir à celebração a que ficara prisioneiro. Outras dão conta de que são as almas dos doentes que lá foram confinados.[3]

Relato mais antigo informa que os pescadores da Baía temiam-na por ali ouvirem gritos e uivos, à noite. Seus relatos evocavam as almas dos holandeses que invadiram a Bahia e teriam ali permanecido.[9]

Conta-se, ainda, que um pescador avistara ali uma mulher diabólica que soltava fogo pela boca. Após relatar o ocorrido, o pescador tornara-se mudo.[9]

Meio ambiente editar

 
Foto aérea da Ilha do Medo, Abril de 2019.

A ilha é um dos principais núcleos de proteção da Área de Proteção Ambiental da Baía de Todos-os-Santos, criada pelo Decreto Estadual 7.595 (de 5 de junho de 1999).[10] Sua vegetação é na maior parte de restinga, formando manguezais.[3]

Referências

  1. «Bahia» Ilha do Medo». bahia.com.br. Consultado em 20 de outubro de 2021. Arquivado do original em 29 de março de 2017 
  2. http://www.edumangue.ufba.br/arq_enviados/pareceres_mocoes/Parecer%20definitivo%201.pdf
  3. a b c Ilha do Medo, descrição, baseada em informes do órgão estadual de turismo (Bahiatursa) (página acessada em outubro de 2021)
  4. Soares, Gabriel; Trindade, Fernanda (2010). Tratado descriptivo do Brasil em 1587 1ª ed. [S.l.]: Hedra. ISBN 9788577151158. OCLC 845815391. Cópia arquivada em 19 de abril de 2019 
  5. Freire, Felisbello (1998). História territorial do Brasil. [S.l.]: Governo do Estado da Bahia, Secretaria da Cultura e Turismo, Instituto Geográfico e Histórico da Bahia. ISBN 8586485268. OCLC 948091142. Cópia arquivada em 19 de abril de 2019 
  6. Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (1901). Revista do Instituto Geográphico e Histórico da Bahia. [S.l.]: Instituto Geográphico e Histórico da Bahia. ISBN 1148278559. OCLC 515824110 
  7. Pedro II, Dom; Renato, Lemos; Lacombe, Lourenço (2003) [1959]. Viagens pelo Brasil : Bahia, Sergipe e Alagoas--1859 2ª ed. Rio de Janeiro, RJ: Editora Letras & Expressões. ISBN 8586484431. OCLC 55049764. Cópia arquivada em 19 de abril de 2019 
  8. «Relatorio dos Trabalhos do Conselho Interino de Governo (BA) - 1823 a 1889 - DocReader Web». memoria.bn.br. Consultado em 20 de outubro de 2021. Cópia arquivada em 19 de abril de 2019 
  9. a b Relato, transcrição da Folha de Minas, de 29 de julho de 1951.(acessada em outubro de 2021).
  10. APA Arquivado em 18 de outubro de 2008, no Wayback Machine. - descrição em página oficial do Governo do Estado (acesso em outubro de 2021).