Ostpolitik (na língua alemã significa Política do leste) é um termo usado para descrever os esforços realizados por Willy Brandt, Ministro dos Negócios Estrangeiros e Chanceler da República Federal da Alemanha para normalizar as relações com as nações da Europa de Leste, incluindo a República Democrática Alemã. A origem do termo refere-se à decisão da Alemanha de focalizar interesses no leste europeu e não somente no oeste, como tinha feito até aí Konrad Adenauer, o primeiro chanceler da República Federal da Alemanha.

Willy Brandt com Richard Nixon

Entre os elementos principais da Ostpolitik destacam-se o abandono da Doutrina Hallstein e o reconhecimento da linha Oder-Neisse como fronteira entre a Polónia e a Alemanha Oriental. Também se estreitaram relações comerciais com a Europa de Leste e a União Soviética.

As negociações entre Brandt e o chanceler da Alemanha Oriental, Willi Stoph, começaram rapidamente. No entanto não foi possível chegar a um acordo formal já que Brandt não estava disposto a reconhecer a parte oriental como estado soberano. Em 1970, a Alemanha Ocidental e a União Soviética assinaram o Tratado de Moscovo e pouco tempo depois chegaram os acordos com a Polónia e com outros países do chamado bloco soviético.

O acordo mais controverso foi o chamado Acordo Básico, assinado em 1972, segundo o qual a RFA e a RDA reconheciam-se mutuamente como estados. Isto foi duramente criticado pelos conservadores que afirmaram que este reconhecimento levaria à divisão permanente da Alemanha, como de facto aconteceu até 1989.

Ostpolitik do Vaticano editar

Também se costuma falar de uma Ostpolitik da Santa Sé, desenvolvida durante os pontificados de João XXIII e Paulo VI, impulsionada pelo Cardeal Agostino Casaroli.

A ostpolitik do Vaticano recebeu o seu grande impulso com a publicação da encíclica Pacem in Terris, em 1963, pelo Papa João XXIII. Pela primeira vez, esta encíclica defende que a paz só pode ser alcançada através da colaboração de todas as "pessoas de boa vontade", incluindo aquelas que defendem "ideologias erradas" (como o comunismo). Devido a este apelo à colaboração e à solidariedade, ela acabou por incitar a Igreja Católica a começar a negociação com os governos comunistas, para que estes possam garantir o bem-estar dos seus cidadãos e habitantes católicos.[1]

Esta política diplomática (a ostpolitik) foi continuada pelo Papa Paulo VI, apesar de a Igreja ainda continuar a condenar o comunismo como uma ideologia errada e maléfica.[1] Devido a esta política de aproximação, a vida dos católicos na Polónia, na Hungria e na Roménia (que eram, na altura, países-satélite da União Soviética) melhorou.

Ver também editar

Referências

  1. a b «ALMOST A SAINT: POPE JOHN XXIII» (em inglês). St Anthony Messenger Magazine Online. 1996. Consultado em 10 de Junho de 2009