Real Transportes Aéreos


A REAL Transportes Aéreos foi uma companhia aérea brasileira, fundada no ano de 1945 pelo empresário paulista Vicente Mammana Neto e extinta em 1961, quando foi incorporada à Varig.[1]

REAL Transportes Aéreos
Real Transportes Aéreos
IATA RL
ICAO RL
Indicativo de chamada REAL
Fundada em Novembro de 1945
Encerrou atividades em agosto de 1961
Sede São Paulo
Pessoas importantes Lineu Gomes e Vicente Mammana Neto

História

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Em 1943 o empresário Vicente Mammana Neto criou a Companhia Santista de Aviação e adquiriu duas pequenas aeronaves Relliant. Mammana Neto vislumbrou a possibilidade de ampliar a frota da empresa com uma aeronave americana Aeronca em 1944, porém o negócio acabou barrado pelo governo brasileiro e a “Santista” acabou encerrando as atividades.[2]Após o final da Segunda Guerra Mundial o governo dos Estados Unidos se viu com uma frota de milhares de aeronaves de transporte que se tornaram desnecessárias com o final do conflito. Assim, foi decidido pelo governo dos Estados Unidos que as aeronaves seriam vendidas para empresas aéreas e ou para a sucata.[1]

Mammana Neto viu nesse evento uma oportunidade e associou-se ao piloto Lineu Gomes em novembro de 1945 fundando a empresa Redes Estaduais Aéreas Limitadas (REAL). Com um capital inicial de 400 mil cruzeiros, adquiriram do governo dos Estados Unidos uma aeronave Douglas DC-3. A iniciativa atraiu o empresário Armando de Aguiar Campos e dois outros DC-3 foram adquiridos.[1]

Com as aeronaves DC-3 a REAL inaugurou sua primeira rota ligando o Rio de Janeiro (Aeroporto Santos Dumont) a São Paulo (Aeroporto de Congonhas) em 7 de fevereiro de 1946.[3] Diferente das companhias aéreas existentes no país, a REAL decidiu operar com passagens mais acessíveis e isso fez com que seus voos partissem lotados. Até o final de 1946 a empresa atendia Curitiba. Para atender a grande demanda de passageiros, a REAL adquiriu dois Bristol 170.[4] Devido a problemas técnicos e reclamações dos passageiros, as aeronaves acabaram revendidas em 1948.[1]

Visando ampliar sua frota, a REAL transformou-se de empresa limitada para uma sociedade por ações em 13 de dezembro de 1946 e foi denominada REAL Transportes Aéreos S/A.[5] A criação dessa sociedade, presidida agora pelo empresário Sebastião Paes de Almeida, permitiu a ampliação do capital da empresa e angariou recursos para a aquisição de dez DC-3.[1]

Da segunda metade da década de 1940 até 1955, a empresa experimentou sua primeira grande expansão, pela aquisição de empresas menores. Em 1948 adquiriu a Linhas Aéreas Wright e em 1950 a LAN - Linhas Aéreas NATAL. Com essas compras, a frota da REAL chegou a 20 Douglas DC-3/C-47.

Com a compra da LATB - Linha Aérea Transcontinental Brasileira, em agosto de 1951, a REAL expandiu consideravelmente sua malha na região nordeste do país.

 
Convair CV-440 Metropolitan, operado pela Real Aerovias entre 1956 e 1961.

Entre 1954 e 1956 foram adquiridas também a Aerovias Brasil e a Transporte Aéreo Nacional. Finalmente, em 1957 adquiriu do empresário catarinense Omar Fontana, 50% do capital da Sadia, que em contrapartida passou a ocupar um cargo na Real.

Com todas estas incorporações, a frota chegou a 117 aeronaves, que colocaram a empresa em 7° lugar no ranking da IATA, a mais alta posição já ocupada por uma empresa aérea brasileira até então.

As primeiras rotas internacionais foram abertas em 1951, com voos para o Paraguai. Mas foi a compra dos 87% da Aerovias que levou a REAL a alçar voos para os Estados Unidos.

Em 1960 a Real mudou sua denominação para Real Aerovias Brasília[6] e expandiu suas rotas, chegando a Tóquio. Porém, no ano seguinte, foi comprada pela Varig.

Números da Real

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  • A Real chegou a ter uma frota de 117 aviões, dentre eles 86 Douglas DC-3/C-47 e 12 Convair, seis CV-340 e seis CV-440. Tais números a colocaram em 7° lugar no ranking da IATA em relação ao tamanho da frota, a mais alta posição já ocupada por uma empresa aérea brasileira, até então;
  • A Real chegou a ter a maior frota de Douglas DC-3 do mundo, com 86 unidades, no ano de 1959;
  • A empresa passou a se chamar Real - Aerovias, quando comprou 87% de uma companhia que se chamava Aerovias e fazia voos charter para Miami;
  • Os Electras e Convairs 990A operados pela Varig, foram encomendados pela Real Aerovias. Curiosamente, os primeiros Electras possuíam uma falha de projeto que poderiam fazer com que as asas se partissem durante o vôo, o que fez com que ele tivesse uma péssima reputação no país de origem, embora o problema já tivesse sido solucionado. Devido a essa reputação, a Varig tentou cancelar a encomenda da Real, sem sucesso, porém os aviões se transformaram num sucesso no Brasil, operando a ponte-aérea Rio-São Paulo durante 30 anos.

Aeronaves Operadas

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Acidentes e incidentes

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Segundo dados da organização Aviation Safety Network, a REAL Transportes Aéreos sofreu quinze acidentes aéreos durante suas operações[7]:

  • 1 de dezembro de 1949 - Ribeirão Claro, Paraná . Queda do DC-3 prefixo PP-YPM. A aeronave colidiu contra a encosta de um morro após enfrentar condições climáticas adversas, causando a morte de 20 dos seus 22 ocupantes;
  • 10 de abril de 1957 - Pico do Papagaio, Ilha Anchieta, São Paulo. Queda do DC-3 PP-ANX após uma pane em um dos seus motores. A aeronave transportava 30 pessoas (4 tripulantes e 26 passageiros), sendo que apenas 4 sobreviveram ao acidente.
  • 2 de novembro de 1957 - Praia da Baleia, São Sebastião, São Paulo. Um Douglas DC-4 PP-AXS, sofreu um incêndio em um dos seus motores desprendendo-se da asa. A aeronave pousou no mar na praia da Baleia, próximo a São Sebastião, no litoral norte de São Paulo. A perícia dos pilotos conseguiu evitar uma tragédia, e todas as 38 pessoas a bordo sobreviveram à queda.
  • 25 de fevereiro de 1960 - Rio de Janeiro. Colisão aérea no Rio de Janeiro em 1960. Durante aproximação para pouso no aeroporto do Galeão, um Douglas RC-6D1 da Marinha dos Estados Unidos chocou-se com um Douglas DC-3 da REAL (prefixo PP-AXD). Saldo de 63 mortos e 3 feridos.
  • 24 de junho de 1960 - Ilha dos Ferros, Rio de Janeiro. Voo REAL Transportes Aéreos 435. Queda do Convair 340 PP-YRB nos arredores da Ilha dos Ferros, matando os 54 ocupantes. As causas do acidente nunca foram descobertas.


Referências

  1. a b c d e Ricardo Moriah (24 de abril de 2019). «Antes da gigante Varig, o Brasil voou nas asas da REAL Aerovias». Airways. Consultado em 31 de dezembro de 2020 
  2. «Notícias Militares». Jornal do Brasil, ano LIV, edição 245, página 11, 7ª coluna/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 15 de outubro de 1944. Consultado em 31 de dezembro de 2020 
  3. «Dos serviços de guerra para o trabalhos de paz». Diário da Noite (SP), ano XXII, edição 6504, página 8/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 8 de fevereiro de 1946. Consultado em 31 de dezembro de 2020 
  4. REAL Transportes Aéreos (4 de janeiro de 1947). «Anúncio publicitário». O Cruzeiro, edição 11, página 18/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 31 de dezembro de 2020 
  5. «REAL S/A - Transportes Aéreos». Correio Paulistano, edição 27846, página 20/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 12 de janeiro de 1947. Consultado em 31 de dezembro de 2020 
  6. Conheça a saga da Real Aerovias Brasília, maior empresa aérea dos anos 1950. Correio Braziliense. Acesso em 29 de março de 2018.
  7. «REAL - Aviation Safety Database». Aviation Safety Network. Consultado em 31 de dezembro de 2020 

Ligações externas

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