A Beleza Que Canta

A Beleza Que Canta é o terceiro álbum de estúdio da cantora brasileira Clara Nunes, lançado no segundo semestre de 1969 pela Odeon Records.[1] Após o sucesso da canção "Você Passa Eu Acho Graça", presente no disco homônimo lançado em 1968, a cantora, que já havia flertado com o iê-iê-iê, passou a se dedicar cada vez mais aos festivais de música popular, uma vez que o movimento da Jovem Guarda começava a ser criticado pelo seu descomprometimento com a situação sócio-política do país.[3] Simultaneamente, lançou A Beleza Que Canta, um trabalho sem identidade e gênero musical definidos que foi um fracasso de vendas e complicou a situação de Clara na gravadora,[1] onde ela só atingiria o status de estrela após o lançamento seguinte, o álbum Clara Nunes (1971).

A Beleza Que Canta
Álbum de estúdio de Clara Nunes
Lançamento Segundo semestre de 1969[1]
Gravação 17 de julho a 28 de agosto de 1969[2]
Gênero(s) MPB, samba
Formato(s) LP
Gravadora(s) Odeon Records
Cronologia de Cronologia de Clara Nunes
Você Passa, Eu Acho Graça
(1968)
Clara Nunes
(1971)

Informação editar

"Você Passa Eu Acho Graça", até então o maior sucesso de Clara Nunes, foi co-escrita por Carlos Imperial para a cantora devido à insistência de Aurino Araújo, então namorado de Clara e amigo do compositor,[4] à época diretor do Departamento Internacional da Odeon.[5] Apesar do sucesso da canção, o álbum homônimo que a continha vendeu apenas 6.900 cópias.[6] A cantora, então, decidiu focar seus esforços nos festivais de música popular que ocorriam à época e revelavam nomes como Elis Regina, Nara Leão e Chico Buarque para tornar seu nome conhecido.[7][8] Simultaneamente a sua participação nos festivais, a Odeon lançou A Beleza Que Canta no segundo semestre de 1969.[1] O disco tinha 13 faixas e trazia Carlos Imperial como assistente de produção.[1] Três faixas eram de autoria do próprio Imperial, que também foi o arranjador de "Casinha Pequenina", do folclore popular.[1] Ataulfo Alves, co-compositor de "Você Passa Eu Acho Graça", estava presente com a faixa "Meus Tempos de Criança".[1] Apesar da cantora não demonstrar mais interesse com o iê-iê-iê, movimento cada vez mais fora de moda e tachado de alienado,[3] havia canções de William Prado e Fernando César, compositores referência da Jovem Guarda, no álbum, provavelmente escalados por obra de Imperial.[1] Para Valter Fernandes, biógrafo da cantora, o disco não possui qualquer identidade e foi "mais um equívoco na carreira de Clara".[1] A Beleza Que Canta vendeu apenas 5.500 cópias e acabou representando um ponto de ruptura na carreira da cantora; o terceiro fracasso consecutivo de vendas convenceu tanto Clara quanto a Odeon que era preciso mudar a identidade musical da cantora,[1] que dali para frente estaria cada vez mais identificada com o samba do que com qualquer outro gênero musical.

Faixas editar

N.º TítuloCompositor(es) Duração
1. "De Esquina Em Esquina"  César Costa Filho, Aldir Blanc 2:31
2. "Espuma Congelada"  Piti 2:35
3. "Meus Tempos de Criança"  Ataulfo Alves 2:24
4. "Gente Boa"  William Prado 3:05
5. "Graças a Deus"  Fernando César 2:40
6. "Guerreiro de Oxalá"  Carlos Imperial 2:57
7. "Casinha Pequenina"  Tradicional 3:13
8. "Foi Ele"  Imperial 2:04
9. "Até Voltar"  Fred Falcão, Paulinho Tapajós 2:17
10. "A Felicidade"  Imperial, Niltinho 2:20
11. "Hora de Chegar"  Jorge Martins, Carlos Alberto 2:20
12. "A Estrela e o Astronauta"  Rildo Hora, Mário Castro Neves 2:55

Referências

  1. a b c d e f g h i j Fernandes (2007), p. 105.
  2. Fernandes (2007), p. 306.
  3. a b Fernandes (2007), p. 88.
  4. Fernandes (2007), p. 86.
  5. Fernandes (2007), p. 77.
  6. Fernandes (2007), p. 99.
  7. Fernandes (2007), p. 83.
  8. Fernandes (2007), p. 89.

Bibliografia editar