Alívio Imediato

primeiro álbum ao vivo da banda Engenheiros do Hawaii

Alívio Imediato é o primeiro álbum ao vivo da banda brasileira de rock Engenheiros do Hawaii. O disco foi gravado ao vivo nos dias 7, 8 e 9 de julho, no Canecão, no Rio de Janeiro, e no mesmo mês nos estúdios BMG, localizados na mesma cidade. O álbum seria lançado em outubro de 1989, pela gravadora BMG, através do selo RCA-Victor. Com boa distribuição e divulgação pela gravadora, além da turnê nacional e internacional da banda - a Alívio & Mídia Tour, o disco venderia muito bem, atingindo mais de 150 mil cópias no ano de seu lançamento e rendendo mais um disco de ouro para o grupo gaúcho.

Alívio Imediato
Alívio Imediato
Álbum ao vivo de Engenheiros do Hawaii
Lançamento outubro de 1989 (1989-10)
Gravação
Estúdio(s) Estúdios BMG e estúdio Nas Nuvens, ambos no Rio de Janeiro
Gênero(s)
Duração 50:22
Idioma(s) Português
Formato(s)
Gravadora(s) BMG, através do selo RCA-Victor
Produção Marcelo Sussekind
Certificação Ouro - Pro-Música Brasil
Cronologia de álbuns ao vivo por Engenheiros do Hawaii
Filmes de Guerra, Canções de Amor
(1993)

O álbum é o primeiro disco ao vivo da banda, tendo ficado marcado por mostrar uma grande afinidade entre o grupo e o seu público, o que aparece bastante graças às técnicas de captação utilizadas na produção. Também, o disco marca nas canções gravadas em estúdio a continuidade da evolução da sonoridade da banda em direção a um maior uso de instrumentos eletrônicos, como teclados e sintetizadores, o que atingiria patamares inéditos em sua discografia nos álbuns de estúdio seguintes.

Antecedentes editar

Após o lançamento de seu último disco, Gessinger e Licks compram instrumentos Steinberger - marca estadunidense famosa por construir instrumentos sem cabeça ou mão e com microafinação - e o baixista compra, também, um amplificador da marca Mesa Boogie, que o guitarrista já utilizava, emparelhando a aparência do grupo no palco. Além disso, o grupo muda de empresário, passando a ser representados pela Showbrás, o que profissionaliza as apresentações da banda. A turnê que se segue no primeiro semestre de 1989 - Variações sobre a Mesma Tour - é um sucesso de público e crítica, lotando ginásios por onde passa. Com isto, a banda decide gravar um disco ao vivo para tentar registrar a energia do grupo no palco, inspirando-se na banda canadense Rush que gravava um álbum ao vivo a cada três de estúdio.[1][2]

Gravação e produção editar

Após decidirem lançar um disco ao vivo, ficou decidido pela banda em conjunto com a gravadora que ele seria produzido por Marcelo Sussekind, ex-guitarrista da banda Herva Doce, com alguma experiência em situações como aquela. Marcelo passou a acompanhar a banda em alguns shows da turnê do disco anterior para poder planejar melhor a produção. Com isto, chegou à conclusão de que o ponto forte das apresentações da banda era a sua interação com o público e a participação deste nas músicas. Assim, decidiu montar uma grande estrutura no Canecão - palco escolhido para a gravação - com um complexo e caro sistema quadrifônico para captar as manifestações do público. Ainda, havia ficado decidido que, apesar de ser um álbum ao vivo, a banda registraria duas canções em estúdio para que o disco contasse com material novo. Assim, entram no mesmo mês de julho nos estúdios da BMG no Rio para gravar as duas canções que a banda escolheu (ficando "A Violência Travestida Faz seu Trottoir" e "Anoiteceu em Porto Alegre" para o disco seguinte), ficando a mixagem para o mês seguinte a cargo do produtor.[3]

Resenha musical editar

O álbum abre com "Nau à Deriva", a primeira das canções de estúdio gravadas para o álbum. Ela inicia com uma sequência de notas feitas em um teclado, mas que são tocadas através de uma programação realizada em um sequenciador. Também, há teclados com sons de órgão e metais. Em seguida, vem a segunda música de estúdio, "Alívio Imediato". Após a introdução, esta canção conta com um arranjo de cordas feito em um teclado e que é mais perceptível no refrão. Augusto gravou duas guitarras nas partes cantadas: uma fazendo base normalmente e outra utilizando-se da técnica de slide. No final, Augusto aciona um pedal de wah-wah Dunlop Cry Baby enquanto o produtor Marcelo Sussekind faz um solo com a sua guitarra Gibson Les Paul. Ao final, Augusto sola utilizando-se de um pedal pitch shifter[nota 1] da Digitech para soar semelhante ao guitarrista da banda inglesa Queen, Brian May. Estas canções mostram a direção em que a sonoridade da banda caminhava: para a utilização de mais instrumentos eletrônicos. Então, a terceira faixa abre o show com "A Revolta dos Dândis I", que traz Augusto tocando o seu violão Guild Songbird. No meio da música, ele troca para o teclado Yamaha DX11, trazendo um clima de blues para a canção. Na sequência, a segunda parte desta canção também traz um teclado com um patch que simula o som de um sintetizador minimoog. O primeiro lado fecha com "Infinita Highway", em uma versão mais rápida e rock - com distorção - e considerada definitiva por muitos fãs da banda.[3]

Abrindo o lado B, vêm um pequeno trecho de "A Verdade a Ver Navios" - com Augusto no teclado - que apenas serve como uma espécie de introdução para "Longe Demais das Capitais", em uma versão mais rápida e rock também. Em seguida, vem a parte mais intimista do show com Humberto e Augusto executando "Terra de Gigantes" e "Somos Quem Podemos Ser", nas quais ambos tocam guitarra, com Augusto utilizando o efeito Roland GR-300, que sintetiza o som da guitarra para torná-lo próximo ao de um teclado. Na sequência, "Ouça o que Eu Digo: Não Ouça Ninguém", em arranjo muito próximo ao do disco, mas com uma boa participação da plateia. Fechando o disco, "Longe Demais das Capitais" traz Licks fazendo backing e solando em uma parte blues inserida no final da música, quando termina com um solo executado apenas com a mão esquerda. Nas versões em K7 - e nos relançamentos, seguia-se "Tribos e Tribunais" com a edição alterando a manifestação da plateia para fazer parecer se tratar de um bis, em um arranjo bem rock e com Humberto modificando a letra no terceiro verso.[3]

Recepção editar

Lançamento editar

O álbum foi lançado em outubro de 1989 pela gravadora BMG, através do selo RCA-Victor. O álbum foi bem divulgado e distribuído, contando com o lançamento de dois singles promocionais, "Nau à Deriva" e "Alívio Imediato". Além disso, a banda saiu em turnê - a Alívio & Mídia Tour - para promover o disco. Com esta promoção, o álbum vendeu mais de 150 mil cópias no ano de seu lançamento, rendendo o terceiro disco de ouro para o grupo gaúcho.[4][5]

Fortuna crítica editar

Críticas profissionais
Avaliações da crítica
Fonte Avaliação
Bizz (1989) Negativa
Folha de S.Paulo (1990) Negativa
Veja (1989) Neutra

A recepção do lançamento deste disco mostra como a banda havia mudado de patamar: o disco recebeu diversas resenhas profissionais - não se limitando a entrevistas ou resenhas de shows - e a banda foi capa da principal revista de música do país, ainda concedendo uma entrevista de 5 páginas sobre o lançamento. Entretanto, o que não mudou, é que a mesma revista continuou fazendo resenhas negativas sobre os discos da banda. Arthur Couto Duarte, na revista Bizz, fez uma crítica bastante negativa, comparando o show a um culto religioso, inclusive ironizando o título do álbum com o fato de a banda ter feito uma turnê à União Soviética, dizendo que o título se justificaria se o organizador da turnê "tivesse se esquecido de providenciar as passagens de volta". Também com uma crítica negativa, José Sachetta Ramos, para a Folha de S.Paulo, insinua que o disco mostra como a banda tem um público mais novo e que o som da banda reflete certo "tédio interiorano". Assim, classifica o som do grupo como "light e tedioso como só pode ser a vida adolescente 'Longe demais das capitais'". A revista Veja realizou uma resenha em tom neutro, chegando a elogiar a participação do público e a sinergia que a banda consegue com ele. Ao mesmo tempo, traça um perfil da banda como "estradeira", avessa a encontros sociais e desconfiada de novas tecnologias, preferindo "as velhas guitarras aos teclados mirabolantes".[4][5]

Faixas editar

Lista de faixas dadas pelo Spotify[6] e pela obra citada.[7]

Todas as faixas escritas e compostas por Humberto Gessinger, exceto onde indicado. 

Lado A
N.º TítuloÁlbum original Duração
1. "Nau à Deriva"  Inédita 3:28
2. "Alívio Imediato"  Inédita 3:42
3. "A Revolta dos Dândis I"  A Revolta dos Dândis 6:37
4. "A Revolta dos Dândis II"  A Revolta dos Dândis 4:00
5. "Infinita Highway"  A Revolta dos Dândis 7:19
Lado B
N.º TítuloÁlbum original Duração
1. "A Verdade a Ver Navios"  Ouça o que Eu Digo: Não Ouça Ninguém 0:59
2. "Toda Forma de Poder"  Longe Demais das Capitais 4:29
3. "Terra de Gigantes"  A Revolta dos Dândis 5:46
4. "Somos Quem Podemos Ser"  Ouça o que Eu Digo: Não Ouça Ninguém 3:08
5. "Ouça o que Eu Digo: Não Ouça Ninguém"  Ouça o que Eu Digo: Não Ouça Ninguém 4:16
6. "Longe Demais das Capitais"  Longe Demais das Capitais 6:31
Duração total:
50:22

Créditos editar

Créditos dados pelas obras consultadas.[8]

Músicos editar

A Banda

Convidados

Ficha técnica editar

Equipes da gravação ao vivo
  • Equipe BMG: Edeltrudes Marques (supervisão), Flávio Senna (técnico), Ronaldo (assistente) e My Boy (assistente).
  • Equipe do estúdio Nas Nuvens: Vitor Farias (técnico), Sérgio (assistente) e Guilherme (assistente).
Gravação em estúdio
  • Técnicos: Flávio Senna, Dalton Rieffel e Mário Jorge Bruno.
  • Assistentes: Júlio César, Cézar Delano, Luiz, Dalmo, Cássio Araújo e Marcelo Rizzo.
  • Mixagem: Flávio Senna, Dalton Rieffel e Marcelo Sussekind.
  • Arregimentação: Gilberto D'Ávila.
  • Supervisão de estúdio: Edeltrudes Marques.
  • Manutenção de estúdio: Ricardo, Victor, Duarte e Gilson.
  • Montagem: Esveraldo Ferreira.
  • Corte de matriz: José Oswaldo Martins, Orlando Leme e Paulo Torres.

Notas

  1. É um efeito de guitarra que duplica ou triplica o som do instrumento adicionando notas relacionadas àquela que o guitarrista toca, como uma terça ou uma quinta, por exemplo.

Referências

  1. Mazocco & Remaso 2019, pp. 178-182
  2. Lucchese 2016, pp. 219-223
  3. a b c Mazocco & Remaso 2019, pp. 187-191
  4. a b Lucchese 2016, pp. 233-236
  5. a b Mazocco & Remaso 2019, pp. 203-205
  6. «Alívio Imediato (Ao Vivo)». Spotify. N.d. Consultado em 23 de setembro de 2022 
  7. Gessinger 2009, p. 53
  8. Mazocco & Remaso 2019, pp. 187-191

Bibliografia editar

  • Gessinger, Humberto (2009). Pra Ser Sincero: 123 Variações sobre um Mesmo Tema. Caxias do Sul: Belas Letras. ISBN 978-8560174454 
  • Lucchese, Alexandre (2016). Infinita Highway: Uma Carona com os Engenheiros do Hawaii. Caxias do Sul: Belas Letras. ISBN 978-8581742915 
  • Mazocco, Fabrício; Remaso, Sílvia (2019). Contrapontos: Uma Biografia de Augusto Licks. Caxias do Sul: Belas Letras. ISBN 978-8581744728