André Vieira Dias Rodrigues Mingas Júnior, também conhecido pelo nome artístico André Gasmin (Luanda, 24 de maio de 1950 — São Paulo, 11 de outubro de 2011), foi um músico, arquiteto, urbanista, professor universitário e político angolano.

Biografia editar

Nascido em Luanda, foi filho de André "Mongone" Rodrigues Mingas e de Antónia Diniz de Aniceto Vieira Dias.[1] Alguns dos irmãos de André Mingas foram também figuras notáveis da história angolana, nomeadamente o político, cantor e compositor Ruy Mingas,[1] a linguista e investigadora Amélia Mingas,[1] a atleta e administradora Júlia Rodrigues Mingas, o comandante policial José "Zé" Rodrigues Mingas e o economista, escritor e político Saíde Mingas.[1]

Orientado para uma carreira muisical desde muito cedo, foi bastante influenciado por seu tio Liceu Vieira Dias e por seu irmão Ruy Mingas.[2][3][4] Seu primeiro álbum musical foi denominado "Coisas da Vida", considerado um marco na modernidade da música angolana, com uma mistura de jazz, rock e semba, sendo um dos pioneiros no subgênero semba-jazz.[3] Neste álbum destacavam-se as músicas "Esperança", "Mufete" e "Chipalepa".[5]

Na década de 1970 associou-se a Filipe Mukenga e Waldemar Bastos, sendo que o primeiro exerceu fortíssima influência, principalmente na adoção das dissonâncias musicais.[3]

Após a independência angolana, tornou-se um dos fundadores da União dos Artistas Angolanos.[3] Formou-se arquiteto pela Universidade Agostinho Neto e mestre em arquitetura e urbanismo pela Universidade Técnica de Lisboa.[3] Em Portugal, foi professor do curso de arquitectura da Universidade Lusófona de Lisboa.[3]

Ao retornar a Angola, desempenhou a função de Vice-Ministro da Educação e Cultura, período em que organizou a Sociedade de Autores Angolanos (SAA), a concepção de institutos médios e superiores de ensino e o incentivo à arte contemporânea em Angola.[3]

Como arquiteto, era contra a fortíssima especulação imobiliária que afetou a província luandina a partir da década de 1990, sendo crítico ferrenho da demolição do antigo Mercado do Quinaxixe.[6] Ainda assim, foi designado, em 2006, para a requalificação arquitetónica de vários bairros da cidade de Luanda, sendo responsável pela expansão de Talatona e Belas.[6][3]

Em 12 de outubro de 2006 o Presidente José Eduardo dos Santos o nomeou Secretário para os Assuntos Locais da Presidência de Angola.[7] Por último, o Presidente Dos Santos o tinha sido nomeado cônsul de Angola em São Paulo, no Brasil.[6] Já estava na cidade, mas morreu em 11 de outubro de 2011 antes de tomar posse.[6]

Referências

  1. a b c d Fátima d'Alva Penha Salvaterra Peres (31 de março de 2010). A Revolta Activa - Os conflitos identitários no contexto de luta de Libertação Nacional. Lisboa: Universidade NOVA de Lisboa 
  2. «Ruy Mingas por João Carlos Callixto: 18 Jan 1971 - "Makesu"». RTP. Consultado em 5 de janeiro de 2024 
  3. a b c d e f g h «André Mingas». LEA. 20 de maio de 2019 
  4. «O Ritmo do Ngola Ritmos». Televisão Popular de Angola. Consultado em 5 de janeiro de 2024 
  5. «Restos mortais de André Mingas foram a enterrar». Rádio Ecclesia. 17 de outubro de 2011 
  6. a b c d «Morreu André Mingas». Club K. 11 de outubro de 2011 
  7. «Despacho nº 64/06» (PDF). Diário da República (9440). 12 de outubro de 2006