Distúrbios islamitas de setembro de 2012

Distúrbios islamitas de setembro de 2012 referem-se as manifestações e protestos anti-Ocidente[2] e antiamericanos, bem como violentos ataques realizados contra embaixadas e consulados dos Estados Unidos, provocados pelo filme anti-islâmico Innocence of Muslims[3][4][5] e mais tarde pelas caricaturas publicadas por algumas revistas europeias.[6][7][8] Os distúrbios se espalharam por todo o mundo, especialmente na África e no Oriente Médio, causando inúmeros confrontos e mortes, com destaque para o caso da morte do embaixador estadunidense na Líbia Christopher Stevens.[9]

Distúrbios islamitas de setembro de 2012


Acima: manifestantes protestando contra o filme Innocence of Muslims no Bahrein.
Abaixo: milhares de manifestantes marcham em direção à Embaixada dos Estados Unidos em Kuala Lumpur em protesto contra o filme.
Período 11 de setembro de 2012 - 29 de setembro de 2012
Local Vários locais no mundo islâmico.[1]

Os protestos se estenderam a pelo menos 32 países, principalmente do mundo islâmico como Egito, Mauritânia, Marrocos, Líbia, Argélia, Territórios Palestinos, Síria, Jordânia, Iêmen, Catar, Kuwait, Barém, Irã, Turquia, Afeganistão, Iraque, Somália, Líbano, Nigéria, Quênia, Paquistão, Malásia, Singapura, Índia, Bangladesh, Sri Lanka, Maldivas e Indonésia. Além disso, grupos de manifestantes protestaram contra as embaixadas dos Estados Unidos em Londres e Amsterdã, sendo estes protestos mais minoritários.[10][11]

As missões atacadas foram a embaixada norte-americana no Cairo, o consulado em Bengasi e a embaixada em Sana, no Iêmen. No ataque à embaixada no Cairo, muros foram escalados e bandeiras dos Estados Unidos queimadas e trocadas por bandeiras islâmicas negras. Na Líbia, o consulado foi atacado com armas de fogo leve e lança-granadas, que incendiaram o prédio e causaram a morte do embaixador Christopher Stevens[12] e mais 14 pessoas, funcionários da embaixada e policiais líbios. O ataque foi considerado um plano realizado por integrantes da Al-Qaeda, embora há quem acuse os remanescentes do regime kadhafista.[13][14] (ver: Ataque terrorista em Bengasi em 2012)

No Egito, manifestantes pintaram uma mensagem nas paredes da embaixada, que tem uma estrutura de uma fortaleza e encontra-se perto da Praça Tahrir, onde os egípcios se rebelaram contra Mubarak, que expressava o seguinte: "Se sua liberdade de expressão não tem limites, nossa liberdade de ação tampouco terá".[15]

Em 13 de setembro, manifestantes atacaram a embaixada americana no Iêmen, invadindo o complexo diplomático, incendiando carros estacionados, até serem expulsos por jatos de água e bombas de gás lacrimogêneo.[16] No mesmo dia, os protestos se espalharam pela região do Oriente Médio, com manifestações na Faixa de Gaza, em frente à embaixada dos EUA em Tel Aviv,[17] e em Teerã, no Irã, em frente à embaixada da Suíça, que representa os interesses norte-americanos no país.[18]

Em 14 de setembro, novo ataque ocorreu, desta vez contra a embaixada em Túnis, na Tunísia, onde três homens morreram após pular os muros do edifício incendiando árvores e quebrando janelas. Uma escola americana também foi incendiada na cidade. Protestos no Líbano também deixaram dois mortos e em Cartum, no Sudão, além da representação dos Estados Unidos, ainda foram atacadas as missões da Alemanha, que foi incendiada, e do Reino Unido.[19] Após os incidentes no Sudão e na Tunísia, o governo norte-americano determinou a retirada de familiares e de funcionários não essenciais das embaixadas nas capitais dos dois países.[20]

Referências

  1. «Talebã mata dois americanos em 'fortaleza' da Otan em protesto contra filme». Estadão. Consultado em 15 de setembro de 2012 
  2. «Protestos islâmicos anti-Ocidente se espalham após polêmica». G1 
  3. «Crecen protestas contra EUA en África y O. Medio por filme Mahoma». La Prensa Gráfica. Consultado em 17 de setembro de 2016. Arquivado do original em 16 de setembro de 2012 
  4. «Yemen repele a manifestantes en embajada de Estados Unidos». El Universal 
  5. «Las protestas crecen en el mundo islámico por el vídeo de Mahoma». DIARIO DE LEÓN 
  6. «Francia baraja mantener cerradas sus embajadas por las caricaturas de Mahoma». DIARIO EL CORREO. 20 de setembro de 2012. Consultado em 17 de setembro de 2016. Arquivado do original em 24 de setembro de 2016 
  7. «Túnez prohíbe las manifestaciones de este viernes contra las caricaturas de Mahoma». cadenaser.com/. 20 de setembro de 2012 
  8. «Filme anti-Islã e caricaturas de Maomé provocam protestos e mortes mundo afora». Deutsche Welle 
  9. «La muerte del embajador estadounidense en Libia estaba "meticulosamente planificada"». euronews 
  10. Las protestas contra la película 'Inocencia de los musulmanes' se extienden a 32 países - europapress
  11. «Violencia islámica alcanza Medio Oriente, Norte de Africa y Asia: disturbios en embajada de EEUU en Túnez». LaTercera.com 
  12. «Statement on the Death of American Personnel in Benghazi, Libya». US Department of State. Consultado em 13 de setembro de 2012. Arquivado do original em 12 de setembro de 2012 
  13. «Al Qaeda attack eyed in murder of US Ambassador to Libya». New York Post. Consultado em 13 de setembro de 2012 
  14. «US ambassador to Libya killed in attack on Benghazi consulate». Dauly Telegraph. Consultado em 12 de setembro de 2012 
  15. «Manifestantes Egipcios Asaltan la Embajada de EEUU». Al Manar. Consultado em 15 de setembro de 2012 
  16. «Manifestantes invadem embaixada dos EUA no Iêmen». BBC Brasil. Consultado em 13 de setembro de 2012 
  17. «Protests against anti-Islam film in Gaza, Tel Aviv». Hindustan Times. 13 de setembro de 2012 
  18. «Iranians protest film outside of Swiss embassy». The Daily Star. 13 de setembro de 2012 
  19. «Protestos contra filme polêmico se espalham por países muçulmanos». O Globo. Consultado em 15 de setembro de 2012 
  20. «EUA ordenam pessoal não essencial a deixar Cartum e Túnis». Reuters. Consultado em 16 de setembro de 2012. Arquivado do original em 18 de setembro de 2012 

Ver também editar

 
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