Batalhão Suez foram 20 contingentes do Exército Brasileiro enviado ao Oriente Médio como parte das Forças de Paz da ONU no conflito existente entre o Estado de Israel, o Egito, e seus vizinhos árabes a partir de 1956. Criado por decreto do Congresso Nacional do Brasil em 22 de novembro de 1956,[1] foi parte da Força de Emergência das Nações Unidas (UNEF I), em operação no Egito, ao longo do Canal de Suez, durante aquele conflito e nos anos posteriores.[2][3]

Monumento ao batalhão de Suez, que cumpriu juntamente com a ONU uma missão de paz no Oriente Médio, monumento na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil

Criação editar

A Força de Paz foi criada após a nacionalização do canal pelo presidente egípcio Gamal Abdel Nasser em 26 de julho de 1956, o que levou à reação de França e Reino Unido, administradores da região do canal, que armaram Israel para invadir a Península do Sinai, levando ao conflito denominado Guerra de Suez.

Operação editar

A Força de Emergência começou suas atividades na região visando ao cessar-fogo entre as partes em conflito, sendo integrada por forças do Canadá, Brasil, Colômbia, Dinamarca, Finlândia, Índia, Indonésia, Iugoslávia, Noruega e Suécia.[4][5][6]

O primeiro contingente do batalhão, chamado de Destacamento Precursor, composto de cerca de 80 sapadores, especialistas no desarme de minas, embarcou para a região em 14 janeiro de 1957[7] em avião da Força Aérea dos Estados Unidos. O grosso do batalhão foi transportado para Suez a bordo do navio da marinha brasileira Custódio de Melo, e desembarcou em Port Said em 4 de fevereiro de 1957.[8] As forças brasileiras ficaram estacionadas próximas à cidade de Rafah, instalando seu Quartel-General num antigo forte inglês nas imediações da cidade, próximo à Faixa de Gaza.[9] Sua principal missão na região foi o de patrulhar as fronteiras da linha de demarcação entre árabes e israelenses e limpar os campos de minas no deserto subjacente.

O contingente do batalhão sofria um revezamento de tropas de sete em sete meses e foi comandado, durante os anos de sua missão no Sinai pelos tenentes-coronéis Iracílio Ivo de Figueiredo Pessoa, Rui José da Cruz, Luís Dantas de Mendonça, Fernando Sotter da Silveira e Darci Lázaro, entre outros.[8]

Sete soldados brasileiros vieram a morrer durante os anos da presença militar no local, entre 1957 e 1967, seis deles por acidentes e "fogo amigo" e um envolvido em troca de tiros entre árabes e israelenses nas proximidades do Campo Brasil, o acampamento militar das tropas brasileiras na região. Um soldado canadense também foi fuzilado por soldados brasileiros ao ser confundido com um invasor comum.[10]

Composição editar

Cerca de 6 mil homens do Exército Brasileiro participaram, em revezamento, do Batalhão Suez (5 000 do Estado do Rio de Janeiro e 700 do Paraná dentre outros Estados do Brasil) durante seus dez anos de presença no Sinai.

Desmobilização editar

O retorno definitivo das forças ao Brasil se deu em 13 de junho de 1967, após a Guerra dos Seis Dias.[11]

Em 1988, as Forças de manutenção da paz das Nações Unidas receberam a outorga do Prêmio Nobel da Paz - Os Boinas Azuis da Paz.[12]

Ver também editar

Referências

  1. «LEI DE CRIAÇÃO DO BATALHÃO SUEZ (III/2º RI) PELO GOVERNO BRASILEIRO». Consultado em 22 de junho de 2011 
  2. «ONU Brasil e Forças Armadas homenageiam Forças de Paz em 30/05/2022». Consultado em 9 de novembro de 2022 
  3. «BOINAS AZUIS DO BATALHÃO SUEZ CELEBRAM O TRANSCURSO DOS 60 ANOS DE SUA PARTIDA À FAIXA DE GAZA, EM 1958. - Exército Brasileiro». Consultado em 9 de novembro de 2022 
  4. «COMO INSTRUMENTO DE PAZ MUNDIAL NO ORIENTE MÉDIO». Consultado em 22 de junho de 2011 
  5. «Missões de Paz 2022 - Brasil Ministério da Defesa». Consultado em 9 de novembro de 2022 
  6. «Histórico da participação brasileira em missões da ONU - Brasil Ministério da Defesa». Consultado em 9 de novembro de 2022 
  7. «4ª República (18.09.1946 - 09.04.1964)». Portal da Câmara dos Deputados. Consultado em 24 de janeiro de 2023 
  8. a b «O Batalhão Suez». Consultado em 22 de junho de 2011 
  9. «ITINERÁRIO DO BTL.SUEZ». Consultado em 22 de junho de 2011 
  10. «A Nossa Participação - 4». Consultado em 22 de junho de 2011 
  11. «A Nossa Participação - 2». Consultado em 22 de junho de 2011 
  12. «Brasil tem um Nobel da Paz - Agência Brasil». Consultado em 9 de novembro de 2022