Brasil na Copa do Mundo FIFA de 1966

Brasil
11°lugar.
Associação CBD
Confederação Conmebol
Participação
Melhor resultado Campeão: 1958, 1962
Treinador Brasil Vicente Feola

A edição de 1966 do torneio marcou a oitava vez que a Seleção Brasileira de Futebol participou de uma Copa do Mundo. Era e permanece, o único país a participar de todas as edições do torneio da FIFA.

A Seleção foi dirigida pela segunda vez por Vicente Feola e os capitães foram Orlando Peçanha e Bellini. [1] O Brasil foi eliminado na primeira fase e terminou na 11ª colocação. [2]


Eliminatórias editar

O   Brasil, como defensor do título de 1962, se classificou automaticamente.

Preparação editar

O Brasil bicampeão de 1958 e 1962 foi comandado pelo técnico Vicente Feola, o mesmo do primeiro título mundial e que estava com 67 anos. O Brasil foi derrotado em casa na Taça das Nações de 1964. No início de 1966, ocorreu uma pequena crise quando Paulo Machado de Carvalho defendeu publicamente a continuação de Aymoré Moreira como técnico da seleção. O Brasil era o favorito nas casas de apostas inglesas. [3]

Feola convocou para a preparação inicial 47 jogadores. O grande número de jogadores na lista inicial foi tratado como exemplo da bagunça da preparação. De acordo com Brito: "Naquela época, a comissão técnica era uma bagunça danada, tanto que chamaram 45 jogadores. Isso atrapalhou muito. Quiseram fazer média com todo mundo e atrapalhou tudo. Cada treino era uma guerra. Todos os jogadores eram amigos, mas a comissão queria que todos virassem inimigos. Aquela seleção não foi mais à frente pela falta de organização e honestidade".[4] Para Sílvio Lancellotti: "uma infinidade de atletas, exatos 47, inúmeros deles sem chance de chegar na Copa".[5] Porém no bicampeonato conquistado quatro anos antes, Aymoré Moreira havia chamado 41 atletas para um período de um mês de treinos antes de embarcar para o Chile.

Na elaboração da lista de 47 nomes para a preparação da Copa de 1966, um dirigente da então Confederação Brasileira de Desportos, ponderou que havia poucos jogadores do Corinthians e sugeriu a convocação do zagueiro Ditão.[6] Na hora de datilografar os nomes de batismo, porém, a secretária escreveu o nome de outro Ditão, o do Flamengo, que era irmão do zagueiro corinthiano.[6][7] Para não cair no ridículo, a Comissão Técnica não desfez o mal-entendido e a convocação de Ditão foi mantida.[6]

Os 45 jogadores (Jair da Costa pediu dispensa para fazer uma operação na clavícula[8] e Amarildo foi cortado por uma distensão muscular[9], os dois únicos jogadores do exterior na convocação) passaram um mês e meio treinando no Rio de Janeiro e em Minas Gerais aguardando o corte final.

Após a lista final, a CBD declarou que Dudu foi cortado sob a alegação de estar anêmico.[10]

Djalma Dias foi a público acusar a CBD de convocar o veterano Bellini, então com 36 anos e já na descendente da carreira, por “saudosismo”.[11]

Apenas dois jogadores não atuavam em São Paulo ou no Rio de Janeiro: Tostão do Cruzeiro e Alcindo do Grêmio. A última vez que o Brasil convocou algum jogador que não atuava em São Paulo ou no Rio de Janeiro foi na campanha de 1950. Era uma reclamação dos outros estados nas campanhas anteriores. O futebol brasileiro estava mudando com a consolidação da Taça Brasil e os jogadores de outros centros tinham mais exposição. Mesmo assim, a queixa persistiu até os anos 90 e a saída dos jogadores brasileiros para atuar no exterior. A Revista do Esporte do Rio de Janeiro lembrou de nomes como de Dirceu Lopes do Cruzeiro e José Roberto Bougleaux do Atlético-MG como injustiçados.[12]

Durante o período de treinos no Rio de Janeiro, Alcindo e Gérson foram os mais aplaudidos pela torcida. [13] Alcindo lesionou o pé contra o Bangu. Segundo o Jornal dos Sports: "Alcindo caiu quando jogava demais". [14] No dia seguinte, Alcindo teve o tornozelo engessado por duas semanas até o final do mês de Maio. [15] Mas foi confirmado na lista dos 22 e começou a competição como titular devido a boa impressão que deixou nos treinos.

Na lista final havia 7 campeões do mundo em 1958 ou 1962. Apenas um armador clássico Gérson, que se machucou no meio do torneio e o Brasil atuou com o "coringa" Lima na posição fazendo dupla com o cabeça de área Denílson.

A Copa editar

O Brasil estreou vencendo a Bulgária por dois a zero. Com gols de bola parada de Pelé e Garrincha. Foi a última partida em que Pelé e Garrincha atuaram juntos pela Seleção. No total foram 40 partidas entre 1958 e 1966 e nenhuma derrota.[16] A Bulgária era treinada por Rudolf Vytlačil, treinador da Tchecoslováquia na Final da Copa do Mundo FIFA de 1962.

Na segunda partida, derrota para a Hungria por 3 a 1. O jogo marcou o fim do recorde de maior número de partidas consecutivas sem perder de um país em copas do mundo, marca que persiste até os dias de hoje. Foram 13 jogos sem perder, a última derrota do Brasil havia sido contra a mesma Hungria na Batalha de Berna em 1954. Pelé, machucado, não atuou na partida.

Na última partida, derrota para a Portugal por 3 a 1. Inseguro, Feola fez nove alterações para esse jogo decisivo, incluindo mudando o goleiro e colocando Garrincha na reserva. Feola alegou que o time estava "desmantelado com várias contusões, principalmente a de Gérson, a quem eu depositava grande confiança".[17] A partida ficou marcada pelas jogadas violentas contra Pelé que acabou se machucando, em entradas do português João Morais, que não foi advertido pelo árbitro inglês, George McCabe. Foi a segunda vez que uma seleção defendendo o título foi eliminado na primeira fase, a primeira foi a Itália na Copa do mundo de 1950.

Grupo 3 editar

12 de julho 1966
19:30
  Brasil 2–0   Bulgária Liverpool, Goodison Park
Árbitro: Tschenscher (Alemanha Ocidental)
Público: 48000

Pelé 15'
Garrincha 56'
(Reporte)

15 de julho 1966
19:30
  Hungria 3–1   Brasil Liverpool, Goodison Park
Árbitro: Dagnall (Inglaterra)
Público: 52000

Bene 2'
Farkas 64'
Mészöly 73' (pen)
(Reporte) Tostão 14'

19 de julho 1966
19:30
  Portugal 3–1   Brasil Liverpool, Goodison Park
Árbitro: McCabe (Inglaterra)
Público: 62000

Simöes 15'
Eusébio 27', 85'
(Reporte) Rildo 70'
Time Pts J V E D GF GS SG
  Portugal 6 3 3 0 0 9 2 7
  Hungria 4 3 2 0 1 7 5 2
  Brasil 2 3 1 0 2 4 6 -2
  Bulgária 0 3 0 0 3 1 8 -7

Artilharia[18] editar