Camillo Ballin

Bispo italiano

Camillo Ballin MCCJ (Fontaniva, 24 de junho de 1944Roma, 12 de abril de 2020) foi professor e religioso ítalo-barenita da Igreja Católica Romana que serviu como vigário apostólico do Kuwait, de 2005 a 2011, e, a partir de então, da Arábia Setentrional, cargo que ocupou até sua morte.

Camillo Ballin
Bispo da Igreja Católica
Vigário apostólico da Arábia Setentrional
Info/Prelado da Igreja Católica

Título

Bispo titular de Arna
Atividade eclesiástica
Congregação Missionários Combonianos do Sagrado Coração de Jesus
Diocese Vicariato Apostólico da Arábia Setentrional
Nomeação 14 de julho de 2005
Entrada solene 2 de setembro de 2005
Predecessor Francis George Adeodatus Micallef, OCD
Sucessor Aldo Berardi, OSsT
Ordenação e nomeação
Profissão Solene 9 de setembro de 1968
Venegono, Itália
Ordenação presbiteral 30 de março de 1969
Verona, Itália
Nomeação episcopal 14 de julho de 2005
Ordenação episcopal 2 de setembro de 2005
Cidade do Kuwait
por Crescenzio Cardeal Sepe
Lema episcopal IN VERBO TUO
Brasão episcopal
Dados pessoais
Nascimento Fontaniva, Itália
24 de junho de 1944
Morte Roma, Itália
12 de abril de 2020 (75 anos)
Nacionalidade italiano
barenita
Funções exercidas Vigário apostólico do Kuwait (2005-2011)
Sepultado Fontaniva, Itália
dados em catholic-hierarchy.org
Bispos
Categoria:Hierarquia católica
Projeto Catolicismo

Biografia editar

Juventude editar

Ballin nasceu em Fontaniva, na província de Pádua, Itália, filho do casal Angelo e Lucia Ballin, e tinha três irmãs, Angela Rosa, Bertilla Maria e Anna Lucia, todas as quais viriam ser membros da Congregação das Pequenas Irmãs da Sagrada Família, e um irmão mais velho, Alfonso, morto aos sete anos, em 1946. Também sua mãe Angela faleceu aos 35 anos, em 1947. Seu pai Angelo casou-se novamente e, desse novo matrimônio, teve um filho ao qual deu o mesmo nome do que faleceu.[1]

Fez seus estudos fundamentais em sua cidade natal, foi buscar ensino superior em Vicenza. Aí ingressou no Seminário Diocesano, porém, em 1963, transferiu-se para o noviciado do Instituto Religioso dos Missionários Combonianos do Sagrado Coração de Jesus em Gozzano.[1] Fez sua primeira profissão em 9 de setembro de 1965. Seguidamente foi para Venegono e, em 9 de setembro de 1968, emitiu a profissão perpétua.[2]

Presbiterado editar

Foi ordenado presbítero em 30 de março de 1969 em Casteletto sul Garda, Verona, na casa-mãe de suas irmãs religiosas. Escolheu esta data para o evento por ser o aniversário de óbito de sua mãe. Logo após sua ordenação, encontrou-se com o padre que confessou sua mãe no leito de morte e este revelou-lhe que ela ofereceu sua vida para que ele e suas irmãs se tornassem religiosos e pediu ao seu esposo que se casasse novamente.[1]

Camilo pediu insistentemente aos seus superiores para que fosse enviado para atuar nos países árabes. Assim, foi mandado para Damasco, na Síria, e depois para Zahle, no Líbano, para o estudo da língua árabe por dois anos. Logo em seguida, iniciou seu apostolado sacerdotal na Paróquia Latina de São José em Zamalek, no Cairo, Egito, onde foi pároco de 1971 a 1977. Transferiu-se então para o Líbano e depois para Roma, Itália, por motivos de estudo, obtendo licenciatura em rito oritental pelo Pontifício Instituto Oriental em 1980.[1][3]

De 1981 a 1990, foi professor no Instituto de Teologia no Cairo e superior provincial de sua congregação no Egito. Em 1990, foi transferido para a província do Sudão, onde fundou um Instituto de Teologia em árabe para professores de religião nas escolas, instituto este que viria a ser englobado pela Universidade Comboniana de Cartum.[1] Entre 1997 e 2000, esteve em Roma, novamente no Pontifício Institu para seu doutorado sobre a história da Igreja no Sudão, especialmente durante o Estado Madista (1881-1898), período no qual a prática de qualquer outra religião que não fosse o islamismo madista era estritamente proibida. Sua pesquisa foi sobre como cristãos e judeus viviam nesses anos de perseguição. Em 2000, assumiu a direção do Centro de Estudos Árabes e Islâmicos Dar Comboni no Cairo, e foi professor de história da Igreja no Seminário Maior Inter-Ritual.[3]

Em 2004, publicou dois de seus muitos escritos em árabe: Os Modos do Espírito e História da Igreja.[4]

Episcopado editar

O Papa Bento XVI nomeou-o vigário apostólico do Kuwait com sé episcopal titular em Arna em 14 de julho de 2005. Sua sagração episcopal e posse se deu na Catedral da Cidade do Kuwait, dedicada à Sagrada Família, por imposição das mãos de Dom Crescenzio Cardeal Sepe, prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, auxiliado por Dom Giuseppe De Andrea, núncio emérito no Kuwait, e Dom Frei Francis George Adeodatus Micallef, OCD, vigário apostólico emérito do Kuwait. Em 31 de maio de 2011, após uma reorganização nas circunscrições eclesiásticas na Península Arábica, o Vicariato do Kuwait passou a se chamar Vicariato Apostólico da Arábia Setentrional, e Dom Camilo foi mantido como seu incumbente. A nova circunscrição abrange os países do Kuwait, Bahrein, Catar e Arábia Saudita.[2]

Em agosto de 2012, transferiu sua residência do Kuwait para o Bahrein, cujo rei Hamad Bin Isa Al Khalifa o presenteou com a cidadania barenita, um passaporte e 9.000 metros quadrados de terra para uma catedral em 11 de fevereiro de 2013. O Reino do Bahrein é um dos poucos países do Conselho de Cooperação do Golfo a ter uma população cristã local desde 1930. Dom Camillo pediu e obteve da Santa Sé o privilégio da Virgem Maria, sob o título de Nossa Senhora da Arábia, proclamada padroeira de ambos vicariatos do Norte e do Sul em 5 de janeiro de 2011 e uma solenidade celebrada em sua honra no sábado anterior ao segundo domingo do Tempo Comum. Dom Camillo devotou seus últimos anos à causa da construção da Catedral em Awali, Bahrein, iniciada em 2014. Todavia, não chegou a concluí-la.[4]

Dom Camillo serviu com realismo apostólico e perspicácia as muitas comunidades de católicos batizados — dois milhões e meio, dos quais um e meio na Arábia Saudita, sem igrejas — que chegaram em seu vicariato seguindo o fluxo de imigração por trabalho oriundos de diversos países, especialmente da Índia e das Filipinas. Uma cristandade multilíngue e multicolorida que cresceu sem qualquer esforço estratégico missionário de evangelização, originada de interesses vitais e concretos quem impulsionaram milhares de pessoas a deixarem suas nações em busca de um salário decente.

Em seus discursos públicos, ao responder questionamentos que enfatizavam as oposições entre cristianismo e islamismo, Dom Camillo afirmava que nos países integrantes do seu vicariato "não há perseguições em curso", que nunca tentou converter um muçulmano à cristandade, e lembrava que, mesmo naqueles países, a missão consistia em "imitar Jesus". Por ocasião do assassinato de quatro Irmãs Missionárias da Caridade e mais doze civis, em 4 de março de 2016, no Iêmen, pelo comando de terroristas que atacaram um lar de idosos na cidade de Aden, declarou à Fides que "quanto mais a Igreja está mais próxima de Jesus mais ela participa de sua paixão". E continuou: "Cristão que está longe de Cristo nunca será tocado pela perseguição, enquanto o cristão que se aproxima de Cristo se envolve em sua paixão e morte e estará perto dEle na glória de sua vitória".[3]

Falecimento editar

Dom Camillo já demonstrava sinais de debilidade quando caiu enfermo em 4 de fevereiro de 2020, durante uma visita pastoral a Riade, na Arábia Saudita, e levado a um hospital local. Diagnosticado com câncer de pulmão, cinco dias depois transferiu-se para a Casa Geral dos Combonianos em Roma, e iniciou seu tratamento na Policlínica Gemelli. Em 7 de abril, porém, ao cair inconsciente, foi transferido para a unidade de cuidados paliativos do Hospício de Villa Speranza, onde veio a falecer na tarde do Domingo da Ressurreição, 12. Devido às restrições impostas pela pandemia de covid-19, os ritos funerais e a missa de réquiem foram adiadas e, após três dias na Casa Geral dos Combonianos, seu cadáver foi levado para Fontaniva e sepultado no jazigo de sua família.[2][4]

O Vicariato Apostólico da Arábia Setentrional ficou vacante por quase três anos. Em 13 de maio de 2020, o Papa Francisco designou Dom Frei Paul Hinder, OFMCap, vigário apostólico da Arábia do Sul, como administrador apostólico. Enfim, em 28 de janeiro de 2023, o Pontífice nomeou o Pe. Aldo Berardi, da Ordem da Santíssima Trindade, como sucessor efetivo de Dom Camillo.[5]

Referências

  1. a b c d e «Down Memory Lane - Interview with H.L. Bishop Camillo Ballin, MCCJ» (em inglês). Vicariato Apostólico da Arábia Setentrional. Março de 2019. Consultado em 1 de fevereiro de 2023 
  2. a b c «In Pace Christi - Ballin Camillo». Missionários Combonianos. Consultado em 1 de fevereiro de 2023 
  3. a b c «ASIA/BAHRAIN - Apostolic Vicar of Northern Arabia, Bishop Camillo Ballin passes away, missionary in the lands of Islam» (em inglês). Fides. 14 de abril de 2020. Consultado em 1 de fevereiro de 2023 
  4. a b c «Bishop Ballin to be interred in family tomb at Fontaniva on 15 April» (em inglês). Vicariato Apostólico da Arábia Meridional. 15 de abril de 2020. Consultado em 1 de fevereiro de 2023 
  5. «Padre Aldo Berardi, novo Vigário Apostólico da Arábia do Norte». Vatican News. 28 de janeiro de 2023. Consultado em 1 de fevereiro de 2023 

Precedido por
Francis George Adeodatus Micallef, OCD
Vigário Apostólico do Kuwait
2005 — 2011
Sucedido por
mudança de nome
Precedido por
mudança de nome
Vigário Apostólico da Arábia Setentrional
2011 — 2020
Sucedido por
Aldo Berardi, OSsT
Precedido por
criação da diocese
Bispo Titular de Arna
2005 — 2020
Sucedido por
Adam Piotr Bab
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