O Campo de Perizes é uma extensa planície flúvio-marinha, com campos halófilos de várzea, localizada entre as cidades de São Luís, Bacabeira e Rosário, na região do Golfão Maranhense.[1]

Campo de Perizes
Ferrovia Carajás em Bacabeira.
Ferrovia Carajás em Bacabeira.

Ferrovia Carajás em Bacabeira.
Bioma Campos alagados, Amazônico, Cerrado
Países  Brasil
Rios Perizes
Notas Planície flúvio-marinha

Características geográficas editar

A região do Golfão e da Baixada Maranhense foi moldada por movimentos sucessivos de transgressão e regressão marinha ao longo de milhares de anos.[2]

O Estreito dos Mosquitos separa a ilha de Upaon-Açu do continente e conecta as Baías de São Marcos e São José/Arraial. Sobre ele, foram construídas a Ponte Marcelino Machado, composta por uma ponte de entrada e outra de saída; a Ponte Metálica Benedito Leite, pertencente à Ferrovia São Luís-Teresina; a ponte duplicada da Ferrovia Carajás; e a ponte metálica que sustenta a adutora do Italuís, que leva água do rio Itapecuru para a cidade de São Luís.[3]

O litoral maranhense é marcado pela presença de manguezais, uma formação vegetal de porte arbóreo ou arbustivo, adaptada a terreno pantanoso, submetida à influência direta das marés e da salinidade. É adaptado ao ambiente salobro, na desembocadura de rios no mar, onde cresce uma vegetação especializada, e com rica variedade de espécies aquáticas. [1]

Em áreas contíguas ao mangue, especialmente na região do Golfão Maranhense, existem extensas áreas planas, sujeitas ao alagamento periódico e com estrato predominantemente herbáceo, localmente chamadas de Campo de Perizes. Algumas das espécies existentes são: o piri ou piripiri (Cyoerus giganteus), que teria dado origem ao nome do lugar; a aturiá (Machaerium lunatum); a canarana (Panicum spp); além de juncos da família das cineráceas.[4][5]

 
A Ilha de Upaon-açu, separada da cidade de Bacabeira pelo Estreito dos Mosquitos. O Campo de Perizes fica ao sul da ilha.

O rio Perizes banha a região, que também fica próxima da foz do rio Itapecuru (à leste) e a do rio Mearim (à oeste). Alguns inserem o Campo de Perizes no âmbito da Baixada Maranhense.[1]

Em maio de 2018, entrou em operação a Nova Adutora do Italuís, que envolveu a substituição de 20 quilômetros de tubulação na região do Campo de Perizes. O Sistema Italuís foi implantado em 1982 e abastece 60% das casas da capital maranhense. O desgaste causado pelo tempo foi uma das principais causas dos constantes rompimentos da adutora ao longo dos anos, agravados em razão da salinidade existente no local, favorecendo o acelerado processo de corrosão. A Nova Adutora representa um aumento de 30% de vazão da água. [6]

Proteção Ambiental editar

Foi instituída a APA Estadual de Upaon-Açu-Miritiba-Alto Preguiças, com objetivo de preservar a região, bastante afetada pela antropização, com discussões a respeito da criação de novas unidades de conservação.[3]

Duplicação da BR-135 editar

 
Acesso à ilha de Upaon-açu pelo estreito dos Mosquitos: da esquerda para a direita, a ponte metálica que sustenta a adutora do sistema Italuís, a ponte Marcelino Machado e a ponte metálica Benedito Leite.

O campo é atravessado pela rodovia BR-135 (Km 25 a Km 51,3), o único acesso rodoviário à capital do estado, com o tráfego de mais de 25 mil veículos por dia, permitindo o acesso ao complexo portuário de Itaqui e Ponta da Madeira.[7]

Em 2018, foi concluída a sua obra de duplicação entre São Luís (Estiva, Km 25) e Bacabeira, considerado um de seus trechos mais perigosos e com mais acidentes, em um total de 26 km. A obra envolveu a construção de um viaduto em Bacabeira (Km 51), permitindo o acesso à cidade de Rosário, no entroncamento com a BR-402, porta de entrada para Barreirinhas e os Lençóis Maranhenses.[7]

As obras no trecho, iniciadas em 2012, custaram R$ 503 milhões.[8][9]

A intervenção foi considerada complexa, em razão do solo mole e sujeito a alagamentos, principalmente no Campo de Perizes. A engenharia rodoviária envolveu a utilização de tecnologia para o melhoramento do solo com colunas de brita a cada 2 metros, com profundidade entre 5 e 18 metros, ao longo de quase 18 km, utilizada pela primeira vez, no Brasil, em um trecho de grande extensão.[10] Além disso, foi feita realocação dos trilhos da ferrovia São Luís-Teresina e da adutora do sistema Italuís que margeavam a rodovia.

A obra tem continuidade e deve se estender até a cidade de Miranda do Norte, em mais duas etapas.[7] No lote 2, com 44,6 km, a duplicação irá de Bacabeira até o povoado Outeiro (popularmente conhecido como Entrocamento, em Itapecuru-Mirim, na ligação com a BR-222). O lote 3, com 31,7 km, vai do povoado Outeiro até Miranda do Norte. [11]

Em maio de 2020, foi iniciada a restauração de um trecho de 16 km entre São Luís e Bacabeira (Km 25 a Km 42) em razão de problemas críticos no asfalto. As obras foram concluídas em dezembro de 2021 e custaram R$ 42 milhões.[12][8]

Em maio de 2023, estavam liberados 16 km de trecho duplicado entre as cidades de Bacabeira e Santa Rita (km 51 ao km 67), referentes ao lote 2, ao custo de R$ 54 milhões. O DNIT ainda estava em fase de estudos de impactos ambientais e sociais para realização de obras do lote 3 até Miranda do Norte (lote 3).[13][14]

Alguns dos povoados existentes ao longo da rodovia e beneficiados pela duplicação são Perizes de Baixo e Perizes de Cima, ambos localizados em Bacabeira.[7]

Ver Também editar

Estreito dos Coqueiros

Ilha de Tauá-Mirim

Referências editar

  1. a b c «Duplicação EFC» (PDF) 
  2. «UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO MUSEU DE ARQUEOLOGIA E ETNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUEOLOGIA - PDF». docplayer.com.br (em inglês). Consultado em 26 de junho de 2018 
  3. a b «Evolução espaço-temporal do uso e cobertura da terra em áreas propostas para a implantação de unidades de conservação no município de Bacabeira-MA». Revista ESPACIOS | Vol. 37 (Nº 12) Año 2016 (em espanhol). 12 de maio de 2016 
  4. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Serviço Nacional de Levantamento e Conservaçffo de Solos, Rio de Janeiro, RJ. Levantamento exploratório-reconhecimento de solos do Estado. Rio de Janeiro,1986. 964 p., Paulo Klinger Tito Jacomine (Coordenador) (1) Antonio Cabral Cavalcanti (1) Sergio Costa Pinto Pessta (1) Nivaldo Burgos (1) Luiz Alberto Regueira Medeiros (1) Osvaldo Ferreira Lopes (1) Heraclio Fernandes Raposo de Mélo Filho (1) (1986). «LEVANTAMENTO EXPLORATÓRIO-RECONHECIMENTO DE SOLOS DO ESTADO DO MARANHÃO». Brasil. SUDENE-DRN. IX. T(tulo. X. Série. Xl. Série: Brasil. SIJDENE. DRN. Série Recursos de Solos, 17  line feed character character in |titulo= at position 41 (ajuda)
  5. «DUPLICAÇÃO DA ESTRADA DE FERRO CARAJÁS - EFC ESTUDO AMBIENTAL E PLANO BÁSICO AMBIENTAL – EA/PBA» (PDF)  line feed character character in |titulo= at position 31 (ajuda)
  6. «Nova adutora do Sistema Italuís começa a funcionar para reforçar abastecimento – Jornal Pequeno». Jornal Pequeno. 22 de maio de 2018 
  7. a b c d «Mais um trecho duplicado da BR-135, no Maranhão, é liberado». DNIT 
  8. a b «Estrada de mais de R$ 500 milhões é refeita no Maranhão dois anos após ser entregue». G1. 4 de julho de 2020. Consultado em 28 de julho de 2023 
  9. «Governo federal inaugura etapa da duplicação da BR-135, principal rodovia do MA». Agência Brasil. 11 de janeiro de 2018. Consultado em 28 de julho de 2023 
  10. «DNIT retoma obras de duplicação da BR-135/MA». DNIT 
  11. «BR 135/MA: superintendente inspeciona preparação para o início das obras de duplicação». DNIT 
  12. «Concluído trecho de duplicação da BR-135 no Maranhão». Jornal Pequeno. 13 de dezembro de 2021. Consultado em 28 de julho de 2023 
  13. «DNIT libera ao tráfego 9 quilômetros de duplicação na BR-135, no Maranhão». Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Consultado em 28 de julho de 2023 
  14. «DNIT conclui trecho de duplicação da BR- 135/MA». Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Consultado em 28 de julho de 2023