Carlos da Silva Prado

Carlos da Silva Prado (1908-1992) foi um artista plástico e arquiteto moderno, além de teórico da arquitetura funcional.

Carlos da Silva Prado
Nascimento 1908
São Paulo
Morte 1992
São Paulo
Cidadania Brasil
Ocupação pintor, arquiteto

Biografia editar

Filho mais novo (Eduardo, Yolanda, Caio e Carlos) do casal Caio da Silva Prado e Antonieta Penteado da Silva Prado (1880-?), Carlos da Silva Prado, nasceu em São Paulo e assim como os irmãos, fez seus estudos primários em casa, com professores particulares. Durante o ano de 1923, estudou no internato Chelmsford College, em Eastborn, na Inglaterra. Fez o secundário no Colégio São Luís, recém-transferido de Itu para São Paulo. Cresceu na casa dos avós maternos (o industrial e ex-cafeicultor Antônio Álvares Leite Penteado e sua mulher Ana Franco de Lacerda Álvares Penteado), em Higienópolis, na chamada “Vila Penteado”, que em 1948 passou a abrigar os cursos de pós-graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, na Rua Maranhão, número 88. Formou-se engenheiro-arquiteto (dupla titulação) na Escola Politécnica de São Paulo, em 1932[1].

Militância Política editar

Carlos Prado junto com o irmão Caio Prado Júnior se filiou ao Partido Comunista, em 1932. Na época, ambos ajudaram a fundar a Sociedade de Socorros Mútuos Internacionais (SSMI), uma organização de caráter internacional que tinha por finalidade organizar a solidariedade aos presos políticos. Entre os anos de 1933 e 1934, Carlos viveu em Paris. Sob influência do irmão Caio, decidiu conhecer a União Soviética porque queria ver de perto as soluções implementadas e entender os acontecimentos sociais com imparcialidade. Após a viagem distanciou-se do PCB e da militância política[2].

Artista Plástico editar

Carlos Prado foi diretor e um dos fundadores do Clube de Artistas Modernos. Adotou a temática social mesmo depois de ter deixado a militância. Produziu gravuras influenciado pelo olhar crítico do urbanista, quando ressaltou a multidão, o transporte público ainda precário, a fila e o lado de fora das fábricas com suas enormes chaminés (anos 1940 e 1950). No álbum intitulado A Cidade Moderna criou um panorama da urbe, ao mesmo tempo moderna e com sérios problemas de infraestrutura. Ao longo da carreira utilizou diferentes suportes (papel, madeira, tela e muro) e mostrou-se apto a quaisquer técnicas (têmpera, óleo, crayon, nanquim e gravura), dominando-as com facilidade. As oscilações percebidas no conjunto da obra, principalmente dos anos 1970 em diante, são fruto da experimentação (técnicas e estilos), possível devido ao excesso de liberdade, uma vez que não se enquadrava em instituições e não se afinava a grupos ou estilos[3].

Coleções editar

É possível encontrar obras de Carlos Prado nos acervos da Pinacoteca do Estado de São Paulo, do Museu de Arte de São Paulo e da Coleção Mário de Andrade pertencente ao Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo. Ainda há, na cidade serrana de Campos do Jordão, no Palácio Boa Vista, a tela Peixe (1946) e muitos outros trabalhos em coleções particulares.

Teórico da Arquitetura Funcional editar

Criticou as tendências arquitetônicas da primeira metade dos anos 1940 e defendeu a ideia de uma arquitetura funcional que ia além do espaço interno das edificações. Acreditava que em todo projeto o entorno deveria apresentar um conjunto de equipamentos e serviços coletivos. Em termos urbanísticos, considerava uma programação econômica do território, o arranjo regulamentado das habitações em zonas residenciais e industriais, redes viárias, núcleos direcionais, a estruturação de jardins e parques, a sistematização artificial da natureza em função de um resultado estético. Mostrou nos desenhos, gravuras e pinturas como a urbe estava estritamente ligada a um conjunto cultural. No álbum intitulado A Cidade Moderna representou a rua como cenário da vida e das forças sociais, políticas, econômicas e culturais; onde se encontram os aspectos do mercantilismo, do capitalismo, as consequências das descobertas científicas e da revolução industrial[4].

Referências

  1. Secco, Lincoln (2008). Caio Prado Júnior: o sentido da revolução. São Paulo: Boitempo 
  2. Forte, Graziela (2008). CAM e SPAM: Arte Política e Sociabilidade na São Paulo Moderna, do início dos anos 1930. São Paulo: Dissertação Mestrado, FFLCH-USP 
  3. Forte, Graziela (2014). Carlos Prado: trajetória de um modernista aristocrata. São Paulo: Bookess 
  4. Forte, Graziela (2014). Carlos Prado: trajetória de um modernista. São Paulo: Bookess 

Bibliografia editar

  • Arquivo da Pinacoteca do Estado, Geraldo Ferraz, “No III Salão Paulista de Belas Artes”, jan. 1936, p. 112.
  • Carlos da Silva Prado, “A Arquitetura do Futuro em Face da Sociedade Capitalista”, Revista Politécnica, São Paulo, n. 106, pp. 351-356, nov.-dez. 1932.
  • Carlos Prado, “Da Boa Vizinhança entre as Artes Plásticas”, Revista Acrópole, São Paulo, no. 83, mar. 1945, pp. 301-302.
  • Carlos Prado, Memória sem Palavras, Zurique, 1954; e reedição FAU-USP, 2008.
  • Carlos Prado, “Urbanismo Problema de Arquitetura”, Revista Acrópole, São Paulo, no. 84, pp. 329-331, abr. 1945.
  • Geraldo Ferraz, Depois de Tudo, Rio de Janeiro, Paz e Terra e São Paulo, Secretaria Municipal da Cultura, 1983, pp. 28 e 102.
  • Graziela Naclério Forte, Carlos Prado: Trajetória de um Modernista Aristocrata, tese de doutorado, Campinas, Unicamp, 2014.
  • Paulo Mendes de Almeida, Catálogo da Exposição Individual de Carlos Prado, São Paulo, MAMSP, maio 1976.
  • Pasta de Carlos Prado, na Biblioteca da Pinacoteca do Estado de São Paulo, Memo 04/86 2712186, Convênio MAC-SEC, Processo 04320/84.
  • Quirino da Silva, “Notas de Arte - Carlos da Silva Prado”, Diário da Noite, s.d., p. 4 (década de 1950).
  • Sérgio Milliet, Diário Crítico (1940-1943), São Paulo, Editora Brasiliense, 1994.

Ligações externas editar