Edifício-sede do Instituto do Cacau da Bahia
Edifício-sede do Instituto de Cacau da Bahia é um prédio inaugurado no ano de 1936, localizado na Avenida da França, no bairro do Comércio, capital do estado da Bahia.[1][2][3]
Edifício-sede do Instituto de Cacau da Bahia | |
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Estilo dominante | Art déco, Bauhaus |
Arquiteto | Alexander Buddeus |
Inauguração | 1936 |
Proprietário inicial | Governo do Estado da Bahia |
Função inicial | Prédio comercial, museu |
Proprietário atual | Governo do Estado da Bahia |
Função atual | Prédio comercial, museu |
Área |
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Património nacional | |
Classificação | Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia |
Geografia | |
País | Brasil |
Cidade | Salvador, BA |
Avenida da França, Comércio | |
Coordenadas |
História editar
Com as dificuldades enfrentadas pela economia baiana no século XIX, o estado apresentava dificuldade em desenvolver-se economicamente e garantir equilíbrio fiscal em uma economia baseado por três commodities, o fumo, o açúcar e o algodão - comerciados no mercado interno e externo.[4][5][6] O açúcar representava o principal entre os três produtos baianos, e entrou em decadência ao fim do século XIX.[7] Apesar dos percalços econômicos, uma nova commodity, passou a ocupar extrema importância na economia baiana: o cacau.[8][9][10]
Para melhoria da logística baiana - e o cacau ser um produto em franca expansão - foram realizadas reformas para modernização da área portuária da cidade de Salvador.[11] Dada a importância do produto, próximo a área portuária, foi erguido o edifício sede da lavoura cacauicultura baiana, o Instituto do Cacau da Bahia.[11][12]
O prédio foi idealizado pelo Deputado federal baiano, Ignácio Tosta Filho e então Secretário da Agricultura do estado da Bahia.[3][11] O Instituto do Cacau foi criado em 8 de junho de 1931.[12] O prédio, com sua arquitetura moderna e linhas avançadas para a época, foi inaugurado em 1936.[1][13] A arquitetura ficou a cargo do arquiteto alemão Alexander Buddeus, que assinou a obra em 1932.[14][15]
A ideia do instituto era fomentar políticas públicas, melhorias de técnicas de produção e outras questões acerca a melhoria da produção do cacau.[11]
Tombamento editar
No ano de 2002, o prédio passou pelo processo de tombamento junto ao Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), órgão responsável pela proteção histórica pertencente ao estado da Bahia.[11][16]
O prédio além de ser uma obra conhecida na cidade possui o valor histórico do ciclo do cacau na Bahia e representa um valor arquitetônico muito importante ao município.[16] Segundo Lígia Larcher, professora da Universidade Católica do Salvador (UCSAL), o prédio "era um edifício de alta tecnologia para aquele período, tanto para a movimentação do cacau, com esteiras subterrâneas, que o ligava ao porto, quanto em relação à refrigeração do edifício. Foi usada a tecnologia mais avançada que existia na época. O museu é importantíssimo, preserva paredes, pisos, portas, fechaduras."[17] Ainda para Larcher, o prédio tem influencia da Art déco e da Bauhaus.[17]
Atualidade editar
Em 2011, um incêndio atingiu uma sala localizada no primeiro andar no prédio.[18] No ano de 2012, o prédio do Instituto passou por outro incêndio controlado pelo corpo de Bombeiros da Bahia.[19] A época funcionavam no prédio um restaurante popular e uma agência bancária do Bradesco.[19]
Como herança dos dois incêndios ocorridos na estrutura do prédio, uma parte da estrutura cedeu devido ao alto calor provocado pelo incêndio.[17] Pelo perigo estrutural, a Defesa civil isolou o prédio por alguns dias.[17] Além dos danos estruturais, o Museu do Cacau que operava no local com inúmeros itens relacionados ao cacau, como quadros, móveis coloniais, documentos, louças e urnas indígena, nunca mais foi reaberto.[20][21]
No ano de 2019, em reportagem apurada pelo portal de notícias G1, em matéria assinada por Juliana Cavalcante e Bruno Brasil, percebe-se que o prédio possui sinais de abandono, com o prédio tendo problemas estruturais.[21] Segundo a reportagem, a Superintendência do Patrimônio da União na Bahia (SPU-BA), apurou que houve a abertura de processo de licitação para realização de obra.[21] Ainda, foi apurado por meio de nota que a Secretaria de Comunicação do Estado da Bahia, sob gestão do governador Rui Costa (PT), que a empresa Alpe foi contratada no ano de 2017 para realizar reformas no prédio no valor de três milhões de reais.[21] Porém, as obras não foram iniciadas e o contrato foi quebrado.[21]
Apesar dos problemas, ainda funcionam no prédio a agência bancária do Bradesco e o restaurante popular citados anteriormente, além de uma agência do Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC) e alguns órgãos do governo estadual.[21]
Ver também editar
Referências
- ↑ a b «Inauguração do edifício sede do Instituto de Cacau da Bahia, 21 nov. 1936». Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. 1936. Consultado em 14 de julho de 2021
- ↑ «Salvador». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 15 de julho de 2021
- ↑ a b Bahia Meio Dia – Salvador | Prédio que abrigava Instituto de Cacau apresenta sinais de abandono 7 anos após incêndio Assista online | Globoplay, consultado em 15 de julho de 2021
- ↑ Filho, José. «"Notas sobre o enigma baiano": uma análise historiográfica do livro de Pinto de Aguiar sob a ótica econômica» (PDF). Associação Nacional de História. Consultado em 14 de julho de 2021
- ↑ Brandão, Marcos (4 de abril de 2008). «O sistema de produção na Bahia sertaneja do século XIX: uma economia de relações não-capitalistas». Revista Campo-Território (Universidade Federal de Uberlândia). Consultado em 14 de julho de 2021
- ↑ «What is a commodity? Commodity Definition| CMC Markets». CMC Markets. Consultado em 15 de julho de 2021
- ↑ Salles, Wesley (14 de dezembro de 2013). «"Os Brincos das Orelhas e as saias das viúvas": a Bahia e a crise açucareira da segunda metade do século XVII». Revista Expedições: Teoria da História e Historiografia (Universidade Estadual de Goiás). Consultado em 15 de julho de 2021
- ↑ Barros, Carlos (1 de maio de 2005). «A saga do cacau na Bahia». Repórter Brasil. Consultado em 15 de julho de 2021
- ↑ «A história do cacau e o trabalho escravo nos mercados de chocolate». Guia do Estudante. 3 de dezembro de 2014. Consultado em 15 de julho de 2021
- ↑ AMADO, Jorge (2010). Cacau. São Paulo: Companhia das Letras. 184 páginas
- ↑ a b c d e «Edifício Sede do Instituto do Cacau da Bahia». Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia. Consultado em 15 de julho de 2021
- ↑ a b «Instituto do Cacau da Bahia». Salvador Antiga. Consultado em 15 de julho de 2021
- ↑ Rogeres, Roy (14 de maio de 2018). «Instituto do Cacau tem estrutura recuperada». A Tarde. Consultado em 15 de julho de 2021
- ↑ Azevedo, Paulo (2007). «Alexander S. Buddeüs - A passagem do cometa pela Bahia». Vitruvius. Consultado em 15 de julho de 2021
- ↑ Silveira, Bárbara (15 de julho de 2021). «Instituto do Cacau sofre com abandono; reforma está prevista para 2017 - Metro 1». Metro 1. Consultado em 15 de julho de 2021
- ↑ a b «Apresentação». Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia. Consultado em 15 de julho de 2021
- ↑ a b c d «Estrutura do Instituto de Cacau da Bahia desaba após incêndio na capital». G1. 17 de julho de 2012. Consultado em 15 de julho de 2021
- ↑ «Sala no prédio do Instituto do Cacau é atingida por incêndio». G1. 25 de novembro de 2011. Consultado em 15 de julho de 2021
- ↑ a b «Incêndio atinge prédio do Instituto de Cacau no Comércio, em Salvador». G1. 16 de julho de 2012. Consultado em 15 de julho de 2021
- ↑ «Instituto do Cacau da Bahia e Museu do Cacau». Diário de Salvador. 3 de agosto de 2020. Consultado em 15 de julho de 2021
- ↑ a b c d e f Cavalcante, Júlia (20 de agosto de 2019). «Tombado pelo Ipac, prédio do Instituto de Cacau tem sinais de abandono há 7 anos». G1. Consultado em 15 de julho de 2021