Edison Farah

professor e matemático brasileiro

Edison Farah (Capivari, 14 de abril de 1915São Paulo, 14 de abril de 2006) foi um matemático brasileiro, professor da Universidade de São Paulo.

Edison Farah
Edison Farah
Conhecido(a) por matemático pioneiro no Brasil
Nascimento 14 de abril de 1915
Capivari, SP, Brasil
Morte 14 de abril de 2006 (91 anos)
São Paulo, SP, Brasil
Residência Brasil
Nacionalidade brasileiro
Cônjuge Yvone Farah
Alma mater Universidade de São Paulo
Orientador(es)(as) Omar Catunda
Instituições
Campo(s) matemática
Tese Sobre a Medida de Lebesgue (1950)[1]

Foi membro fundador da Sociedade de Matemática de São Paulo, fundada em 1945 e membro titular da Academia de Ciências do Estado de São Paulo.

Biografia editar

Edison nasceu na cidade de Capivari, em 1915. Era o décimo primeiro filho entre os 12 filhos de José Ignácio Farah, imigrante libanês, de Balbeque e de Eduarda Llamas, imigrante espanhola de Iznájar, na província de Córdova. O casal se conheceu no navio que os trazia para o Brasil que saiu do Líbano com uma escala na Espanha. O nome Edison, que destoava dos nomes libaneses e espanhóis de seus irmãos, foi em homenagem ao inventor norte-americano Thomas Edison.[2]

Inicialmente, o casal se fixou na cidade de Capivari, depois em Rio das Pedras e em Piracicaba. José Ignácio era comerciante e chegou a ter uma loja em Capivari, um entreposto de algodão. Edison e os irmãos costumavam brincar escalando as vigas do galpão da loja, onde caíam sobre os montes de algodão estocados. Foi ainda criança que seu gosto pela ciência começou a aflorar. Também chegou a fabricar seus próprios instrumentos musicais, como uma flauta de bambu. A música seria um de seus interesses ao longo da vida.[3]

A crise de 1929 abalou os negócios da família e assim os filhos mais velhos tiveram que procurar emprego para ajudar na renda da casa. Seu irmão Nacif formou-se em primeiro lugar no curso de farmácia pela Faculdade de Odontologia e Farmácia de Ribeirão Preto e foi um grande incentivo para a carreira de Edison. Depois de terminar os estudos em Piracicaba, formando-se no magistério, Edison começou a lecionar matemática, física e música, já em 1937, no Instituto Educacional "O Piracicabano".[4] Edison também foi violinista da Orquestra Sinfônica de Piracicaba, tendo composto peças para piano, violino e quarteto de cordas.[5]

Carreira editar

Entre os professores que Edison teve no ensino médio estava o professor Francisco Mariano da Costa, que lecionava matemática e, percebendo a aptidão de Edison para a matemática, o incentivou a cursar Matemática em São Paulo. Ele participou do concurso de admissão da Universidade de São Paulo e obteve o grau de licenciado em matemática em 1941.[4]

Em 1942 mudou-se para a capital paulista, onde se tornou assistente da cadeira de Análise Matemática e depois, em 1945, assistente da cadeira de Análise Superior, sob a direção do professor André Weil. Em 1945 casou-se com Yvone Farah, descendente de alemães, com quem teve três filhos: Cláudio, Flavio (ambos arquitetos) e Sergio (engenheiro mecânico).[6]

Em 1950, Edison obteve o doutorado em Matemática com a tese Sobre a Medida de Lebesgue, sob a orientação de Omar Catunda.[7] Em 1954 foi elevado ao título de professor catedrático em Análise Superior, onde publicou o trabalho Algumas proposições equivalentes ao Axioma da Escolha, trabalho pioneiro no Brasil na área de Teoria Axiomática de Conjuntos.[8][9]

Lecionou na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo entre 1942 e 1954. A partir de 1970, quando foi criado o Instituto de Matemática e Estatística, Edison trabalhou nele por mais dez anos. Ministrou diversos cursos de especialização no Instituto de Pesquisas Matemáticas e na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Suas áreas de atuação e interesse eram Teoria dos Conjuntos, Topologia Geral, Teoria da medida e Integração e Análise Funcional.[8]

Publicou cerca de 20 artigos em revistas de renome na área da matemática e publicou três livros de referência. Orientou diversos alunos na Universidade de São Paulo e em outras universidades do país. Um de seus mais notáveis orientados foi o matemático Newton da Costa.[10] Teve papel fundamental na formação de grupos dedicados à Lógica e aos Fundamentos da Matemática na USP e na Universidade de Campinas.[8]

Aposentou-se da Universidade de São Paulo em 1980, tendo lecionado por mais alguns anos na PUC, em São Paulo.[11]

Morte editar

Edison morreu na capital paulista, em 14 de abril de 2006, aos 91 anos.[2]

Referências

  1. «Farah e o Axioma da Escolha» (PDF). Revista de Matemática Universitária. Consultado em 1 de dezembro de 2020 
  2. a b Magalhães, Luiz Eduardo (2015). Humanistas e Cientistas do Brasil. São Paulo: Edusp. p. 66. ISBN 978-8531415296 
  3. Magalhães, Luiz Eduardo (2015). Humanistas e Cientistas do Brasil. São Paulo: Edusp. p. 66-67. ISBN 978-8531415296 
  4. a b Magalhães, Luiz Eduardo (2015). Humanistas e Cientistas do Brasil. São Paulo: Edusp. p. 67. ISBN 978-8531415296 
  5. Magalhães, Luiz Eduardo (2015). Humanistas e Cientistas do Brasil. São Paulo: Edusp. p. 69. ISBN 978-8531415296 
  6. Magalhães, Luiz Eduardo (2015). Humanistas e Cientistas do Brasil. São Paulo: Edusp. p. 67-68. ISBN 978-8531415296 
  7. NOBRE, Sergio; BERTATO, Fábio; SARAIVA, Luis (2011). Anais/Actas do 6o Encontro Luso-Brasileiro de História da Matemática. Natal: Sociedade Brasileira de História da Matemática. p. 920. ISBN 978-85-89097-67-3 
  8. a b c Magalhães, Luiz Eduardo (2015). Humanistas e Cientistas do Brasil. São Paulo: Edusp. p. 68. ISBN 978-8531415296 
  9. Trivizoli, Lucieli M. (2008). Sociedade de matemática de São Paulo: um estudo histórico-institucional (PDF) (Tese). Rio Claro: Universidade Estadual Paulista (UNESP). Consultado em 1 de dezembro de 2020 
  10. «Repercussão sobre a obra de Newton da Costa». Folha de São Paulo. 30 de novembro de 1997. Consultado em 1 de dezembro de 2020 
  11. Magalhães, Luiz Eduardo (2015). Humanistas e Cientistas do Brasil. São Paulo: Edusp. p. 68-69. ISBN 978-8531415296