Eleições estaduais em Santa Catarina em 1965

As eleições estaduais em Santa Catarina em 1965 aconteceram em 3 de outubro como parte das eleições gerais em onze estados cujos governadores exerciam um mandato de cinco anos, embora o pleito em Alagoas não tenha sido validado por razões legais.[1][nota 1][nota 2]

1962 Brasil 1966
Eleições estaduais em  Santa Catarina em 1965
3 de outubro de 1950
(Turno único)
Candidato Ivo Silveira Konder Reis
Partido PSD UDN
Natural de Palhoça, SC Itajaí, SC
Vice Francisco Dall'Igna Laerte Vieira
Votos 328.480 305.090
Porcentagem 51,84% 48,16%
Resultado por município (194)

Titular
Celso Ramos
PSD

Eleito
Ivo Silveira
PSD

Nascido em Palhoça, o advogado Ivo Silveira formou-se em 1945 pela Universidade Federal de Santa Catarina. Antes de graduar-se atuou como contador da prefeitura de Palhoça e promotor de justiça adjunto. Fundador do PSD, em 1946 foi nomeado sucessivamente prefeito de Palhoça, delegado adjunto da Ordem Política e Social e consultor jurídico do Departamento das Municipalidades. Venceu a eleição para prefeito de Palhoça em 1947, elegendo-se deputado estadual em 1950, 1954, 1958 e 1962, chegando a presidente da Assembleia Legislativa durante o governo Celso Ramos.[2] Em 1965 foi eleito governador de Santa Catarina, cumprindo um mandato de cinco anos já sob as regras do Regime Militar de 1964, cujos apoiadores formariam a ARENA.[3]

Comício da campanha de Ivo Silveira (PSD).

Natural de Porto Alegre, o médico Francisco Dall'Igna formou-se em 1954 pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e dentre seus trabalhos profissionais destacam-se sua passagem na comissão técnica do Esporte Clube Cruzeiro em Cachoeirinha a partir de 1953. Ao mudar para Santa Catarina trabalhou no Serviço à Assistência Médica Domiciliar de Urgência (SAMDU) em Brusque.[4] Em 1962 foi eleito deputado estadual e em 1965 elegeu-se vice-governador de Santa Catarina, sempre via PTB, contudo teve o mandato cassado pelo Ato Institucional Número Dois em 19 de julho de 1966.[4]

Em termos políticos, a cassação de Francisco Dall'Igna serviu para assentar na ARENA os interesses antagônicos e a intensa rivalidade entre as famílias Ramos e Konder-Bornhausen, vigentes desde a Revolução de 1930. Aliados de Getúlio Vargas, os Ramos controlavam o PSD enquanto seus rivais pertenciam à UDN e combatiam o Estado Novo. Forçados pelo Regime Militar de 1964, os clãs fizeram um acordo onde Celso Ramos foi eleito senador em 1966 e Jorge Bornhausen foi eleito vice-governador em 9 de março de 1967. Para que isso ocorresse, emendaram a constituição estadual, reduzindo para 25 anos a idade mínima para o cargo.[4] Natural do Rio de Janeiro, Jorge Bornhausen formou-se advogado na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro em 1960 e tem especialização pela Universidade de Paris e pela Fundação Getúlio Vargas. Neto de Adolfo Konder e filho de Irineu Bornhausen, trabalhou em Blumenau e depois nas empresas da família, em Florianópolis.[5]

Resultado da eleição para governador editar

Foram apurados 633.570 votos nominais (97,27%), 7.803 votos em branco (1,20%) e 9.947 votos nulos (1,53%), resultando no comparecimento de 651.320 eleitores.

Candidatos a governador do estado
Candidatos a vice-governador Número Coligação Votação Percentual
Ivo Silveira
PSD
Francisco Dall'Igna
PTB
-
Aliança Social Trabalhista
(PSD, PTB)
328.480
51,85%
Antônio Carlos Konder Reis
UDN
Laerte Vieira
UDN
-
UDN
(sem coligação)
305.090
48,15%
Fonte:[1]
  Eleito

Resultado da eleição para vice-governador editar

Numa eleição realizada pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina, foram apurados trinta e dois votos nominais, dois votos em branco e onze abstenções, estas por parte do MDB.

Candidatos a governador do estado
Candidatos a vice-governador Número Coligação Votação Percentual
Não havia
-
Jorge Bornhausen
ARENA
-
ARENA
(sem coligação)
32
94,12%
Fontes:[6][7]
  Eleito

Bancada federal após o bipartidarismo editar

Notas

  1. Alagoas, Goiás, Guanabara, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Norte e Santa Catarina. No caso alagoano, o primeiro colocado não atingiu a maioria absoluta de votos conforme a Emenda Constitucional n.º 13, promulgada em 8 de abril de 1965.
  2. Os governadores eleitos em 1947 terminariam seus mandatos no mesmo dia que o presidente Eurico Gaspar Dutra e a partir de então alguns estados fixaram em cinco anos o mandato de seus governadores na ausência de uma vedação constitucional, e assim os estados acima faziam eleições a cada lustro. Goiás aderiu à regra do quinquênio em 1960, bem como a Guanabara, criada no referido ano.

Referências

  1. a b BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. «Repositório de Dados Eleitorais – 1965». Consultado em 23 de setembro de 2022 
  2. BRASIL. Fundação Getúlio Vargas. «Biografia de Ivo Silveira no CPDOC». Consultado em 23 de setembro de 2022 
  3. Redação (26 de março de 2018). «O desafio de unir UDN e PSD». agenciaal.alesc.sc.gov.br. Agência AL. Consultado em 23 de setembro de 2022 
  4. a b c BRASIL. Memória Política de Santa Catarina. «Biografia de Francisco Dall'Igna». Consultado em 23 de setembro de 2022 
  5. BRASIL. Fundação Getúlio Vargas. «Biografia de Jorge Bornhausen no CPDOC». Consultado em 23 de setembro de 2022 
  6. Redação (8 de março de 1967). «Legislativo elege vice-governador. Geral, p. 05». acervo.estadao.com.br. O Estado de S. Paulo. Consultado em 23 de setembro de 2022 
  7. Redação (10 de março de 1967). «Jorge Bornhausen é o vice catarinense. Matutina – Geral, p. 02». acervo.oglobo.globo.com. O Globo. Consultado em 23 de setembro de 2022