A Força de Submarinos é uma unidade da Marinha do Brasil constituída em 1914 para coordenar esses meios e as organizações militares subordinadas.

Força de Submarinos

Botadura (lançamento ao mar) do F1,
primeiro submarino da marinha brasileira
(La Spezia, Itália, 11 de Junho de 1913).[1]
País  Brasil
Subordinação Marinha do Brasil
Missão Comando Operativo
Criação 1914–presente
Aniversários 17 de julho criação da flotilha de submersíveis
Lema Usque ad sub aquam nauta sum
(Sou marinheiro até debaixo d'água)
História
Guerras/batalhas Primeira Guerra Mundial
Segunda Guerra Mundial
Comando
Comandante Luiz Carlos Rôças Corrêa
Sede
Guarnição Niteroi, RJ
Página oficial Comando da Força de Submarinos

Hoje o país é o único do hemisfério sul com capacidade técnica para construir submarinos.

Está desenvolvendo cinco embarcações, com transferência de tecnologia francesa, em uma base naval na ilha da Madeira, na baía de Sepetiba, por meio do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB).[2][3]

Origens e história editar

 
Submarinos F1, F3 e F5.

A Marinha do Brasil demonstrou, desde o final do século XIX, interesse pelo novo tipo de embarcação que possibilitava atacar alvos de grande valor sem ser detectado. Inicialmente, foram feitas tentativas de projetar no Brasil uma nova embarcação, que por falta de recursos não lograram êxito.[4]

Submarinos Italianos editar

 
SE Humaytá (H) em 1940.

Em 1910, em cumprimento ao Programa de Construção Naval de 1904, elaborado pelo Ministro da Marinha Júlio César de Noronha, que previa a aquisição de três submersíveis, foram encomendados na Itália, três submarinos de tipo costeiro, utilizados pela Regia Marina Italiana, da classe Laurenti. Construídos no estaleiro Fiat-San Giorgio, na cidade de Torino-Spezia, foram no Brasil denominados de classe F (Foca), recebendo as denominações de F1 (Foca 1), F3 (Foca 3) e F5 (Foca 5), que foram os primeiros da Marinha Brasileira. Entregues em 1913 e 1914,[1] estes submarinos tinham 370 toneladas, propulsão diesel-elétrica e dois tubos lança-torpedos. Mergulhavam a aproximadamente 40 metros e navegavam a até 9 Nós submersos. Para apoiar os novos meios, foram criadas a Base de Submersíveis e a Escola de Submersíveis (atual CIAMA - Centro de Instrução e Adestramento Almirante Áttila Monteiro Aché) e incorporado o Tênder de Submarinos Ceará para treinamento, manutenção e salvamento. Após vinte anos de serviço, seus cascos serviram para alicerçar os pilares da ponte de escaleres da Escola Naval.[5]

Em 1929, foi incorporado o SE Humaytá (H), da classe italiana Balilla. O Humaytá foi o primeiro submarino oceânico do Brasil, com 1 885 toneladas e alcance de 12 840 milhas. Outros três submarinos da classe Perla: S Tupy (S-11), S Tymbira (S-12) e S Tamoyo (S-13), de 853 toneladas, foram adquiridos em 1937. De construção italiana, estes quatro submarinos serviram para o treinamento das forças aliadas estacionadas no Brasil, durante a Segunda Guerra Mundial.

Submarinos norte-americanos editar

Com a escassez de peças ocasionada pelo colapso da indústria militar italiana e com a abundância de meios disponíveis no pós-guerra, o Brasil passou a adquirir submarinos dos Estados Unidos da América.[6]

Em 1957, chegaram ao país os submarinos da classe Gato, S Humaitá (S-14) e S Riachuelo (S-15). Em 1963, chegaram os mais avançados S Rio Grande do Sul (S-11) e S Bahia (S-12), da classe Balao. Diante da incorporação das tecnologias da classe alemã Type XXI pelos Aliados, nas Classes Guppy (no Brasil denominados Classe Bahia (S Guanabara (S-10), S Rio Grande do Sul (S-11) e S Bahia (S-12)), foram adquiridos posteriormente os submarinos Classe Guppy II ( S Rio de Janeiro (S-13) e S Ceará (S-14)) e Classe Guppy II (S Goiás (S-15) e S Amazonas (S-16)), na década de 1970.[6]

Na sequência chegaram os submarinos da Classe Oberon S Humaitá (S-20), S Tonelero (S-21) e S Riachuelo (S-22).[6]

O S Tonelero (S-21) foi o último submarino operacional da classe Oberon operado no Brasil, tendo afundado no caís do Arsenal de Marinha no Rio de Janeiro, na noite de Natal no ano de 2000.[7]

Parceria Alemã editar

Por motivos estratégicos, visando o domínio tecnologia e a diminuição da dependência externa, e econômicos, visando a nacionalização de componentes e o incentivo à indústria nacional, a Marinha do Brasil iniciou o programa nacional de construção de submarinos PROSUB.

Mesmo já tendo alcançado certo nível de experiência na manutenção de submarinos no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, o alto nível tecnológico empregado nestes meios tornou necessária uma fase intermediária. Para isso, foram recebidas diversas ofertas internacionais que visavam a transferência de tecnologia de projeto e fabricação de submarinos. A oferta vencedora foi a do submarino alemão da classe U-209-1400.

A primeira unidade, o S Tupi (S-30), foi construída no estaleiro Howaldtswerke-Deutsche Werft GmbH (HDW) em Kiel, com o treinamento de técnicos brasileiros, e os demais S Tamoio (S-31), S Timbira (S-32) e S Tapajó (S-33) no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro. Com a experiência angariada, foi possível introduzir modificações no projeto original, que deram origem ao S Tikuna (S-34).

Missão editar

  • Garantir o aprestamento dos meios subordinados;
  • Assessorar no estabelecimento da doutrina de emprego e estabelecer a doutrina de condução de meios subordinados;
  • Exercer o controle operativo dos submarinos no mar;
  • Supervisionar, militar e administritivamente, as Organizações Militares subordinadas;
  • Exercer as funções de Diretoria Técnica de submarinos;
  • Estabelecer normas e procedimentos e exercer o controle das atividades de mergulho na Marinha do Brasil; e
  • Manter atualizados os conhecimentos, normas e procedimentos referentes à atividade de SAR/SUB, e dirigir a faina, quando determinado, a fim de contribuir para a eficácia do emprego dos meios navais subordinados na aplicação do Poder Naval.[8]

A Força de Submarinos editar

 
S Tikuna (S-34) chegando a Base Naval de Mayport em 2007.

Submarinos editar

Classe Foca editar

O início da história dos submersíveis brasileiros começa em 1914, com a aquisição de três submarinos italianos da classe Foca. Os F como ficaram conhecidos tiveram seu papel limitado a treinamento e capacitação da engenharia em construção e manutenção dos mesmos. Deram baixa em 1933.[5]

  • F1 - 1913 -1933
  • F3 - 1913 -1933
  • F5 - 1913 -1933

Classe Balilla editar

O primeiro submarino brasileiro oceânico foi o Humaitá, construído ainda na Itália, semelhante ao Balilla italiano. Entregue em 1929, esse submarino foi o recordista em mergulho sendo o primeiro a descer até 100 metros.

  • SE Humaytá (H) - 1929 -1957

Classe Tupy editar

Em 1937, chegam os submarinos Tupy, Timibira e Tamoio, de origem italiana. Esses submarinos da classe T/Perla foram encomendados pela Itália, que acabou extinguindo a Flotilha de Submersiveis. Os modelos então já fabricados, participaram da Segunda Guerra Mundial na patrulha da costa brasileira.

Classe Humaytá editar

Em 1957, houve uma renovação da frota brasileira com a aquisição de submarinos da classe Gato que serviram a Marinha dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, com os nomes de USS Muskallunge (Humaitá) e USS Paddle (Riachuelo), encerrando a função dos classe T.

Classe Rio de Janeiro editar

Em 1963, foram recebidos os S12 Bahia e S11 Rio Grande do Sul, ambas as embarcações eram do tipo Fleet da classe Balao e foram construídos durante a Segunda Guerra Mundial.

Classe Guanabara editar

Nos anos 1970, foram adquiridos sete submarinos da classe Classe Guppy II e III.

Classe Humaitá editar

Na década de 1970 foram adquiridos três submarinos, sendo um italiano da Classe Balilla e dois ingleses da Classe Oberon.

Classe Tupi editar

Classe Tikuna editar

Classe Riachuelo editar

 
Lançamento do Riachuelo (14/12/2018).

Classe Álvaro Alberto - Nuclear editar

Tênder de Submersíveis editar

Classe Ceará editar

Navios de Socorro Submarino editar

Classe Gastão Moutinho editar

  • NSS Gastão Moutinho (K-10) - 1973 -1996

Classe Felinto Perry editar

Classe Guillobel editar

Navios de apoio editar

Embarcações que foram utilizadas como apoio a Força de Submarinos.[5]

Organizações Militares editar

As Organizações Militares que lhe são afetas são:

  • Base Almirante Castro e Silva (BACS) - base naval sediada no Rio de Janeiro;
  • Centro de Instrução e Adestramento Almirante Áttila Monteiro Aché (CIAMA) - responsável por treinamento em atividades de submarinos, mergulho e operações especiais.

Os submarinos do futuro editar

Com verba prevista no orçamento da União de 2009 e com o novo Plano Estratégico Nacional, o novo propulsor de energia nuclear, com tecnologia 100% nacional, passará a equipar uma nova geração de submarinos para assegurar a defesa do Atlântico Sul. O primeiro submarino nuclear brasileiro será chamado S Álvaro Alberto (SN-10), em homenagem a Álvaro Alberto da Mota e Silva vice-almirante da Marinha brasileira e cientista brasileiro.

Ver também editar

Referências

  1. a b Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha. «F1 Submarino» (PDF). marinha.mil.br. Consultado em 23 de agosto de 2021 
  2. Fabrícia Peixoto, BBC Brasil (24 de dezembro de 2008). «Brasil compra da França helicópteros e submarinos». Consultado em 13 de novembro de 2010 
  3. Guilherme Poggio, Poder Naval (17 de maio de 2009). «Definido local da construção do SNB». Consultado em 13 de novembro de 2010 
  4. Comando da Força de Submarinos, Marinha do Brasil. «Unidades Navais (1913-2010)». Consultado em 13 de outubro de 2010 
  5. a b c «Os submersíveis Classe F». SDGM. Consultado em 30 de dezembro de 2013 
  6. a b c «FORSUB: origem estadunidense». Defesa net. Consultado em 30 de dezembro de 2013 
  7. Isabel Clemente, Folha de S.Paulo (7 de fevereiro de 2001). «Escotilha aberta ajudou a afundar submarino Tonelero no Natal». Consultado em 13 de novembro de 2010 
  8. Comando da Força de Submarinos. «Missão do Comando da Força de Submarinos». Consultado em 13 de novembro de 2010 
  9. «Lançamento do tonelero» 

Ligações externas editar

 
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