Forte de São Francisco Xavier de Piratininga

fortificação militar brasileira, localizada em Vila Velha

O Forte de São Francisco Xavier de Piratininga, também conhecido como Forte de São Francisco Xavier da Barra ou simplesmente como Forte de Piratininga, localiza-se na enseada de Inhoã, na cidade de Vila Velha, próximo a Vitória, no estado brasileiro do Espírito Santo.

Forte de São Francisco Xavier de Piratininga
Construção Afonso VI de Portugal (c. 1675)
Estilo Abaluartado
Conservação Bom
Aberto ao público Sim

Estrategicamente erguido na base do morro da Penha, tinha a missão de defesa da barra sul da baía de Vitória, no litoral da antiga Capitania do Espírito Santo.

História editar

Antecedentes editar

Acredita-se que foi junto ao morro da Penha que o donatário da Capitania do Espírito Santo, Vasco Fernandes Coutinho, teria construído uma pequena fortificação para a defesa de suas gentes, desde 1535. Esta fortaleza, entretanto, não teria durado muito tempo.

Por volta de 1674 ou 1675, o baiano Francisco Gil de Araújo adquiriu a Capitania do Espírito Santo a Antônio Luís Gonçalves da Câmara Coutinho, por 40 mil cruzados[1]. Durante a sua administração (1678-1682), entre as melhorias que promoveu no tocante à defesa, fez iniciar as obras desta fortificação (op. cit., p. 160), cujas obras prosseguiam em 1702 e ainda se encontravam inacabadas em 1705. Estava artilhado com dez peças de diversos calibres[2]. A direção das obras ficou a cargo do Capitão-mor Francisco Ribeiro que, em 1703, deixou o Forte adiantado. Em 1705, entretanto, ainda em obras, teria sofrido investidas de corsários ingleses e holandeses[3].

A fortaleza da barra editar

 
Planta da Fortaleza de São Francisco Xavier da Barra em 1801

Esta estrutura recebe o nome de Fortaleza de São Francisco Xavier de Piratininga, também conhecida como Fortaleza da Barra, tendo sido construída em 1702, por determinação do governador-geral D. Rodrigo da Costa (1702-1705)[4].

O Vice-rei e Capitão General de Mar e Terra do Estado do Brasil, D. Vasco Fernandes César de Meneses (1720-1735), comissionou o Engenheiro Nicolau de Abreu Carvalho para proceder aos reparos necessários às fortificações da baía do Espírito Santo, entre as quais esta[5]. As obras teriam tido lugar a partir de 1726, quando teria recebido planta no formato circular, artilhada com quinze peças.

Em 1767 passou por novas reformas. A planta dessa data (IHGB, Rio de Janeiro), apresenta estrutura no formato circular, com quinze peças em canhoneiras[4][6]. Sobre o seu terrapleno erguia-se a Casa de Comando, edifício assobradado de dois pavimentos. O acesso ao forte era feito através de uma rampa no exterior.

O Mapa das Fortificações do Império de 1857, classificou-a como de 3ª Classe. Cedida ao Ministério da Marinha para servir como Armazém em 2 de junho de 1862, posteriormente foi melhorada, tendo abrigado a primeira Escola de Aprendizes-Marinheiros do Espírito Santo, tendo como seu primeiro comandante o Capitão-tenente José Lopes de Sá. Com a extinção deste estabelecimento em 1866[4].

Do século XX aos nossos dias editar

À época da República Velha, pelo Decreto-Legislativo n° 1.654, de 13 de junho de 1907, as instalações do antigo forte foram ampliadas para a instalação da nova Escola de Aprendizes-Marinheiros do Espírito Santo, inaugurada a 1 de abril de 1909, também de efêmera duração, de vez que foi extinta em 1913.

De volta para a responsabilidade do Ministério da Guerra em 10 de novembro de 1919, este lhe anexou um moderno aquartelamento, onde sediou o 3º Batalhão de Caçadores do Exército brasileiro[6][2].

Atualmente o antigo forte integra as dependências do 38º Batalhão de Infantaria do Exército ("Batalhão Tibúrcio"), carinhosamente apelidado de a unidade mais naval do Exército brasileiro. As visitas devem ser marcadas com antecedência, com o setor de Comunicação Social.

Características editar

A recordação da passagem do forte pelas mãos da Marinha do Brasil encontra-se fixada na balaustrada composta de âncoras, em uma escada na parte interna do forte e pelo mastro de marinha.

Em um relatório feito por Dionísio Carvalho de Abreu em 1724, lê-se a seguinte descrição:

Fortaleza da Barra de São Francisco Xavier: em forma de círculo, situada na barra da baía do Espírito Santo, possuindo nove peças de artilharia, sendo uma de calibre dezesseis e as restantes de calibre oito. Havia mais duas peças desmontadas e a murada estava bastante danificada.[7]

Junto com a planta da fortaleza feita em 1801 por Luís dos Santos Vilhena, é possível ler:

Planta e Prospecto do Forte de S. Fran.co Xavier da Barra da Capitania do Espirito Santo sobre a marinha no lugar chamado Paratininga, da parte do Sul ao entrar pello Rio, sobre a rocha viva, sem que os mares cheguem a sua muralha, Separado huma legoa da Villa da Vitoria, pella sua espalda [de encosto por detrás] fica a Villa do Spirito Santo que deu nome a Capitania toda. Na 1ª Figa se ve que he circular, onde A., mostra a rampa que sobe para elle. B., Ponte, C,, Transito em q.e esta o Corpo de Guarda., D quartel para a guarnição E,, Caza da Palamenta. F Prisão e por sima dellas duas casas he a rezid.a do Cap.am G,, Casa de Polvora, H Explanada com 11 Pessas de ferro, e huma fora da Fortalesa no lugar I, q.e he o porto por onde se chega a ella, sobre a sua porta se le esta inscripção Reinando o Mt.o Alto, … Poderoso Rey de Portugal D. pedro 2º A. I. mandou a fazer esta fortaleza Rodrigo da Costa Governador e Capitam General deste Estado do Brazil. A Figura aª mostra a faxada da Fortaleza pella parte da Marinha para onde tem o seu exercicio[7].

Referências editar

  1. Oliveira, José Teixeira de (1975). História do Estado do Espírito Santo 2ª ed. Vitória: Fundação Cultural do Espírito Santo. p. 157 
  2. a b BARRETO, Aníbal (Cel.). (1958). Fortificações no Brasil (Resumo Histórico). Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora. p. 190 
  3. MARQUES, César Augusto (1878). Diccionario Historico, Geographico e Estatistico da Província do Espírito Santo. Rio de Janeiro: Typographia Nacional. 248 páginas 
  4. a b c SOUSA, Augusto Fausto de (1885). «Fortificações no Brazil». Rio de Janeiro: IHGB. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (Tomo XLVIII, Parte II): 5-140 
  5. Oliveira, José Teixeira de (1975). História do Estado do Espírito Santo 2ª ed. Vitória: Fundação Cultural do Espírito Santo. p. 188 
  6. a b GARRIDO, Carlos Miguez (1940). Fortificações do Brasil. Separata do Vol. III dos Subsídios para a História Marítima do Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Naval. p. 101 
  7. a b fabiopaivareis (19 de setembro de 2016). «Planta, e prospecto do Forte de S. Franco. Xavier da Barra (1801)». História Capixaba. Consultado em 23 de junho de 2022 

Ver também editar

Ligações externas editar