Fortim de São Filipe

O Fortim de São Filipe localizava-se em posição dominante na ponta de Monte Serrat, então limite norte da cidade de Salvador, atual praia de Boa Viagem, no litoral do estado brasileiro da Bahia.

Fortim de São Filipe
Fortim de São Filipe
Planta da Restituição da Bahia (Albernaz, 1631).
Construção Filipe II de Espanha (1586)
Estilo Abaluartado
Aberto ao público Não

História editar

A sua origem remonta a 1586, durante o governo-geral de Manuel Teles Barreto (1583-1587) (GARRIDO, 1940:93), quando foi erguida uma torre cercada de muralhas franqueadas por baluartes circulares, sob a invocação de São Filipe (Forte de São Filipe). Este forte, em conjunto com o Forte da Barra (Forte de Santo Antônio do Norte) e o Forte de Além do Carmo (Forte de Santo Antônio do Sul), compunham o sistema de defesa de Salvador na primeira metade do século XVI.

Reconstruído em alvenaria de pedra e cal no governo-geral de D. Francisco de Sousa (1591-1602), com traça atribuída ao arquiteto militar florentino Baccio da Filicaia, o seu terrapleno dominava o porto de Salvador, com os seus fogos cobrindo o lado do mar e o lado de terra.

Um manuscrito depositado no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (L. 67 Ms. 1236), anónimo e sem data, mas do início do século XVII, possívelmente anterior a 1608, no capítulo dedicado à capitania da Bahia de Todos os Santos, sobre a cidade da Bahia (sic) informa a respeito deste forte:

"(...) contudo se fizeram nesta baía alguns fortes e plataformas com sua artilharia, que se defende uma ocasião, a saber: tem o forte de S. Felipe que tem seu capitão com ordenado de 80 mil réis e dez soldados a saber - 4 mosqueteiros, que vencem por mês a 2 mil e 800 réis e seis arcabuzeiros que vencem por mês 2.400 réis; um cabo que administra estes soldados e tem por mês, 3$200 [réis]; um Condestável tem por mês 3$200 réis e há neste forte duas meias esperas, um meio canhão e dois sacres."[1]

Durante as Invasões holandesas do Brasil ofereceu resistência aos invasores, sendo protagonista de acirrados combates:

  • em 1624-1625 como teatro da emboscada contra o governador militar de Salvador, Johan van Dorth, que aí pereceu em 17 de julho de 1624; e
  • em abril-maio de 1638, tendo sido por esse ponto da periferia que as forças neerlandesas do conde Maurício de Nassau (1604-1679), desembarcaram no assalto a Salvador. BARLÉU (1974) descrevendo esse assalto, relata: "(...) e depois [de ter recebido a rendição do forte de Santo Alberto], por intermédio do tenente-coronel Brand, recebeu outro forte - o de São Filipe - situado na costa, com pequena guarnição, o qual capitulara, posto que se defendesse com cinco bocas de fogo." (op. cit., p. 82)

Encontra-se figurado por João Teixeira Albernaz, o velho ("Planta da Restituição da Bahia", 1631; e "Bahia de Todos os Santos", 1631. Mapoteca do Itamarati, Rio de Janeiro). Em detalhe no segundo mapa, observamos a sua planta em formato de um polígono hexagonal irregular, com baluartes circulares nos vértices. O acesso era feito por uma rampa, que dava acesso às dependências de serviço, no terrapleno, e encontrava-se artilhado com cinco peças.

Ainda no século XVII aí esteve degredado, entre 1655 e 1658, o escritor português D. Francisco Manuel de Melo, autor da "Carta de Guia de Casados".

A estrutura foi reformada por iniciativa do governador-geral João Rodrigues de Vasconcelos e Sousa (1649-1654), vindo a ser sucedido, por volta de 1702, pelo Forte de Nossa Senhora de Monte Serrat.

BARRETTO (1958) computa uma segunda estrutura sob a invocação de São Filipe, também conhecido como Fortim de Itapagipe ou Fortim da Praia Grande, erguida próximo à Ribeira de Itapagipe, distante cerca de três quilômetros do Forte de Nossa Senhora de Monte Serrat, e que estava artilhado com quinze peças de diferentes calibres (op. cit., p. 175).

Notas

Bibliografia editar

  • BARLÉU, Gaspar. História dos feitos recentemente praticados durante oito anos no Brasil. Belo Horizonte: Editora Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1974. 418 p. il.
  • BARRETO, Aníbal (Cel.). Fortificações no Brasil (Resumo Histórico). Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 1958. 368 p.
  • GARRIDO, Carlos Miguez. Fortificações do Brasil. Separata do Vol. III dos Subsídios para a História Marítima do Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Naval, 1940.
  • SOUZA, Augusto Fausto de. Fortificações no Brazil. RIHGB. Rio de Janeiro: Tomo XLVIII, Parte II, 1885. p. 5-140.

Ver também editar

Ligações externas editar