Francisco Ferreira de Azevedo

Francisco Ferreira de Azevedo (Salvador, 2 de fevereiro de 1765Goiás, 12 de agosto de 1854), foi um prelado português da Igreja Católica, bispo de Goiás que passou para a História conhecido como "Bispo Cego", devido à sua deficiência visual.

Francisco Ferreira de Azevedo
Bispo da Igreja Católica
Bispo de Goiás
Atividade eclesiástica
Diocese Diocese de Goiás
Nomeação 18 de dezembro de 1818
Predecessor Dom Antônio Rodrigues de Aguiar
Sucessor Dom Domingos Quirino de Souza
Mandato 1819-1854
Ordenação e nomeação
Ordenação presbiteral 8 de março de 1788
Capela do Palácio da Conceição
por Dom José Joaquim Justiniano
Nomeação episcopal 18 de dezembro de 1818
Ordenação episcopal 29 de setembro de 1833
por Dom José Antônio dos Reis
Dados pessoais
Nascimento Salvador
2 de fevereiro de 1765
Morte Goiás
12 de agosto de 1854 (89 anos)
Nacionalidade português
Funções exercidas - Bispo-prelado de Goiás (1820-1844)
Títulos anteriores - Bispo-titular de Castoria (1820-1844)
dados em catholic-hierarchy.org
Bispos
Categoria:Hierarquia católica
Projeto Catolicismo

Biografia editar

Embora nascido em Salvador, quando pequeno sua família se mudou para Cuiabá, onde recebeu a educação primária.[1] Entrou para o Seminário São José e foi feito diácono em 18 de março de 1787 e foi ordenado padre em 8 de março de 1788, na Capela do Palácio da Conceição, por Dom José Joaquim Justiniano Mascarenhas Castelo Branco.[1][2] Foi mestre de cerimônias da Sé do Rio de Janeiro e professor de filosofia do Seminário.[1] Com a chegada da corte portuguesa ao Brasil, foi convidado pelo Senado para a Pregação de Ação de Graças. Surpreendeu ao Príncipe Regente Dom João pela sua eloquência e, por isso, tornou-se o pregador régio e confessor da Família Real, em 1808.[1][3][4]

Foi nomeado como Bispo de Meliapor em 17 de dezembro de 1811,[3] em que pese a diocese ainda ter um bispo, Dom Frei Joaquim de Meneses e Ataíde, O.S.A., que havia retornado para Portugal e se tornado vigário capitular do Funchal.[5] Nunca tomou posse dessa Diocese. Assim, foi nomeado pelo agora rei Dom João VI como bispo-prelado de Goiás em 18 de dezembro de 1818 e tomou posse da Prelazia por procuração para o cônego Luis Antônio da Silva e Sousa em 29 de agosto de 1819, sendo nomeado como bispo-titular de Castoria.[3]

Em 1821, quando se preparava para realizar a viagem até a cidade de Goiás, foi acometido de uma conjuntivite, que o deixou cego.[1] Apesar da cegueira, seguiu para a Sé, onde chegou em 21 de outubro de 1824, tornando-se o primeiro a viver na Sé.[6] Por decreto imperial nº 27 de 24 de janeiro de 1824, Dom Pedro I, que tinha grande afeição a ele, determinou que "em atenção à total falta de vista a que está reduzido, há por bem permitir-lhe que possa suprir sua assinatura com um carimbo no qual se leia: Francisco, Bispo de Castória, Prelado de Goiás."[1]

Como o Código de Direito Canônico não permitia a ordenação de cegos como bispos, trabalhou como administrador apostólico, condição mantida quando a Prelazia de Goiás foi elevada a Diocese em 15 de julho de 1826, por meio da bula Sollicita Catholici Gregis Cura, do Papa Leão XII.[7]

Depois da Independência do Brasil, Dom João VI tentou transferi-lo para a Diocese de Beja, mas recusou o convite.[1] Por conta de suas virtudes e de seu trabalho pastoral, conseguiu autorização Papal para ser consagrado, que ocorreu em 29 de setembro de 1833, pelas mãos de Dom José Antônio dos Reis, bispo de Cuiabá. Em 11 de setembro de 1843, foi informado pelo Imperador à Santa Sé como bispo de Goiás, sendo confirmado pelo Papa Gregório XVI em 25 de julho de 1844.[2] Durante a questão dogmática da Imaculada Conceição, foi convidado pelo Papa Pio IX a se manifestar sobre o assunto, na discussão prévia da bula Ineffabilis Deus.[1] Promoveu a modernização da administração da Sé, dividiu em várias vigararias e foi tido pela população como amável e caridoso.[1][4]

Faleceu no exercício da função em 12 de agosto de 1854.[1][2][4]

Referências

  1. a b c d e f g h i j Fernando Câmara (2004). Notas e Transcrições - O Bispo Cego de Goiás (PDF). Ceará: Revista do Instituto do Ceará 
  2. a b c Catholic Hierachy
  3. a b c José de Sousa Azevedo Pizarro e Araujo (1820). Memorias historicas do Rio de Janeiro e das provincias annexas à jurisdicção do Vice-Rei do Estado do Brasil, dedicadas a El-Rei Nosso Senhor D. João VI. Rio de Janeiro: Impressão Regia. p. 250-252 
  4. a b c Carlos Augusto Peixoto de Alencar (1864). Roteiro dos bispados do Brasil e dos seos respectivos bispos. Ceará: Typ. Cearense. p. 270-271 
  5. «Ofício de D. Frei Joaquim de Meneses e Ataíde, Bispo de Meliapor». Arquivo da Universidade do Minho 
  6. «História da Diocese de Goiás» 
  7. Cristian José Oliveira Santos (2005). Os arquivos das primeiras prelazias e dioceses brasileiras no contexto da legislação e práticas arquivísticas da Igreja Católica. Brasília: Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados. p. 206-210 

Ligações externas editar

Precedido por
Jean-Jacques Guérard, M.E.P.
 
Bispo-titular de Castoria

18181843
Sucedido por
Jean-François Ollivier, M.E.P.
Precedido por
Antônio Rodrigues de Aguiar
 
Bispo-prelado de Goiás

18181826
Sucedido por
como administrador apostólico
Precedido por
como administrador apostólico
 
Bispo de Goiás

18431854
Sucedido por
Domingos Quirino de Souza