Sociedade para as Missões Estrangeiras de Paris

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A Sociedade para as Missões Estrangeiras de Paris (em francês, La Société des Missions Étrangères, outrora chamado de Séminaire des Missions Étrangères; em latim, Societas Parisiensis missionum ad exteras gentes) é uma sociedade de vida apostólica e de direito pontifício, constituída por padres seculares e leigos dedicados à evangelização em terras estrangeiras. Logo, não é uma ordem religiosa. Seu acrónimo é M.E.P..[1]

Sede da Sociedade para as Missões Estrangeiras de Paris, na Rue du Bac.

História editar

 
Martírio de Jean-Charles Cornay

A Sociedade para as Missões Estrangeiras de Paris, maioritariamente constituída por franceses, foi criada em Paris em 1658-1663. Em 1659, as instruções para o estabelecimento da Sociedade foram dadas pela Sagrada Congregação da Propaganda Fide, com a devida aprovação do Papa. Isto marcou a criação de uma instituição missionária que, pela primeira vez, não dependia do controlo e da proteção de Espanha ou de Portugal, que eram, até à data, as principais potências missionárias da Europa. Desde a sua fundação, a instituição enviou mais de 4,200 padres missionários para a Ásia, com a missão de se adaptar aos costumes locais, estabelecer um clero nativo e manter contactos estreitos com Roma e com o Papa. Aliás, nas instruções de 1659, o respeito e a adaptação aos costumes locais dos países a serem evangelizados foram considerados primordiais:[2]

"Não atue com zelo, não apresente argumentos para convencer essas pessoas a mudar os seus ritos, os seus costumes e os seus usos, exceto se forem manifestamente contrários à religião e à moral católicas. O que seria mais absurdo do que trazer a França, a Espanha, a Itália ou qualquer outro país europeu para os chineses? Não lhes tragam os nossos países, mas sim tragam-lhes a , a Fé que não rejeita ou fere os ritos, nem os usos de qualquer pessoa, desde que estas não são de mau gosto, mas que ao invés mantém e protege-os." [3][4]

Os dois fundadores da Sociedade, os padres franceses Pierre Lambert de La Motte (1624 - 1679) e François Pallu (1626 - 1684), foram respectivamente nomeados vigários apostólicos da Cochinchina e do Tonkin pelo Papa Alexandre VII, em 1658. Estas nomeações entraram em directo confronto com o Padroado português, que naquela altura era o principal responsável pela evangelização da Ásia e do Extremo Oriente (excepto as Filipinas).

No Vietname, o Bispo Lambert de la Motte fundou a Congregação das Irmãs Amantes da Santa Cruz, com freiras indígenas, para juntar forças com os seus missionários na evangelização do Sudeste Asiático. Em 1663, a Sociedade inaugurou um seminário para a formação do clero missionário na Rue du Bac, em Paris: a fundação foi aprovada pela Santa Sé em 11 de Agosto de 1664. Apesar de eles se comprometerem a adaptar-se aos costumes locais, vários missionários da Sociedade (como o monsenhor Maigrot), ao condenarem a prática de certos ritos chineses, participaram na controvérsia dos ritos na China, que causou danos catastróficos para o catolicismo na China. Também no Vietname, alguns missionários da Sociedade (entre os quais o padre Pigneau de Behaine) conseguiram convencer o governo francês a apoiar o general Nguyen Anh a tomar o poder. Devido à ajuda francesa, o general proclamou-se imperador em 1802, sob o nome de Gia Long, e instaurou assim a Dinastia Nguyễn.

No século XIX, as perseguições locais a missionários da Sociedade foram muitas vezes um pretexto para a intervenção militar francesa na Ásia, como por exemplo no Vietname e na China, porque a França prometeu proteger a Sociedade. Na China, o assassinato do Padre Auguste Chapdelaine tornou-se no casus belli para a participação francesa na Segunda Guerra do Ópio, em 1856. Na Coreia, as perseguições foram usadas para justificar a campanha francesa de 1866 contra a Coreia.[5]

Difusão atual editar

Hoje a Sociedade para as Missões Estrangeiras de Paris continua a ser uma instituição muito ativa na evangelização da Ásia. Em 31 de dezembro de 2005, a companhia contava com 19 casas e 294 membros, sendo 285 sacerdotes[6]. Juridicamente, a sociedade esteve sempre ligada à Congregação para a Evangelização dos Povos.

Ver também editar

Referências

  1. Asia in the Making of Europe, p.231
  2. Missions étrangères de Paris. 350 ans au service du Christ, 2008, Éditeurs Malesherbes Publications, Paris ISBN 9782916828107; pág. 3-4
  3. Missions étrangères de Paris. 350 ans au service du Christ, 2008, Éditeurs Malesherbes Publications, Paris ISBN 9782916828107; pág. 5.
  4. Les Missions Étrangères. Trois siècles et demi d'histoire et d'aventure en Asie, Éditions Perrin, 2008, ISBN 9782262025717; pág. 77-78
  5. Missions étrangères de Paris. 350 ans au service du Christ, 2008, Éditeurs Malesherbes Publications, Paris ISBN 9782916828107; pág. 5
  6. dados estatísticos reportados em 'Annuario Pontificio per l'anno 2007, Cidade do Vaticano, 2007, p. 1511, em italiano

Ligação externa editar

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