Gertrude Baniszewski

assassina norte-americana

Gertrude Nadine Baniszewski (19 de Setembro de 192916 de Junho de 1990), também conhecida como Gertrude Wright e Nadine van Fossan, foi uma conhecida mulher do Estado de Indiana que, junto com os filhos e outras crianças da região, torturou até a morte Sylvia Likens, uma garota de dezesseis anos. Pelo crime, Gertrude foi condenada a prisão perpetua no caso conhecido "como o mais terrível crime cometido a uma pessoa no estado da Indiana".

Gertrude Baniszewski
Gertrude Baniszewski
Gertrude Baniszewski ouve a decisão do júri após o julgamento
Nome completo Gertrude Nadine Baniszewski
Nascimento 19 de setembro de 1929 (94 anos)
Nacionalidade estadunidense

Primeiros anos editar

Nascida como Gertrude Nadine van Fossan, ela era filha de Hugh e Mollie van Fossan, a terceira de seis irmãos. Cinco anos após a morte de seu pai, ela abandonou a escola e se casou aos dezesseis anos com John Baniszewski, com quem ela teve quatro filhos. Após dez anos o casamento teve fim, e Gertrude se casou com Edward Guthrie, ela se casou novamente e teve mais dois filhos, vindo a se separar novamente em 1963. Então quando contava com a idade de 34 anos, Gertrude se casou com Dennis Lee Wright, de vinte e três anos, que segundo se conta a agredia. Eles tiveram um filho, Dennis Jr, mas logo após isso Wright a abandonou e desapareceu.

Sylvia Likens editar

Em julho de 1965, Lester e Betty Likens, dois atores circenses, deixaram suas duas filhas - Sylvia Marie Likens, 16, e Jenny Faye Likens, 15 - na casa de Gertrude por 20 dólares por semana enquanto eles viajavam pelo país. As duas garotas conheciam as filhas de Gertrude e frequentavam a mesma escola e igreja que elas. Porém, quando o primeiro pagamento atrasou, Gertrude bateu nas duas garotas. Após isso ela as acusou de ter roubado doces, o que na verdade era mentira. A partir daí os abusos contras as meninas, em especial contra Sylvia começaram.

Abusos editar

Em agosto de 1965, Baniszewski começou a ofender, humilhar e bater em Sylvia Likens, além de permitir que seus filhos e outras crianças batessem nela. Baniszewski acusava as garotas de serem prostitutas, e dava sermões sobre esses assuntos para as crianças sempre usando as Likens como exemplo. Após rumores de um garoto que disse que Likens havia espalhado pelo colégio que duas das filhas de Gertrude, Paula e Stephanie eram prostitutas, segundo a versão de Gertrude, o namorado de Stephanie, Coy Hubbard, e outros colegas dele foram convidados para assistir Gertrude a agredir Sylvia. A própria irmã de Sylvia, Jenny, era obrigada a bater na vítima. [1]

Logo Sylvia foi tirada da escola, e os abusos aumentaram ainda mais. Certa vez, apos acusar a menina novamente de ser uma prostituta, Gertrude chamou os meninos da vizinhança e obrigou Sylvia a enfiar boca de uma garrafa de coca cola na vagina.[2]

Porão editar

Após o incidente com a coca cola, Sylvia urinou na cama, e como conseqüência foi trancafiada no porão da casa. Baniszewski começou a banhar Likens com água quente, segundo ela para limpar seus pecados. Ela ficava nua no porão, e poucas vezes era alimentada. De tempos em tempos, Gertrude e seu filho John faziam Sylvia comer suas próprias fezes. Nessa época, Jenny escreveu uma carta para irmã mais velha, Diana, contando o horror que ela e Sylvia passavam, pedindo para que ela chamasse a policia. Diana Likens não acreditou em Jenny, pois achava que ela havia feito algo na casa de Gertrude e estava querendo sair de lá para ficar com ela em sua casa. Tempos depois, Diana veio visitar as irmãs, mas Baniszewski se negou a deixá-la entrar na casa. Diana ficou nas proximidades até ver Jenny fora da casa e abordá-la. Jenny disse a irmã mais velha que não estava autorizada a falar com ela e depois fugiu. Preocupada, Diana ligou para o serviço social. Quando a assistente social foi na casa dos Baniszewski , Gertrude ameaçou Jenny, dizendo que se ela falasse algo iria ocorrer o mesmo que ocorria com Sylvia. Assustada com isso, Jenny disse para a Assistente que Sylvia tinha fugido de casa.

Assassinato editar

Em 21 de outubro, Baniszewski pediu para que seu filho John Jr., Coy, e Stephanie Baniszewski trouxessem Sylvia para uma cama. Sylvia urinou novamente, e como consequência Gertrude a fez enfiar de novo uma garrafa de coca cola na vagina,[2] antes de começar a grafar a frase "I'm a prostitute and proud of it" no estômago da garota. Quando Gertrude não conseguiu mais tatuar a frase, ela pediu que Ricky Hobbs a terminasse. No dia seguinte ela obrigou Sylvia escrever uma carta para os pais a qual afirmava que havia fugido de casa. Após isso ela começou a elaborar um plano para deixar Sylvia em algum local ermo para que morresse. Quando Sylvia ouviu isso, tentou fugir, mas foi pega por Gertrude e foi jogada novamente no porão.

Em 24 de outubro, Coy Hubbard bateu violentamente com um cabo de vassoura na cabeça de Sylvia. Na manhã do dia 26, Gertrude disse que daria um banho em Sylvia e pediu que Stephanie Baniszewski e Richard Hobbs trouxessem a menina para cima. Porém os dois perceberam que ela não respirava, e tentaram ressuscitá-la com respiração boca-a-boca, porém Sylvia já estava morta. Stephanie ficou em pânico, e pediu que Hobbs chamasse a polícia. Quando eles chegaram, Gertrude mostrou a carta que havia obrigado Sylvia escrever. Nesse período, Jenny teria abordado um dos policias e sussurrado para ele a tirar de lá que ela contaria tudo o que tinha acontecido. O depoimento dela, combinado com o descobrimento do corpo de Sylvia, fez os policiais prenderem Gertrude, Paula, Stephanie e John Baniszewski, Richard Hobbs, e Coy Hubbard por assassinato. Outras crianças da vizinhança como: Mike Monroe, Randy Lepper, Judy Duke, e Anna Siscoe também foram levados.

Julgamento editar

Baniszewski, seus filhos, Hobbs, e Hubbard foram presos sem direito a fiança, até o julgamento. Um exame de autópsia feito depois revelou que Sylvia tinha diversas queimaduras, contusões musculares e inúmeras lesões físicas. Perto da morte, os lábios vaginais de Sylvia estavam quase que separados um do outro. Sua cavidade vaginal estava inchada, mas os exames provaram que ela ainda era virgem, sendo que seu hímen estava intacto. A causa oficial da morte foi hemorragia cerebral, além de lesões prolongadas em sua pele.

Gertrude Baniszewski foi acusada de assassinato em primeiro grau. Ela foi sentenciada a prisão perpétua sem direito a condicional.

Vida e morte editar

 
Gertrude sai da prisão em 4 de dezembro de 1985

Após apelar, Baniszewski ganhou um novo julgamento, mas foi novamente condenada. Ao longo dos 18 anos em que ficou presa, Gertrude foi uma prisioneira modelo, trabalhando na oficina de costura, se tornando uma mãe para as outras detentas. Quando foi anunciado que ela iria sair em condicional da prisão, houve uma grande polêmica na comunidade de Indiana. Jenny Likens e sua família apareceram na TV para protestar contra a libertação, grupos de proteção a pessoa também se manifestaram, sendo que no decorrer de dois meses um grupo coletou assinaturas de moradores de Indiana contra Gertrude. Apesar de tudo, ela conseguiu a liberdade, e se declarou culpada sobre tudo que havia ocorrido com Sylvia. Baniszewski saiu da prisão em 4 de dezembro de 1985 e viajou para Iowa, onde morreu de câncer no pulmão cinco anos depois, em 16 de junho de 1990, com 60 anos.[2]

Publicações editar

  • A Feminista Kate Millett escreveu uma história semi-ficcional sobre o incidente, The Basement: Meditations on a Human Sacrifice. Millett afirmou em um entrevista que o assassinato de Sylvia Likens "é a história da repressão feminina. Gertrude parece querer administrar uma justiça terrível verossímil na garota: isso é que é ser uma mulher."[3]
  • O autor Natty Bumppo (antigamente John Dean) escreveu um ensaio sobre o assassinato, The Indiana Torture Slaying.[3]
  • O livro de Jack Ketchum The Girl Next Door é uma história fictícia baseada no assassinato, e um filme baseado no livro foi lançado em 2007, com Blythe Auffarth no papel principal.[3]
  • O livro de Patte Wheat, By Sanction of the Victim é um história ficcional baseada no incidente.[carece de fontes?]
  • Um peça chamada Hey, Rube, escrita por Janet McReynolds, foi produzida, mas nunca foi publicada. [4]
  • O filme An American Crime estrelando Catherine Keener como Baniszewski, Elliot Page como Likens, e Jeremy Sumpter como Coy Hubbard estreou no Sundance Film Festival em 2007.[3] and was released nation-wide in 2008.[5]
  • O livro Quando os Adams Saíram de Férias (Let's Go Play at the Adams', no original), de Mendal W. Johnson, foi publicado no Brasil em 1987 pela editora Círculo do Livro e é baseado no assassinato.

Ver também editar

Referências

  1. "The Torturing Death of Sylvia Marie Likens." Crime Library.
  2. a b c Library Factfiles: The murder of Sylvia Likens. Arquivado fevereiro 20, 2012 no WebCite The Indianapolis Star. Access date: November 14, 2007.
  3. a b c d Broeske, Pat H. "A Midwest Nightmare, Too Depraved to Ignore." New York Times. 14 January 2007.
  4. Regensberg, Pam (8 de março de 1997). «Santa actor being investigated in Ramsey case». Longmont, Colorado Times-Call. Consultado em 25 de agosto de 2008 
  5. Broeske, Pat H. A Midwest Nightmare, Too Depraved to Ignore. The New York Times. 14 January 2007.

Bibliografia editar

  • Dean, John Edwin. The Indiana Torture Slaying: Sylvia Likens Torture and Death. 1999. ISBN 0-9604894-7-9.
  • Millett, Kate. The Basement: A True Story of Violence in an American Family. 1979. ISBN 0-671-72358-8.
  • New York Times. May 20, 1966. "5 Are Convicted In Torture Death; Mother and 4 Teen-Agers Guilty in Girl's Slaying". Indianapolis, May 19, 1966 (UPI) A Criminal Court jury today found Mrs. Gertrude Baniszewski, 38-year-old mother of seven, guilty of first degree murder in the torture slaying of Sylvia Likens, 16. Four teenage defendants were convicted on lesser charges.
  • New York Times. May 25, 1966. "2 in Torture Death of Girl Are Sentenced for Life". Indianapolis, May 24, 1966 (AP). Two defendants in the torture slaying of Sylvia Likens got life sentences today in the Indiana Women's Prison. Three others were sentenced to the Indiana Reformatory for terms of 2 to 21 years.

Ligações externas editar