Gil de Roca Sales

compositor brasileiro

Alfredo Pozoco, conhecido como frei Gil de Roca Sales (Roca Sales, 29 de junho de 1933), é um capuchinho e maestro, arranjador e compositor brasileiro, dedicado ao canto coral.

Gil de Roca Sales
Nascimento 29 de junho de 1933
Roca Sales
Cidadania Brasil
Ocupação compositor

Biografia editar

Formado em Filosofia e Teologia em Ijuí e Porto Alegre,[1] ingressou na Ordem dos Capuchinhos e teve formação musical no Instituto Pio X do Rio de Janeiro, filiado à escola de canto gregoriano de Solesmes.[2] Disse o artista que apesar de ter recebido treinamento específico, no seu tempo de estudante era seminarista, e isso não permitia uma interação constante com o mundo profano, não era permitido ouvir rádio ou ler jornal, e a maior parte de sua aprendizagem de interpretação da música coral ocorreu por meio da audição de gravações e de alguma visita que lhes faziam coros de igrejas.[3]

Iniciou sua carreira regendo o Coral dos Capuchinhos.[2] Sobre este grupo, Rovílio Costa disse: "Cumpre lembrar a grande popularidade que teve, no final de 50 e na década de 60, o Coral dos Capuchinhos, regido por Frei Gil de Roca Sales, com participação em programas especiais de televisão, publicação de dois LPs bem sucedidos e presença no Festival de Coros de Porto Alegre, sempre com primeiro lugar na classificação".[4]

Intensamente dedicado à promoção do canto coral, já deixou expressiva discografia, com trinta LPs e nove CDs com diferentes grupos corais. Representou o Brasil em eventos internacionais na América e na Europa. Gravou e fez muitos arranjos do cancioneiro tradicional gauchesco, brasileiro e dos imigrantes italianos.[2] Musicou mais de 60 poesias de Mário Quintana[5][6] e escreveu música sacra e litúrgica.[7]

Foi presença constante no Festival de Coros de Porto Alegre, por muitos anos o maior evento coralístico do estado, chegando a ter repercussão internacional. Apreciando a mistura de peças eruditas com peças populares, introduziu muito repertório desconhecido localmente, estimulou a qualificação dos cantores e dirigiu vários outros grupos, como o Coral da Igreja de Santo Antônio, Coro da Igreja Nossa Senhora de Lourdes, Coral da Associação dos Funcionários do Banco da Proví­ncia, Coral do Colégio Cruzeiro do Sul, Coral Municipal de Porto Alegre, Madrigal Palestrina, Coral Municipal de Ijuí e Coro de Câmara Pró Arte.[8] O maestro Cláudio Ribeiro recordou as serenatas que eram feitas pelo Pró Arte em sua casa: "Pra mim o que ficou muito vivo, foi este momento, por exemplo, das serenatas, em casa, quando vinha o coral do Gil de Roca Sales, o Pró Arte, fazer serenata. Às vezes a gente estava jantando e eles chegavam. A gente ouvia os sons da música, eles cantando lá na janela; a gente parava, todo mundo ia entrando e já iam cantando ali dentro".[9] Desde 1960 é regente do Madrigal de Porto Alegre e desde 1967 do Coral Banrisul.[2]

Milton Ribeiro o chamou de "uma das grandes figuras do canto coral gaúcho e brasileiro".[2] Quando recebeu da Câmara de Porto Alegre o título de Cidadão Emérito, em 1988, foi louvado pelo vereador Flávio Coulon, em nome das Bancadas do PMDB e PT: "Sua presença constante dignifica nossa Cidade e nosso Estado. E esta homenagem que hoje a Cidade lhe presta não é mais do que o reconhecimento por tudo o que ele já fez, por todos os momentos que criou e ainda há de criar". A vereadora Teresinha Irigaray, em nome das Bancadas do PDT, PFL, PDS e PCB, disse que "o motivo desta homenagem é, em primeiro lugar, a sua competência, a cultura, a arte, que, ao longo do tempo e de sua vida, sempre se fizeram presentes no cotidiano. [...] A Casa do Povo de Porto Alegre lhe presta esta homenagem, porque quer reconhecer, neste título, o seu trabalho, [...] bem como a sua dedicação e o seu amor aos problemas sociais e humanos de nossa comunidade, às vezes a mais carente".[10] Em 2010 seu acervo musical foi lançado digitalmente, oferecendo gratuitamente mais de 170 mil arquivos para consulta e download, incluindo sua produção em arranjo e composição, e canções para ouvir e baixar, interpretadas pelos seus coros.[5]

Prêmios e distinções editar

  • 1º lugar no Concurso Panamericano de Coros, Porto Alegre, 1970, com o Madrigal de Porto Alegre
  • 1º e 2º lugares no Concurso de Arranjos do Folclore Gaúcho para Coros, Porto Alegre, 1970, com as obras Piazito Carreteiro, letra e melodia de Luiz Meneses, e Negrinho do Pastoreio, letra e melodia de Luiz Teles
  • Medalha de Porto Alegre, 1971
  • Hors concours no Concurso Nacional de Coros, Rio de Janeiro, 1977, com o Madrigal de Porto Alegre
  • Cidadão Emérito de Porto Alegre, 1988[10]
  • Atestado Internacional de Benemerência, ANEA, Itália, 1995
  • 1º Prêmio no 1º Concurso Nacional de Composição para Canto Coral, Porto Alegre, 1995, com a obra Auto-Retrato, e Menção Honrosa com a obra Poema do Belo, com textos de Mário Quintana[11]
  • Seu nome batizou o Festival de Música Coral Renascentista de Porto Alegre, 2017[2]
  • Placa de Menção Honrosa da Prefeitura de Roca Sales, 2022, "pela relevância do seu trabalho e da sua arte em prol da cultura coral brasileira, bem como na divulgação do Município de Roca Sales em nível nacional".[1]

Livros publicados com partituras para canto coral editar

  • Canções, Madrigais, Motetes - Composições e Adaptações para Coro Misto.Porto Alegre: Secovi/Agademi, 2005
  • Cantando Quintana, música para 64 poemas de Quintana
  • Cantando a Deus, música para composições sacro-religiosas
  • Outros Cantares, música para poemas de outros compositores

Referências

  1. a b "Lei Municipal nº 1.977/22". Prefeitura de Roca Sales, 08/06/2022
  2. a b c d e f Ribeiro, Milton. "Festival de Música Coral Renascentista ‘Gil de Roca Sales’ acontece neste fim de semana". Sul 21, 06/07/2017
  3. Teixeira, Lúcia Helena Pereira. Festivais de coros do Rio Grande do Sul (1963-1978): práticas músico-educativas de coros, regentes e plateia. Doutorado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2015, p. 65
  4. Costa, Rovílio. Os capuchinhos do Rio Grande do Sul. EST Edições, 1996, p. 241
  5. a b "Recital com Alexandre Ritter é uma das atrações musicais em Porto Alegre". Correio do Povo, 29/09/2010
  6. Trevisan, Armindo et al. O Melhor de Mario Quintana. AGE, 2016, p. 119
  7. Rodrigues, Wallison. Música Litúrgica: Das Expressões Melódicas à Teologia Litúrgica. São Luís de Montes Belos, 2018, p. 51
  8. Teixeira, pp. 37-38; 44; 135-145
  9. Apud Teixeira, pp. 108-109
  10. a b Ata da 65º Sessão Solene da 6ª Sessão Legislativa Ordinária. Câmara Municipal de Porto Alegre, 08/11/1988
  11. "Gil de Roca Sales - Poema do Belo". Video.

Ligações externas editar