Gracilinanus microtarsus

 Nota: Para outros significados, veja Jupati. Para outros significados, veja Guaiquica. Para outros significados, veja Chichica. Para outros significados, veja Cuíca-graciosa.

Gracilinanus microtarsus, popularmente chamada cuíca-graciosa,[2] cuíca, chichica, quaiquica[3] e guaiquica[4] é uma espécie de marsupial da família dos didelfiídeos (Didelphidae). Pode ser encontrada no Brasil e na Argentina (Missões).[1][5] Incluía o táxon guahybae como subespécie,[6] mas este foi elevado a espécie distinta no gênero Cryptonanus.[7]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaGracilinanus microtarsus

Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Subfilo: Vertebrata
Classe: Mammalia
Subclasse: Theria
Infraclasse: Marsupialia
Ordem: Didelphimorphia
Família: Didelfiídeos
Subfamília: Didelfíneos
Tribo: Thylamyini
Género: Gracilinanus
Espécie: G. microtarsus
Nome binomial
Gracilinanus microtarsus
(Wagner, 1842)
Distribuição geográfica

Gracilinanus microtarsus

Etimologia

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A designação popular cuíca advém do tupi *ku'ika,[8] enquanto guaiquica do também tupi *wai-kuíka.[4] Já a designação chichica tem origem desconhecida.[9]

Características

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G. gracilinanus é um animal de porte pequeno, medindo da cabeça ao corpo de 81 a 129 milímetros, o comprimento da calda varia entre 131 e 167 milímetros e possui massa corporal de 12 a 52 gramas.[10][11] Possuem uma larga faixa de pelos ao redor dos olhos, sua pelagem dorsal costuma ter uma cor marrom-acinzentada e sua pelagem ventral é constituída de pelos com base cinza e ápice creme, esses pelos se estendem do pescoço até o ânus. Possui cauda preênsil com diminutos pelos. Eles apresentam dimorfismo sexual, com os machos sendo maiores e mais pesados que as fêmeas.[12] As fêmeas desse marsupial não apresentam marsúpio.[13]

G. microtarsus foi classificado como insetívoro-onívoro.[14] Foi investigada sua dieta na mata atlântica e no cerrado que sugere que primariamente ele é insetívoro e um forrageador oportunista. Em ambos os locais a alimentação é composta principalmente por insetos, como cupins, formigas, vespas, besouros, percevejos, baratas, grilos, gafanhotos, mariposas, dípteros, efemerides. Além de insetos, sua alimentação ainda comporta aranhas, caracóis e frutas (Solanum, Passiflora e Miconia).[15] G. microtarsus é um importante dispersor de sementes de Araceae na Mata Atlântica.[16]

Ecologia e comportamento

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G. microtarsus possuem um comportamento solitário, noturno, apresentam preferência significativa em estratos arbóreos. É encontrado em florestas de crescimento secundário ou habitat fragmentado.[17][18][19] Frequentemente utiliza arvores ocas como abrigo, principalmente para formação de ninhos. Cada indivíduo habitando uma área residencial de 0,03 a 0,32 hectare (0,074 a 0,791 acre), dependendo do habitat. Os machos tendem a ter áreas residenciais maiores do que as fêmeas, provavelmente porque, sendo maiores, precisam de mais comida.[12]

Reprodução

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G. microtarsus tem um padrão reprodutivo sazonal, o estro das fêmeas é sincronizado, com acasalamentos ocorrendo entre agosto e setembro. Foi observado que existe uma quantidade grande de fêmeas grávidas ou lactando entre setembro e dezembro, que corresponde a estação mais úmida no cerrado e na Mata Atlântica. Ninhadas de até doze jovens nascem durante a estação das chuvas, quando o alimento é abundante. A mãe não possui bolsa. São desmamados aos três meses de idade, entre novembro e dezembro. Os jovens estão totalmente crescidos, com uma dentição adulta, aos seis meses, atingindo a maturidade sexual um ano após o nascimento.[20]

Desenvolvimento

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Seu padrão de erupção dentária segue a de outros didelfiídeos (Didelphidae),[21] indivíduos jovens são aqueles que o primeiro ou segundo molar nascem, como sub-adultos quando o terceiro molar entra em erupção e adultos quando o quarto molar nasce. A espécie vive entre um e dois anos, sendo que existe uma grande taxa de mortalidade dos machos após a época de reprodução que geralmente vivem apenas um ano. A ocorrência dessas alta mortalidade dos machos confere à espécie o estatuto de semelparidade parcial, visto que o declínio dos machos não é total.[22]

Distribuição geográfica

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G. microtarsus ocorre no sudeste e sul do Brasil nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul[12] e possivelmente em Missões, na Argentina.[1]

Conservação

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Uma avaliação de 2008 não encontrou grande ameaças a esta espécie, uma tolerância para a modificação do habitat, e grandes populações. Portanto, G. microtarsus é classificado como de menor preocupação por a União Internacional para a Conservação da Natureza e Recursos naturais.[12]

Referências

  1. a b c Brito, D.; Astúa, D.; Lew, D.; Soriano, P. (2021). «Brazilian Gracile Opossum - Gracilinanus microtarsus». Lista Vermelha da IUCN. União Internacional para Conservação da Natureza (UICN). p. e.T9421A197306376. doi:IUCN.UK.2021-1.RLTS.T9421A197306376.en Verifique |doi= (ajuda). Consultado em 17 de julho de 2021 
  2. Porto, Ananda. «Cuíca-graciosa é tão pequena que pode ser confundida com um filhote - Espécie de marsupial não é muito conhecida, mas tem papel importante na mata como dispersora de sementes». G1 
  3. «Cuíca». Michaelis 
  4. a b «Guaiquica». Michaelis 
  5. Teta, P.; Muschetto, E.; Maidana, S.; Bellomo, C.; Padula, P. (2007). «Gracilinanus microtarsus (Didelphimorphia, Didelphidae) en la provincia de Misiones, Argentina». Mastozoología Neotropical. 14 (1): 113–115 
  6. Gardner, A.L. (2005). «Gracilinanus microtarsus». In: Wilson, D.E.; Reeder, D.M. Mammal Species of the World: A Taxonomic and Geographic Reference 3.ª ed. Baltimore, Marilândia: Imprensa da Universidade Johns Hopkins. p. 6-7. ISBN 978-0-8018-8221-0. OCLC 62265494 
  7. Voss, R.S.; Lunde, D.; Jansa, S.A. (2005). «On the contents of Gracilinanus Gardner & Creighton, 1989, with the description of a previously unrecognized clade of small didelphid marsupials». American Museum Novitates. 3482: 1–34 
  8. Houaiss, verbete cuíca
  9. Houaiss, verbete chichica
  10. Passamani, M. (2000). «Análise da comunidade de marsupiais em Mata Atlântica de Santa Teresa, Espírito Santo». Boletim do Museu de Biologia Mello Leitão, N. Série. 11/12: 215-228 
  11. Patton, J. L.; Costa, L. P. (2003). «Molecular phylogeography and species limits in rainforest didelphid marsupials of South America». In: Jones, M. E.; Dickman, C. R.; Archer, M. Predators with Pouchs: the biology of carnivorous marsupials. Melbourne: CSIRO Press. pp. 63–81 
  12. a b c d Pires, Mathias M.; Martins, Eduardo G.; Silva, Maria Nazareth F.; dos Reis, Sérgio F. (25 de janeiro de 2010). «Gracilinanus microtarsus (Didelphimorphia: Didelphidae)». Mammalian Species: 33–40. ISSN 0076-3519. doi:10.1644/851.1. Consultado em 15 de fevereiro de 2021 
  13. Stumpp, Rodolfo German Antonelli Vidal. «Bicho da Vez - Cuíca-graciosa – (Gracilinanus agilis)». Museu de Zoologia João Moojen, Universidade Federal de Viçosa. Consultado em 16 de julho de 2021 
  14. Fonseca, Fonseca, Gustavo A. B. da (1996). Lista anotada dos mamíferos do Brasil. Washington: Conservation International. OCLC 35218033 
  15. Martins, E. G.; Bonato, V.; Pinheiro, H. P.; dos Reis, S. F. (maio de 2006). «Diet of the gracile mouse opossum (Gracilinanus microtarsus) (Didelphimorphia: Didelphidae) in a Brazilian cerrado: patterns of food consumption and intrapopulation variation». Journal of Zoology (1): 21–28. ISSN 0952-8369. doi:10.1111/j.1469-7998.2006.00052.x. Consultado em 15 de fevereiro de 2021 
  16. Viera, E. M.; Izar, P. (1999). «Interaction between aroids and arboreal mammals in the Brazilian Atlantic rainforest». Plant Ecology. 145: 75-82 
  17. Vieira, Emerson Monteiro; Monteiro-Filho, Emygdio L. A. (setembro de 2003). «Vertical stratification of small mammals in the Atlantic rain forest of south-eastern Brazil». Journal of Tropical Ecology (05): 501–507. ISSN 0266-4674. doi:10.1017/s0266467403003559. Consultado em 15 de fevereiro de 2021 
  18. Pardini, Renata; de Souza, Sergio Marques; Braga-Neto, Ricardo; Metzger, Jean Paul (julho de 2005). «The role of forest structure, fragment size and corridors in maintaining small mammal abundance and diversity in an Atlantic forest landscape». Biological Conservation (2): 253–266. ISSN 0006-3207. doi:10.1016/j.biocon.2005.01.033. Consultado em 15 de fevereiro de 2021 
  19. Passamani, Marcelo; Fernandez, Fernando A.S. (1 de janeiro de 2011). «Movements of small mammals among Atlantic Forest fragments in Espírito Santo, Southeastern Brazil». mammalia (1). ISSN 1864-1547. doi:10.1515/mamm.2010.064. Consultado em 15 de fevereiro de 2021 
  20. Martins, Eduardo Guimarães; Bonato, Vinícius; da-Silva, Cibele Queiroz; dos Reis, Sérgio Furtado (julho de 2006). «Seasonality in reproduction, age structure and density of the gracile mouse opossum Gracilinanus microtarsus (Marsupialia: Didelphidae) in a Brazilian cerrado». Journal of Tropical Ecology (4): 461–468. ISSN 0266-4674. doi:10.1017/s0266467406003269. Consultado em 15 de fevereiro de 2021 
  21. Macedo, Joana; Cerqueira, Rui; Loretto, Diogo; Vieira, Marcus Vinícius (2007). Classes de desenvolvimento em marsupiais: um método para animais vivos. Buenos Aires: Sociedade Argentina para o Estudo dos Mamíferos. OCLC 181408274 
  22. Martins, Eduardo G.; Bonato, Vinícius; da-Silva, Cibele Q.; dos Reis, Sérgio F. (outubro de 2006). «PARTIAL SEMELPARITY IN THE NEOTROPICAL DIDELPHID MARSUPIAL GRACILINANUS MICROTARSUS». Jornal de Mamalogia (5): 915–920. ISSN 0022-2372. doi:10.1644/05-mamm-a-403r1.1. Consultado em 15 de fevereiro de 2021 

Ligações externas

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