Instituto Terra é uma organização não governamental (ONG) que atua como centro de recuperação ambiental com sede no município brasileiro de Aimorés, no estado de Minas Gerais.[1] A organização administra nesse município a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Fazenda Bulcão, que se trata de uma área de 608,69 hectares de Mata Atlântica degradada que foi recuperada.[2] Foi fundada pelo fotógrafo Sebastião Salgado e por sua esposa, Lélia Wanick Salgado, em 1998.[1][3]

Interior do Instituto Terra em Aimorés, Minas Gerais, Brasil.

Histórico e descrição editar

O Instituto Terra surgiu de uma iniciativa de Sebastião e Lélia Salgado de reflorestarem a Fazenda Bulcão, localizada nas margens das nascentes que formam o córrego Bulcão em Aimorés, Minas Gerais. O córrego Bulcão é um afluente do rio Doce. O fotógrafo viveu nessa fazenda em sua infância com sua família, que utilizava a área para a criação de gado. Essa atividade provocou o desmatamento do lugar, composto por mares de morros.[4]

Na década de 1990, Sebastião e Lélia Salgado retornaram ao Brasil depois de passarem uma temporada fotografando tragédias humanitárias pelo mundo, como a fome na Etiópia, o pós-guerra no Kuwait, o Genocídio em Ruanda e migrações de refugiados. Após esse retorno, como meio de se recomporem, deram início a uma organização não governamental com o objetivo de recuperarem a mata e as nascentes da antiga Fazenda Bulcão.[4] Sua criação, efetivada em abril de 1998,[2][5] teve o auxílio do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade e doações de empresas e famosos.[4]

 
Evolução do reflorestamento do Instituto Terra.

Cerca de 2 milhões de árvores foram plantadas na área da Fazenda Bulcão.[6] Da área de 709,84 h da fazenda, 608,69 h foram reconhecidos como reserva particular do patrimônio natural (RPPN)[7] mediante a Portaria Nº 081 do Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais (IEF-MG) em 7 de outubro de 1998.[8] Em 2001, o Instituto Terra começou a produzir mudas de Mata Atlântica típicas do Vale do Rio Doce para serem usadas na RPPN Fazenda Bulcão e em projetos externos.[9] Dez anos depois, o domínio da floresta pelos morros era explícito.[1]

A atuação do instituto foi ampliada posteriormente a outros locais. Cabe ressaltar o estímulo a proprietários de terra da bacia do rio Doce em Minas Gerais e no Espírito Santo que possuam nascentes a proteger esses mananciais, através da doação de materiais, compensações com infraestrutura e reflorestamento com Mata Atlântica para cercá-las.[6][10] Até 2021, pelo menos 2 mil nascentes já haviam sido atendidas pelo Instituto Terra.[11] As mudas e árvores utilizadas nos plantios são produzidas nos viveiros da própria ONG.[10]

Infraestrutura editar

Além dos viveiros, a estrutura do Instituto Terra em Aimorés abrange duas residências que foram preservadas da antiga fazenda. O complexo também possui cine-teatro, teatro de arena, alojamentos para estudantes e professores, alojamentos de empregados, refeitório, biblioteca, museu arqueológico, salão de exposições e áreas de lazer. O cine-teatro é destinado sobretudo a escolas e à comunidade da região.[1]

Referências

  1. a b c d Geraldo Benicio (14 de agosto de 2015). «Instituto Terra: a ONG de Sebastião Salgado no Vale do Rio Doce». ArchDaily. Consultado em 15 de agosto de 2022. Cópia arquivada em 15 de agosto de 2022 
  2. a b Instituto Terra. «O que antes era pasto agora é floresta». Consultado em 15 de agosto de 2022. Cópia arquivada em 15 de agosto de 2022 
  3. Empresa Brasil de Comunicação (EBC) (5 de junho de 2019). «Ong promove desenvolvimento sustentável do Vale do Rio Doce». Consultado em 15 de agosto de 2022. Cópia arquivada em 15 de agosto de 2022 
  4. a b c Pedro Carvalho (7 de maio de 2018). «A batalha de Sebastião Salgado para (ainda) tentar salvar Mariana». GQ. Consultado em 5 de maio de 2022. Cópia arquivada em 9 de fevereiro de 2019 
  5. O Estado de S.Paulo (15 de maio de 2010). «Quem é Lélia Salgado». GQ. Consultado em 15 de agosto de 2022. Cópia arquivada em 15 de agosto de 2022 
  6. a b Miriam Leitão (19 de abril de 2015). «Instituto inicia projeto para proteger nascentes do Vale do Rio Doce». O Globo. Consultado em 15 de agosto de 2022. Cópia arquivada em 13 de maio de 2015 
  7. Alexandre Guzanzhe e Carlos Herculano Lopes (2 de junho de 2014). «Instituto Terra concretiza sonho de Lélia e Sebastião Salgado e é tema de exposição». Uai. Consultado em 15 de agosto de 2022. Cópia arquivada em 15 de agosto de 2022 
  8. Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo (IEMA) (4 de abril de 2009). «Novas áreas de Mata Atlântica no Espírito Santo recebem título de Posto Avançado». Consultado em 15 de agosto de 2022. Cópia arquivada em 15 de agosto de 2022 
  9. Instituto Terra. «Produção de mudas nativas da Mata Atlântica». Consultado em 15 de agosto de 2022. Cópia arquivada em 15 de agosto de 2022 
  10. a b Bragança, Laudino e Silva 2017, p. 291
  11. G1 (14 de março de 2021). «Instituto Terra recupera mais de duas mil nascentes no ES e em MG». Consultado em 15 de agosto de 2022. Cópia arquivada em 15 de agosto de 2022 

Bibliografia editar

Ligações externas editar

 
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