Instituto de Arquitetos do Brasil

organização de arquitetura do Brasil

O Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) é uma instituição fundada em 26 de janeiro de 1921 com o objetivo de fomentar a discussão da arquitetura e urbanismo e divulgar a profissão do arquiteto perante a sociedade brasileira. É a entidade profissional dos arquitetos mais antiga no pais e a única representante no Brasil da União Internacional de Arquitetos, órgão máximo profissional e cultural dos arquitetos no mundo.

Instituto de Arquitetos do Brasil
Instituto de Arquitetos do Brasil
Sede do IAB no Rio de Janeiro
Fundação 26 de janeiro de 1921 (103 anos)
Sede Brasília, DF
Línguas oficiais português
Presidente Nivaldo Vieira de Andrade Junior
Sítio oficial www.iab.org.br

O IAB atua através de órgãos estaduais e em conselhos referentes a assuntos relativos aos profissionais arquitetos e a sociedade, com ênfase nas questões que envolvem a formação do arquiteto e na divulgação da atividade deste profissional. O IAB organiza, desde a década de 1940 o Congresso Brasileiros de Arquitetos e, em conjunto com a Fundação Bienal, o IAB é responsável pela organização da Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo.

História editar

Fundado no Rio de Janeiro em 26 de janeiro de 1921, o IAB é a mais antiga das entidades brasileiras dedicadas à arquitetura, ao urbanismo e ao exercício da profissão. O IAB não tem fins lucrativos e seus dirigentes não são remunerados.

O IAB adotou o modelo federativo de organização e conta com Departamentos autônomos em todos estados do país, que possuem, por sua vez, núcleos locais nos municípios de maior relevância. A entidade é liderada pela Direção Nacional, responsável pela articulação e pela coordenação dos Departamentos, bem como pelas ações de abrangência nacional e internacional. Sua instância política máxima é o Conselho Superior, composto por representantes de todos os Departamentos e pelos Conselheiros Vitalícios, ex-presidentes da entidade.

O primeiro movimento editar

A grande transformação urbana da virada do século XX no Rio de Janeiro gera o primeiro movimento de arquitetos em torno dos interesses da profissão. Antigos documentos citam a criação do Centro de Arquitetos e Construtores do Rio de Janeiro, em 1903, um esboço inicial de agremiação dos profissionais de arquitetura. Quase duas décadas depois, em 1920, acontece o I Congresso Pan-Americano de Arquitetos, em Montevidéu.[1] que marcou o período imediatamente anterior à fundação do instituto que deu origem ao IAB.

O primeiro instituto de arquitetos editar

Em 1921, ano em que o Rio presencia outra expansão urbana, durante o governo de Epitácio Pessoa, com nova organização das camadas sociais, nasce o Instituto Brasileiro de Architectura. A entidade foi criada no dia 26 de janeiro, após reunião de 27 arquitetos e engenheiros na Escola Nacional de Belas Artes.

A agitação crescente em torno das artes e da política brasileira abriu portas para um período de efervescência, que gerou a Semana de Arte Moderna de 1922 e o Manifesto Surrealista. Diante de tantas transformações, o Instituto, com apenas um ano de trajetória, viu seus membros se dividirem. Mas a cisão não durou muito tempo: em 1925, os dois grupos se fundem no Instituto Central de Arquitetos, presidido por Fernando Nereu de Sampaio, cujo objetivo principal era a consolidação e união da classe.

O período entre 1931 e 1942 é marcado por produções emblemáticas da arquitetura brasileira: o Conjunto Arquitetônico da Pampulha, de Niemeyer; o Grande Hotel de Ouro Preto; a Avenida Presidente Vargas; os prédios decó, em Copacabana; e o Park Hotel, de Lúcio Costa, em Friburgo, entre outras. Durante seis mandatos sucessivos, de 1936 a 1943, Nestor Egydio de Figueira mantém-se na presidência do IAB, encerrando a fase dos presidentes fundadores e abrindo campanha pela eleição de grandes nomes da arquitetura.

A vitória do modernismo editar

Em 1930, os arquitetos brasileiros realizam o IV Congresso Pan-americano de Arquitetos, no Rio. O evento é marcado pelo embate entre duas correntes da arquitetura: a neocolonial e a modernista, que prevalece.

Em 1931, Nestor Egydio de Figueiredo assume oficialmente a corrente modernista em sua gestão. O instituto se engaja assim na luta pela arquitetura contemporânea. É o despontar de uma nova estética.

As mudanças começaram pelo nome da entidade, que, em 1934, passa a se chamar definitivamente Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB). A primeira reforma estatuária é providenciada no mesmo ano, seguida do lançamento do primeiro boletim oficial, em 1935, e da revista “Arquitetura e Urbanismo”, em 1936, dirigida pelo ex-presidente Cipriano Lemos.

O período entre 1931 e 1942 é marcado por produções emblemáticas da arquitetura brasileira: o Conjunto Arquitetônico da Pampulha, de Niemeyer; o Grande Hotel de Ouro Preto; a Avenida Presidente Vargas; os prédios decó, em Copacabana; e o Park Hotel, de Lúcio Costa, em Friburgo, entre outras. Durante seis mandatos sucessivos, de 1936 a 1943, Nestor Egydio de Figueira mantém-se na presidência do IAB, encerrando a fase dos presidentes fundadores e abrindo campanha pela eleição de grandes nomes da arquitetura.

Surge a estrutura federativa e o IAB político editar

Na primeira metade da década de 40 surgem os primeiros departamentos estaduais do IAB, transformando a entidade até então centrada no Rio de Janeiro em uma estrutura federativa. Os primeiros departamentos foram os de Minas Gerais e de São Paulo, criados em 1943.

Se, em 1931, a entidade tinha como foco a defesa da arquitetura contemporânea, em 1944, manifesta-se abertamente pelo fim da ditadura Vargas, pela anistia geral, pela libertação dos presos políticos e pela convocação de uma Assembleia Constituinte, relacionando, portanto a prática profissional às questões políticas mais abrangentes.

Antes disso, em 1939, vem à tona a discussão se o IAB seria ou não transformado em sindicato, o que acabou não indo adiante.

O primeiro presidente fora do grupo dos 27 fundadores é Paulo Camargo de Almeida, que sonha com a conquista de uma sede para o IAB. A mesma meta foi incorporada pelos seus sucessores, Firmino Fernandes Saldanha e Milton Roberto. Este último, descrente das promessas governamentais de uma sede para o instituto, passa a buscar uma solução própria junto aos associados.

A importante criação do COSU editar

Em 1956, no mandato de Ary Garcia Rosa, é finalmente criado o Conselho Superior do Instituto de Arquitetos do Brasil, o COSU, integrado por representantes de todos os departamentos estaduais e ex-presidentes.

Ao COSU, cabe traçar a política do IAB e eleger a Diretoria Nacional. Define-se, assim, a estrutura federativa do instituto. Os mandatos de Ary Garcia Rosa coincidiram também com o governo Juscelino Kubitschek e sua proposta de mudança da capital da República para o coração do Brasil.

O seminário do Quitandinha editar

O IAB envolve-se diretamente no concurso para a criação da nova capital. A arquitetura brasileira transcende os limites do país (vinte e sete anos depois de sua criação, Brasília seria incorporada ao Patrimônio da Humanidade). O Instituto continua sua luta pela reformulação da regulamentação profissional, ao mesmo tempo que discute amplamente os mais variados temas ligados aos destinos do desenvolvimento brasileiro.

É eleito o primeiro presidente oriundo de um departamento estadual, o arquiteto Ícaro de Castro Mello, de São Paulo. Sob sua gestão, o IAB desenvolveu ações de grande repercussão para a categoria. A organização do Seminário de Habitação e Reforma Urbana, em julho de 1963, no Hotel Quitandinha, em Petrópolis, no Estado do Rio, é o ápice do momento.

A revista Arquitetura (1961-68), editada no Rio de Janeiro, é o principal veículo que homogeneíza o pensamento da categoria. No plano internacional, Flávio Léo da Silveira é eleito vice-presidente da União Internacional de Arquitetos (UIA). Nessas e em inúmeras outras ações de importância equivalente, o IAB mostra-se pronto a apresentar a contribuição da categoria ao país.

Mesmo após abril de 64, quando os militares assumem o poder, cabe ao IAB desenvolver uma intensa e acirrada campanha contra o Banco Nacional de Habitação (BNH), inicialmente sob a gestão de Ícaro e depois sob a gestão de Fábio Penteado, que assumiu a presidência do IAB em 1966.

No final dos anos 60, somavam-se à questão habitacional os problemas urbanos decorrentes do desenvolvimento na década anterior – tudo isso no contexto da luta contra invasão do capital multinacional, que traz reflexos diretos no exercício profissional.

O ano de 1968 tem AI-5, e no IAB, os pequenos departamentos rebelavam-se contra o que se denominava hegemonia do eixo Rio – São Paulo, que não permitia uma participação mais efetiva das unidades com menor número de associados. Uma chapa de associados de vários Estados, tendo à frente Eduardo Kneese de Mello, é eleita, dando início à fase de transição do poder central para a estrutura federativa da entidade. Essa importante transformação no processo decisório da entidade não se faz sem grandes sacrifícios, sobretudo pela direção nacional lidar ainda com a repressão e seu “milagre brasileiro”.[2]

A explosão contra a repressão editar

 
Edifício dos Arquitetos, a sede baiana do IAB, localizada em Salvador

Em 1970, Benito Sarno, da Bahia, sucede a Kneese de Mello. São realizadas, na gestão de Sarno, as reformas estatutárias que atualmente modelam o IAB: a definição do COSU como órgão máximo deliberativo e a obrigatoriedade de eleições baseadas em plataformas elaboradas por departamentos, e não mais simplesmente por nomes.

Em 1972, Miguel Alves Pereira sucede a Benito Sarno, com quem havia trabalhado estreitamente na reformulação do IAB, levando a sede nacional para Brasília e, de lá, inicia o processo de implantação da estrutura federativa e democrática da entidade. As reuniões semestrais do COSU passam a ser realizadas em diversas capitais do país, o que permite uma maior e mais intensa participação dos associados e dos departamentos, fortalecendo a entidade e sua atuação a nível interno, nacional e internacional.

Nesse momento, por força do acordo MEC-USAID, proliferam as escolas de arquitetura, enquanto a categoria sofre grandes transformações: o antigo profissional liberal, em seu pequeno atelier, perde espaço ou se integra a uma enorme massa de assalariados e, com o correr do tempo, numa massa de desempregados ou subempregados.

Nos anos 70, o país vive sob o véu da repressão. A América Latina está nas casernas. Miguel Alves Pereira é reeleito e, durante os cinco anos de sua gestão à frente do IAB, surgem os diversos sindicatos de arquitetos. Deve-se a Pereira a criação da ABEA – Associação Brasileira de Escolas de Arquitetura, entre outras realizações.

O IAB passara por um largo período voltado para si mesmo, em busca de sobrevivência, da reorganização nacional, do repensar a formação e prática profissionais. Volta exuberante, forte, numa ação que transcendeu os limites da entidade e da categoria e atingiu as ruas.

Em 1977 a Diretoria Nacional do Instituto vai para Porto Alegre sob a presidência de Demétrio Ribeiro, cuja plataforma enfatizava uma atuação ainda mais política da entidade. Foi o IAB propondo-se a exercer um papel de esclarecimento, apoio e orientação. Busca conquistar posição de liderança cultural nos assuntos a que lhe são pertinentes, preserva absoluta independência, tenta uma ação conjunta com a comunidade e outras organizações profissionais e culturais e debate temas em busca de respostas à degradação da vida urbana, da herança cultural do povo, da devastação do ambiente natural e da contaminação ambiental.

O arquiteto assume posições em governos editar

A maturidade conquistada na década de 70 vai se refletir nas eleições de janeiro de 1980. A partir de um amplo e democrático debate, o Conselho Superior constrói sua plataforma com a contribuição dos departamentos do Nordeste e elege Fernando Burmeister seu novo presidente, transferindo para o Rio de Janeiro a sede da Direção Nacional.

Com o início da abertura democrática do país, inúmeros arquitetos, defendendo posições da categoria, são chamados a assumir funções em novos governos, eleitos democraticamente. Telmo Magadan assume a presidência da Empresa Brasileira de Transportes Urbanos (EBTU), passando a presidência do instituto ao vice-presidente Antônio Carlos Campelo Costa, do Ceará.

Em 1988 o IAB lança a revista oficial ARQ, distribuída a todos os associados nos estados da federação. Nela são divulgados os trabalhos da entidade, dos arquitetos, analisadas as questões relativas à arquitetura, publicados concursos, cursos, promoções, manifestações e acontecimentos no Brasil e no exterior.

O projeto de um conselho próprio editar

O Brasil vivenciou uma década bastante acalorada. Impeachment do ex-presidente Fernando Collor, inflação a 81% ao mês (1990), Encontro Mundial para o Meio Ambiente (ECO 92), entre outros fatos marcaram esse período. Na arquitetura brasileira, houve a reunificação das entidades nacionais dos arquitetos (IAB, FNA dos Sindicatos, ABEA, AsBEA e ABAP) em torno de um projeto comum de Conselho próprio.

O Instituto pressionou senadores e partidos político a aprovarem o projeto de lei de criação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo, de autoria do senador José Sarney. Com o apoio dos senadores Eduardo Azeredo (PSDB), Ana Julia Carepa (PT) e Roseana Sarney (PFL), o projeto foi aprovador por unanimidade na Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público (CTASP).

Nacionalmente, a entidade ainda participou de todas as etapas da Conferência das Cidades, arregimentando arquitetos das entidades, do poder público, da academia e de outros setores, assumindo o papel de formador de opinião nas discussões e votações. Também estabeleceu uma sólida parceria com o então Ministro das Cidades, Olívio Dutra, a vice-ministra Erminia Maricato, e os secretários Raquel Rolnik e Jorge Hereda. Posteriormente com o Márcio Fortes, que veio a assumir a pasta do Ministério das Cidades.

O IAB na nova realidade urbana brasileira editar

Velhas lutas vencidas, novos objetivos à vista. A conquista da alforria profissional, tarefa à qual o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) dedicou boa parte de seus esforços por décadas, é alcançada. A gestão da Direção Nacional trabalha, ao lado dos departamentos estaduais, para recolocar em pauta temas essenciais ao arquiteto, à cultura arquitetônica e à própria sociedade.

O IAB dedica esforços a questões como o fortalecimento do conceito e da dimensão cultural do projeto, que é a estrutura da própria profissão, a defesa de políticas públicas que considerem a nova realidade urbana brasileira, com 85% da população nas cidades e um enorme passivo sócio-habitacional, e ainda a retomada da defesa do concurso de projeto para as obras públicas, como um fator de qualificação das cidades e de fortalecimento da cultura nacional.

Lista completa dos ex-presidentes do IAB editar

  • Adolfo Morales de Los Rios (1921 a 1924)
  • Fernando Nereo de Sampaio (1924 a 1928)
  • Cypriano Lemos (1928 a 1929)
  • Adolfo Morales de los Rios Filho (1929 a 1930)
  • Nestor Egydio de Figueiredo (1930 a 1932)
  • Angelo Bruhns (1932 a 1933)
  • Roberto Magno de Carvalho (1933 a 1934)
  • Augusto Vasconcellos Junior (1934 a 1936)
  • Nestor Egydio de Figueiredo (1936 a 1943)
  • Paulo Camargo de Almeida (1943 a 1946)
  • Firmino Fernandes Saldanha (1946 a 1949)
  • Milton Roberto (1949 a 1953)
  • Paulo Antunes Ribeiro (1953 a 1956)
  • Ary Garcia Rosa (1956 a 1960)
  • Ícaro de Castro Mello (1960 1966)
  • Fábio Penteado (1966 a 1968)
  • Eduardo Kneese de Mello (1968 a 1970)
  • Benito Sarno (1970 a 1972)
  • Miguel Alves Pereira (1972 a 1977)
  • Demetrio Ribeiro (1977 a 1980)
  • Fernando Burmeister (1980 a 1983)
  • Telmo Magadan (1983 a 1985)
  • Antônio Carlos Campello Costa (1985 a 1986)
  • Fábio Goldman (1986 a 1989)
  • Miguel Pereira (1989 a 1992)
  • Ciro Pirondi (1992 a 1994)
  • Romeu Duarte Jr. (1994 a 1996)
  • Gregorio Repsold (1996 a 1998)
  • Carlos Maximiliano Fayet (1998 a 2000)
  • Haroldo Pinheiro Villar de Queiroz (2000 a 2004)
  • Demetre Basile Anastassakis (2004 2006)
  • Gilberto S. Domingues de Oliveira Belleza (2006 a 2008)
  • João Virmond Suplicy Neto (2008 a 2010)
  • Gilson Paranhos (2010 a 2012)
  • Sérgio Ferraz Magalhães (2012 a 2017)
  • Nivaldo Vieira de Andrade Junior (2017 a 2020)

Referências

Bibliografia editar

  • BARRA, Eduardo. IAB: 80 anos no Rio de Janeiro. Instituto de Arquitetos do Brasil, Departamento do Rio de Janeiro, 2001.
  • ZANINI, Walter; DA COSTA, Cacilda Teixeira; DE ALBUQUERQUE, Marília Saboya. História geral da arte no Brasil. Instituto Walther Moreira Salles, 1983.
  • ZANETTINI, Siegbert. Siegbert Zanettini: arquitetura, razão, sensibilidade. EdUSP, 2002.

Ligações externas editar