Jack Levine (Boston, 3 de janeiro de 1915 - 8 de novembro de 2010) foi um pintor realista social e gravurista estadunidense mais conhecido por suas sátiras sobre a vida moderna, a corrupção política, a classe média e narrativas bíblicas.[1] Ele é conhecido por unir a tradição artística com as preocupações sociais do presente. Demonstra profundo conhecimento da obra dos mestres antigos, assim como da pintura contemporânea. Com sangrenta sinceridade, ele critica a sociedade "decadente" de seu tempo e de seu país, através de ligações diretas com a arte barroca, o universo de Rouault e os expressionistas. [2] Seu trabalho atualmente encontra-se em exposição em museus como o MOMA [3] ou o Metropolitan Museum [4], ambos localizados na cidade de Nova Iorque.

Jack Levine
Jack Levine
Nascimento 3 de janeiro de 1915
Boston
Morte 8 de novembro de 2010 (95 anos)
Manhattan
Cidadania Estados Unidos
Alma mater
Ocupação pintor, gravador, artista, designer
Prêmios
Movimento estético Realismo social

Segundo palavras do próprio Jack Levine, é função do artista "trazer à luz e atualizar a grande tradição e tudo o seja extraordinário". [5]

Polêmica e fama editar

Interessado na arte de Tiziano, El Greco, Velázquez e Goya em vez de criadores contemporâneos ou de arte abstrata, Levine ficou famoso em 1937 graças a um trabalho seu que critica o poder político de Boston (capital política dos Estados Unidos), chamado "The Feast of Pure Reason". A imagem retrata vários personagens influentes sentados em uma mesa, de rostos inchados e malévolos, enquanto choram pela morte de um mafioso. Esse trabalho foi inicialmente exibido no Museu de Arte Moderna americano, onde causou polêmica e tornou-se objeto de debate. [6]

Entre 1942 e 1945 (durante a ocorrência da Segunda Guerra Mundial), Levine interrompeu sua carreira artística para servir ao Exército americano. A partir desta experiência, em 1946 surgiu outra de suas obras controversas, denominada "Welcome home", uma sátira sobre a arrogância do poder militar dos Estados Unidos. Alguns anos depois, em 1959, a tela ganhou visibilidade quando foi incluída em uma exposição sobre a cultura americana que viajou para Moscou (capital da Rússia). Na época, o presidente do Comitê da Casa sobre Atividades Não-Americanas, preocupado com a polêmica que a obra estaria gerando, organizou uma campanha para tentar removê-la da exposição. No entanto, o presidente Eisenhower se recusou a intervir, e essa confusão catapultou Levine para a fama. [6]

Biografia editar

Jack Levine nasceu em 3 de janeiro de 1915, em Massachusetts. Filho de imigrantes judeus lituanos, ele cresceu na cidade de Boston, onde, segundo relatado no website jacklevine.net, "ele observou a vida da rua, composta por imigrantes europeus, e na qual prevaleciam a pobreza e as doenças sociais", o que também influenciou muito seu trabalho. O Los Angeles Times oferece uma reflexão do pintor de 1952: "Estou fundamentalmente preocupado com a condição do homem. A orientação satírica que escolhi é uma indicação do meu desapontamento com o homem, o que é o oposto de dizer que tenho grandes expectativas de raça humana". [6]

Levine começou a estudar desenho em 1924 na Escola do Museu de Belas Artes de Boston [5], tendo como primeiro professor o artista americano Harold K. Zimmerman. Entre 1929 e 1933, na Universidade de Harvard, foi aluno do pintor Denman Ross, que em 1932 incluiu alguns de seus desenhos em uma mostra do Fogg Art Museum de Harvard. Entre 1935 e 1940, Levine trabalhou na Works Progress Administration, uma agência para oferecer emprego para pessoas desempregadas depois da quebra de bolsa em 1929. [6]

Foi quando viajou para a Europa, em 1951, que ele entrou em contato com o trabalho de grandes artistas, que posteriormente se tornariam seus influenciadores, como El Greco, por exemplo. Dele, Levine copiou a técnica de distorção das formas com um propósito expressivo. Desde sempre uma figura independente, Jack Levine se manteve à margem de grandes grupos e movimentos, optando por desenvolver um estilo muito pessoal. Ainda assim, sua linguagem tem raízes no expressionismo da Escola de Paris, de artistas como Rouault e Soutine. [5]

Quanto ao seu posicionamento político, um ensaio da New York Magazine de 2004 descreve-o como "um esquerdista, mas não um ideólogo". Além da crítica política, durante os anos 80, sua arte também abrangeu temas bíblicos. O trabalho de sua autoria "Cain e Abel" foi inclusive adquirido pelo Vaticano em 1974. [6] Além disso, Levine também pintava retratos. [5]

Jack Levine morreu dentro de sua casa em Manhattan, Nova Iorque, em 8 de novembro de 2010. Na época, tinha 95 anos de idade. [6]

Referências

  1. «Jack Levine, a Painter Who Twinned Realism and Satire, Dies at 95» (em inglês) 
  2. Prampolini, Ida Rodríguez (2006). El arte contemporáneo: esplendor y agonía (em espanhol). [S.l.]: UNAM. ISBN 9789703228577 
  3. «Jack Levine | MoMA». The Museum of Modern Art (em inglês). Consultado em 23 de setembro de 2017 
  4. «Collection». The Metropolitan Museum of Art, i.e. The Met Museum. Consultado em 23 de setembro de 2017 
  5. a b c d Chilvers, Ian (2001). Diccionario del arte del siglo XX (em espanhol). [S.l.]: Editorial Complutense. ISBN 9788474916003 
  6. a b c d e f País, Ediciones El (22 de novembro de 2010). «Jack Levine, pintor del realismo social americano». EL PAÍS (em espanhol)