Juvêncio de Araújo Figueiredo

Juvêncio de Araújo Figueiredo (Nossa Senhora do Desterro, 27 de setembro de 1865Florianópolis, 6 de abril de 1927) foi um poeta simbolista brasileiro. Seus trabalhos numerosos, entre os quais ressaltam Sombras da Noite e Ascetérios, estão esparsos nos jornais da época. Enamorado do mar, das coisas simples, das belezas da paisagem de Coqueiros, bairro onde nasceu e viveu em Desterro.

Juvêncio de Araújo Figueiredo
Nascimento 27 de setembro de 1865
Nossa Senhora do Desterro, Santa Catarina,
Império do Brasil
Morte 6 de abril de 1927 (61 anos)
Florianópolis, Santa Catarina
Nacionalidade brasileiro
Cidadania Brasil
Ocupação poeta, jornalista
Escola/tradição simbolismo
Religião espiritismo

Vida editar

Lenços de saudade
em Praias de minha terra

As praias onde vive e dorme e sonha o mar!
Praias de minha terra, elas são uns regaços
Aos quais a gente atira, ansiosamente, os braços,
Com desejos febris de neles descansar...

Ébrio do resplendor que se derrama no ar,
Nesses longes sem fim, nos profundos espaços,
E vem como um amparo a todos os cansaços,
Eu junto às praias, sinto a alma sempre a cantar.

Pelas praias vivi e delas ainda guardo
Muitas recordações de amores em que ardo,
Quando as cobre da tarde o áureo fulgor do manto...

Ah! numa tarde assim, eu te abracei, amada!
À hora do ocaso, à hora suave, à hora calada,
Com lenços de saudade alagados de pranto.

Nascido de Luiz de Araújo Figueiredo e Florisbella Maria Conceição, em Desterro. Iniciou sua vida como tipógrafo, passando posteriormente a colaborar em vários jornais, tanto de sua terra como de outros pontos do país. Poeta mavioso, teve a honra de fazer parte de um grupo de beletristas, do qual faziam parte Cruz e Sousa, Manuel dos Santos Lostada, Oscar Rosas, Virgílio Várzea, Horácio de Carvalho e outros. Em 1904, escreveu Ascetérios. Logo após produziu alguns trabalhos inéditos, tais como Praias e Novenas de Maio.

No Rio de Janeiro conheceu Olavo Bilac e Raul Pompéia.[1][2]. No seu diário, "No Caminho do Destino"[1], Araújo conta como foram difíceis os 18 meses que morou junto com Cruz e Souza no Rio de Janeiro. Cruz também trabalhava na "Cidade do Rio", na qual Araújo passou a receber como pagamento autônomo, apenas pelo que publicava. Quando Cruz foi dispensado, Araújo se ofendeu e também se desligou do mesmo jornal. Ficaram então os dois desempregados e sem dinheiro. Preocupado com Cruz e Souza, Araújo sem nada dizer, foi procurar José do Patrocínio, outro homem de cor. Esperava encontrar emprego para Cruz e Souza no jornal do Patrocíono, que era diário. Araújo conta que ouviu essa resposta: "Eu não permito que haja outro negro no Brasil que me iguale!"

No exercício de funções públicas, foi secretário do município de São José, em Santa Catarina, Promotor Público da cidade de Tubarão,galgando posteriormente o cargo de secretário da Assembléia Legislativa de Santa Catarina, em Florianópolis. Enquanto Promotor Público aderiu a causa revolucionária contra Floriano Peixoto e chegou a receber o cargo honorífico de "Major" das forças contestadoras.

Também foi um infatigável servidor do espiritismo, sendo patrono do Centro Espirita Juvêncio de Araújo Figueiredo,que leva seu nome[3], devendo-se a ele grande parte dos trabalhos de divulgação em Santa Catarina.

Casou-se com a italiana Maria Conceppta Renzetti, natural de Gênova, com quem teve os filhos Desdêmona, Smyrna, Elzebbad, Antônio, Florisbela, Debbora, Luiz, Conceppta, Dolorata, Maria Conceptta, Zarina, José, Samaritana, Paulo, Maria Cleofas, Cirineu e Pedro[4]. Era tio-avô do Governador Pedro Ivo Campos.

Academia de Letras editar

Foi companheiro e amigo predileto do genial Cruz e Sousa,[2] juntos faziam parte do grupo literário Ideia Nova, e posteriormente, da Academia Catarinense de Letras, onde Araújo Figueredo ocupava a cadeira de número 17, e foi fundador da cadeira número 7[5]

É patrono da cadeira 11 da Academia de Letras de Biguaçu.[6]

Obras editar

  • Madrigais (1888)
  • Sombras da noite
  • Ascetérios (1904)
  • Praias de minha terra (1927)[7]
  • Novenas de maio[8]
  • Filhos e netos[9]

Referências editar

  1. a b «Biografia:Juvêncio de Araújo Figueiredo». santaafrocatarina.sites.ufsc.br. Consultado em 20 de março de 2018 
  2. a b Alves, Uelington Farias (16 de outubro de 2015). Cruz e Sousa: Dante negro do Brasil. [S.l.]: Pallas Editora. ISBN 9788534705806 
  3. «Lei Ordinária 1089 1954 de Santa Catarina SC». leisestaduais.com.br. Consultado em 30 de outubro de 2023 
  4. «Filhos e Netos». www.literaturabrasileira.ufsc.br. Consultado em 30 de outubro de 2023 
  5. «Fundadores - Academia Catarinense de Letras». www.academiacatarinense.org.br. Consultado em 30 de outubro de 2023 
  6. «Academia de Letras de Biguaçu - Santa Catarina - Brasil». www.academiadeletrasdebiguacu.com.br. Consultado em 20 de março de 2018 
  7. «Praias de minha terra, de Juvêncio de Araújo Figueredo». www.literaturabrasileira.ufsc.br. Consultado em 20 de março de 2018 
  8. «Novenas de maio, de Juvêncio de Araújo Figueredo». www.literaturabrasileira.ufsc.br. Consultado em 20 de março de 2018 
  9. «Filhos e netos, de Juvêncio de Araújo Figueredo». www.literaturabrasileira.ufsc.br. Consultado em 20 de março de 2018 

Fontes editar

  • JUNKES, Lauro (Org.). Praias de Minha Terra e Outros Poemas de Juvêncio de Araújo Figueredo. 1'. ed. Florianópolis: Academia Catarinense de Letras, 2009. v. 1. 408p .
  • GODOY, Paulo Alves; LUCENA, Antônio. Personagens do Espiritismo (2ª ed.). São Paulo: Edições FEESP, 1990.
  • Mazurana, Sueli T. Mazzucco. No Caminho do Destino - memórias de Araújo Figueredo.
  • Alves, Uelington Farias (16 de outubro de 2015). Cruz e Sousa: Dante negro do Brasil. [S.l.]: Pallas Editora. ISBN 9788534705806


Precedido por
Duarte Paranhos Schutel
(patrono)
  ACL - Fundador da cadeira 17
Sucedido por
Francisco de Oliveira e Silva
Precedido por
-
ALB - Patrono da cadeira 11
Sucedido por
Vilma Bayerstorff