Lojas Hermes Macedo

 Nota: Este artigo é sobre uma extinta varejista brasileira. Para a marca de roupa sueca, veja Hennes & Mauritz ou H&M.

As Lojas Hermes Macedo, ou simplesmente Lojas HM, foi um grupo empresarial que por muitos anos liderou o comércio varejista do Brasil, com centenas de lojas no país e sede no município de Curitiba, no estado do Paraná.[1][2]

Lojas Hermes Macedo
Lojas Hermes Macedo
Razão social Lojas Hermes Macedo S/A
Empresa de capital fechado
Slogan Do Rio Grande ao Grande Rio
Atividade Varejista
Fundação 1932
Fundador(es) Hermes Macedo
Encerramento 1997
Sede Curitiba, Paraná
Pessoas-chave Hermes Farias de Macedo

Início editar

Em 1932, aos dezoito anos de idade, o empresário Hermes Farias de Macedo criou em Curitiba a "Agência Macedo", um estabelecimento comercial especializado em autopeças usadas para caminhões. Numa época em que era difícil encontrar estes materiais de reposição, Hermes e seu irmão Astrogildo anunciavam nos jornais o interesse na compra de veículos de segunda mão, que posteriormente desmontavam e revendiam em partes.

Com o sucesso do negócio, passaram a importar peças novas dos Estados Unidos, um feito inédito.

No ano de 1936, a segunda loja foi aberta no centro de Curitiba, num ponto considerado estratégico. Ali foi iniciada a venda de bicicletas francesas e eletrodomésticos, que começavam a chegar ao Brasil. Em 1942, a terceira unidade iniciou suas atividades em Ponta Grossa. Dois anos depois, foi adquirido um grande prédio na capital paranaense, que pertencia às Indústrias Matarazzo, onde instalaram sua maior filial e aproveitaram o grande espaço para diversificar ainda mais sua linha de vendas. Comentava-se que muitos paranaenses conheceram certos produtos por meio das Lojas Hermes Macedo.[3][4]

Expansão editar

Até o final da década de 1940, novas filiais foram abertas nos municípios de Londrina e Maringá. Nos anos 1950 decidiram expandir suas atividades para os outros estados do Sul. Em 1957, partiram para São Paulo e inauguraram uma loja de dez andares na Avenida São João, então uma das mais importantes ruas comerciais da capital paulista, planejando concorrer com grandes grupos, como Mappin e Sears.

A partir de então centraram foco em lojas de departamentos, oferecendo confecções, presentes, eletrodomésticos, artigos de cama, mesa e banho, náutica, som, materiais para pesca, pneus e outros.

Enquanto investia em novos formatos, a atividade original, ligada à revenda de peças, acessórios e prestação de serviços automotivos era aos poucos direcionada para unidades específicas. Com o passar dos anos foram criadas concessionárias de veículos das marcas Chevrolet e Ford, como também os Centros Automotivos HM, cujo slogan era "Pneu carecou, HM trocou."[5][6]

Na década de 1960, o processo de expansão foi acelerado com a abertura de unidades nos principais municípios do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro, chegando a trinta e uma lojas. Nesse período o grupo adotou o bordão "Do Rio Grande ao Grande Rio."[7]

Consolidação editar

As Lojas Hermes Macedo contavam com grande estrutura e áreas amplas, sempre bem cuidadas. Suas fachadas eram alvo de constante renovação. Uma das maiores atrações em épocas de Natal era a decoração das unidades, que não se limitava às vitrines, mas também ruas e avenidas próximas, com desfiles alusivos e a chegada do Papai Noel.

O marketing era agressivo, com patrocínios e propaganda nas emissoras de TV e rádio, como também anúncios de página inteira nos principais jornais. Várias vezes ao ano sorteava entre seus clientes inúmeros brindes, como automóveis novos.[8]

Auge editar

Nos anos 1980, a Hermes Macedo comemorou seu cinquentenário, entregando aos funcionários mais antigos uma medalha alusiva, na qual foi estampada em alto relevo a marca de 180 lojas distribuídas pelos estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro.

O desenvolvimento dos negócios transformou um pequeno comércio de acessórios de automóveis em um grande conglomerado denominado Grupo HM, formado pela Alfa Serviços de Crédito e Informática, Mercúrio Propaganda, HM Náutica, HM Financeira (mais tarde transformada em Banco HM), concessionárias de automóveis e de motocicletas, Auto Center HM e outras empresas de apoio.

Nessa década as Lojas Hermes Macedo passaram a liderar o varejo brasileiro, deixando para trás concorrentes como Casas Pernambucanas, Mesbla, Lojas Muricy e Lojas Americanas. A Revista Exame a situou em 33° lugar no ranking das 500 maiores empresas privadas nacionais por vendas, no início da década de 1980.

Em 1988 foi inaugurada a Loja Garcez, num antigo e suntuoso edifício no centro de Curitiba, reformado e configurado para sediar a segunda rede do grupo, direcionada ao público das classes A e B.[9]

Declínio e falência editar

No inicio da década de 1990, uma série de fatores prejudicou os negócios. Havia uma grande crise econômica, o Plano Collor derrubou as vendas, além disso, a morte da esposa de Hermes Farias de Macedo acirrou disputas familiares e colocou a empresa de 285 lojas em declínio.

Somando-se a isso, concorrentes como C&A, Casas Bahia e Riachuelo ajudaram a complicar a situação financeira, que culminou num pedido de concordata, em 1995. Nesse mesmo ano, já com seu fundador falecido,[10] um acordo foi alinhavado com as Lojas Colombo, no qual a Hermes Macedo cedia seu estoque de mercadorias, permitindo que utilizasse as suas instalações e o corpo de funcionários em troca de comissão. No entanto, tais ações não surtiram efeitos e sua falência foi decretada em 1997, encerrando-se ali uma história de 65 anos.[11][12][13]

Referências

  1. Rios, Cristina (13 de julho de 2014). «Leilões movimentarão R$ 300 milhões». Gazeta do Povo. Consultado em 30 de maio de 2018 
  2. «Nos tempos das lojas Hermes Macedo | Pioneiro». GZH. 27 de janeiro de 2022. Consultado em 15 de setembro de 2022 
  3. Bertoldi, Andréa (13 de fevereiro de 2008). «Lojas tradicionais ficam no coração curitibano». Folha de Londrina. Consultado em 30 de maio de 2018 
  4. «Expresso da História: uma potência varejista». O Expresso. Consultado em 15 de setembro de 2022 
  5. «Pneu carecou HM trocou: uma trajetória do varejo no Paraná — Página Inicial» (PDF). www.ufrgs.br. Consultado em 30 de maio de 2018 
  6. «Expresso da História: uma potência varejista». O Expresso. Consultado em 15 de setembro de 2022 
  7. Vicente, Marcos Xavier. «10 marcas curitibanas que acabaram». Gazeta do Povo. Consultado em 15 de setembro de 2022 
  8. «Como era mágico o Natal da Hermes Macedo | Haus». Haus. 20 de dezembro de 2016 
  9. Grupo Marketing de Varejo - 2009
  10. «Hermes Farias de Macedo, empresário. Fundador do grupo que leva seu nome.». Consultado em 7 de julho de 2015 
  11. Morales, Pedro Paulo (3 de junho de 2013). «Lojas Hermes Macedo - as gigantes do varejo no Paraná.». Falando de Gestão. Consultado em 30 de maio de 2018 
  12. Vicente, Marcos Xavier (24 de outubro de 2017). «10 marcas curitibanas que acabaram». Gazeta do Povo. Consultado em 30 de maio de 2018 
  13. Londrina, Folha de (10 de abril de 1997). «Juiz decreta a autofalência da HM | Folha de Londrina». www.folhadelondrina.com.br. Consultado em 15 de setembro de 2022