Luana de Noailles

modelo brasileira

Luana de Noailles (Salvador, 23 de novembro de 1949), é uma empresária e ex-modelo brasileira das décadas de 60 e 70. Foi a primeira modelo negra do Brasil, tendo feito muito sucesso internacionalmente para marcas como Paco Rabanne, Chanel e Dior.[4]

Luana de Noailles
Nome completo Raimunda Nonata do Sacramento[1][2][nota 1]
Nascimento 23 de novembro de 1949 (74 anos)
Salvador
Bahia Bahia
Nacionalidade França Brasil Franco-brasileira
Etnia afro-brasileira (negra)
Altura 1,76[4]
Cônjuge Conde Gilles de Noailles (1977–1979)[nota 2]
Carreira como modelo
Cor do cabelo pretos
Cor dos olhos pretos

Primeiros anos editar

Nascida no bairro do Curuzu e criada na Liberdade,[2] em Salvador, Luana é filha de Manuel do Sacramento e de Antonieta de Jesus Santos.[1] Na infância, estudou em colégio católico.[4]

Carreira editar

Luana de Noailles começou com modelo desfilando para eventos e feiras de moda em Salvador, Bahia, apadrinhada pelo estilista Di Carlo, época em que ainda era apelidada «Rai».[2] Aos dezesseis anos e ainda na Bahia é descoberta por uma equipe de olheiros da Rhodia, que queriam uma modelo «negra como Pelé»[nota 3] e se admiraram com sua beleza e estatura, Luana torna-se modelo dessa poderosa marca, patrocinadora da Fenit.[3]

Ainda no Brasil, encanta o estilista Paco Rabanne, de visita à Fenit,[3] o qual a convida para ser sua modelo.[4][3] Então, em 1967, aos dezessete anos, ela chega à Europa, onde se instala inicialmente na Itália, indo, pouco depois, viver sozinha no quinto andar do hotel d'Harcourt, em Paris, já contratada pela agência de Catherine Harley.[4] A partir daí, passa a desfilar para as mais importantes grifes do mundo, como Yves Saint Laurent, Paco Rabanne e Christian Dior, e vira um mito no mundo da moda, quase quinze anos antes de Naomi Campbell.

Em entrevista à mídia francesa, Luana declarou como fez para se integrar à nova vida na França sem falar nem compreender o idioma local:

Foi terrível, fiquei em pânico, mas depois, como de costume, reagi. E durante meses fui todos os dias comprar meu fiel 'professor de francês': o [jornal] France Soir![4]

Sobre a ex-modelo, Paco Rabanne declarou em entrevista:

Foi em São Paulo que eu a vi e a convidei, mas no momento em que ela exprimiu o desejo de vir trabalhar em Paris eu a dissuadi. No ramo da moda eu sabia dos problemas que ela enfrentaria por sua cor: os negros não estavam na moda na época. Quando voltei a Paris, ela apareceu e participou de minha primeira coleção, e o sucesso foi imediato! (...) Rapidamente, Luana se torna uma estrela. A seu charme natural se junta o ritmo da dança. De fato, graças à música que ela se destacou. A partir do momento que sonorizei meus desfiles, ela se destacou das outras, era uma dançarina incomparável. Além do mais, ela ficava à vontade em todo lugar e em todas as circunstâncias. (...) A partir de então, ficou impossível apresentar uma coleção sem uma modelo negra.[4]

«Luana da Bahia», como seria carinhosamente chamada na moda, abriu o caminho da beleza étnica ao desfilar na década de 70 para os mais renomados estilistas do mundo.[5]

Vida pessoal editar

Casamento nobre editar

Em 29 de outubro de 1977, Luana se casa com o conde Gilles de Noailles, membro de uma das famílias mais aristocráticas da França, tornando-se a «Condessa de Noailles»..[2][1][6] Após o casamento, finaliza sua trajetória como manequim e tem um filho, Matthieu, no início da década de 1980.[4]

Sobre seu casamento, o estilista Paco Rabanne declarou:

Fui testemunha de seu casamento com [o conde] Gilles de Noailles, no castelo da família. De um lado, uma família rígida; do outro, brasileiros exuberantes. No meio disso, Luana, sem nenhum deslumbramento. Na sala de recepção... uma feijoada.[4]

Com dupla cidadania, a ex-modelo atualmente vive em Paris.

Homenagem editar

Em 1982 a trajetória de sucesso de Luana chamou a atenção de Joãosinho Trinta, ao escalar os nomes dos homenageados para o enredo «A grande constelação das estrelas negras», que rendeu o título para a Beija-Flor em 1983.[7]

Notas

  1. Algumas fontes afirmam que seu nome de batismo seja Simone Raimunda Nonata do Sacramento.[3]
  2. O sobrenome Noailles pronuncia-se [nɔaj] («nó-ai»).
  3. Pelé acabara de brilhar na copa de 1966

Referências

  1. a b c MARTIN, Georges (2002). Histoire et généalogie de la maison de Polignac. [S.l.]: G. Martin. 250 páginas 
  2. a b c d MARIANI, Gustavo (2 de setembro de 2013). «A condessa da Bahia» (PDF). Jornal de Brasília. Consultado em 17 de março de 2014 
  3. a b c d CORREA, Suzamar; SANTOS, Robson (2012). «Modelo negra e comunicação de moda no Brasil». Revista Intercom. Consultado em 17 de março de 2014 
  4. a b c d e f g h i JUMEZ, Jean-Pierre (1998). «La reine aux mille facettes». Jumez.com. Consultado em 17 de março de 2014 
  5. CARVALHO LUZ, Ana Maria de (2002). Quem faz Salvador?. [S.l.]: Universidade Federal da Bahia, Pró-Reitoria de Extensão. 348 páginas 
  6. TIEL, Vicky (2011). It's All About the Dress: What I Learned in Forty Years About Men, Women, Sex, and Fashion. [S.l.]: Macmillan. 304 páginas. ISBN: 9781429987042 
  7. Rixa Jr (31 de dezembro de 2010). «Dez homenagens a personalidades vivas no carnaval». Portal Sambario. Consultado em 17 de março de 2014 
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